Faculdade de Medicina da UFRGS

O Prof. Ulisses de Nonohay

Ulisses de Pereira Nonohay, nasceu em Porto Alegre em 09 de julho de 1882, e faleceu no Rio de Janeiro em 24 julho de 1959 com 77 anos. Filho de João Pereira de Nonohay (Barão de Nonohay) e de Amélia Martins Pereira. Estudou nos colégios: Livia Fontoura e Margarida das Dores em Santa Maria. Em Porto Alegre na Escola Brasileira e Ginásio São Pedro. Ingressou na Faculdade de Medicina em 1900. Médico em 1906, com os seguintes colegas: Antonio Castro Pinto, José Hecker e Julio Hecker. Foi diretor do Posto Experimental do Ministério da Agricultura de Porto Alegre, Chefe do Serviço de Profilaxia da Lepra e Doenças Venéreas do DNSP. Médico especialista em sífilis e doenças venéreas. Foi catedrático da Faculdade de Medicina onde lecionou Clinica Dermatológica e Sifiligráfica. Diretor da Revista dos Cursos da Faculdade de Medicina. Redator da Gazeta do Comércio. Foi Membro da Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. Tambem da Sociedade de Medicina de Porto Alegre e da Sociedade Brasileira de Tuberculose Rio de Janeiro, e da Sociedade de Dermatologia Brasileira e de Congressos em Buenos Aires e Córdoba na Argentina. Inaugurou o famoso IX Congresso Médico Brasileiro em Porto Alegre em 1926, falando sobre a Tuberculose sob seus aspetos humanos, biológico, Social e Médico. Em 1941 falou sobre "Profilaxia da lepra no RGS". Escreveu uma série de cronicas para o jornal "A Federação" "Travesseiros e infeções. Novos idéais sobre o contágio e a profilaxia das infecções respiratórias" E "Novos aspectos da medicina social e do saneamento". Nicanor letti. site: nicanor.ledtti@terra.com.

Funeral de Sarmento Leite- Fala de Rubens Maciel

Sarmento Leite faleceu em 25 de abril de 1935. O caixão mortuário foi colocado frente a escadaria interna do prédio. Ali o quartanista Rubens Maciel, em nome dos estudantes pronunciou as seguintes palavras:

Professor Sarmento, nosso grande mestre e grande amigo: Para dentro ainda os umbrais desta Faculdade, feita grande com a grandeza de seu devotamento; neste mesmo sitio em que parece perpassar ainda, acurvada peloss anos, a sua figura querida: trazidos de todos os cantos pela imensidade do pesar comum, os seus alunos se reunem e calam, para ouvir a sua última lição. Repare bem: vieram todos. Mesmo os que vinham pouco. Mesmo os que não vinham quase. Até os que não vinham mais. De perto,desprezando canseiras, esquecendo compromissos, deixando de lado por mesquinha, qualquer preocupação para que não fosse a de ouvi-lo. Iniciados que o medo ensaiam os primeiros passos, sob as naves magestosas do templo hipocratico; e mestres conhecedores dos segredos da arte, encanecendo já na luta pelo Bem. Vieram todos. Porque esta é a sua aula de encerramento do curso, e esse curso se conta por vinte anos de diretoria, 36 de magistério e toda uma vida de abnegação e de sacrificio. E juntos, em silencio, buscando enxergar por entre o nevoeiro de lágrimas, eles procuram compreender a maior de suas lições: aquela que não mais se indagam os segredos da Vida, mas se encara e sente a grandeza da Vida. Rodeado de homenagens as maiores que organizar se pôde, mas que ficam muito aquém do seu merecimento e do nosso desejo, sob a guarda carinhosa de uma Escola onde as hierarquias se apagaram, irmanados os corações no mesmo sofrimento; cercado pelo que a classe médica e a sociedade tem de melhor e mais fino, Sarmento Leite repousa no seu caixão mortuário. Não foi potentado. O cargo de diretor, a que se deu inteiro vinte anos de sua vida, não lhe traziam a possibilidade de merces e favores, com que comprar a estima fácil e a gratidão barata. Não foi um argentário. Nas ruas em que deslizam os automóveis de luxo, pouca gente notaria o passo tardo do velho senhor, trajando modestamente a sua roupa surrada e saindo cedo para chegar a tempo. Não foi um demagogo. Na sua linha de conduta não havia lugar para a encenação de grandeza, com que se pagasse, na administração da massa, das agruras do caminho. Foi um simples, foi um pobre, foi quase um ignorado. Tinha todas as condições dos que passam sem ruido, e no entanto seu enterro é uma consagração. Onde o motivo, onde o porque desta exceção? Lição admiravel e única, profunda pela significação e majestosa pelo ensinamento. O milagre da bondade e do despreendimento; da coragem e da decisão; da simplicidade e do afeto. A história simples e sublime do Mestre entre todos insigne, que viveu ensinando e que ensinou vivendo. Sarmento Leite foi o mais puro o mais nobre e o mais desinteressado dos amigos desta Faculdade. Diretor vinte anos, em épocas em que a vida da Faculdade exigia luta com o Poder Público, ele jamais titubeou em arriscar seu bem-estar e sua vida, desde que se tratasse do futuro da sua Escola. Nunca teve limitação de horário, nem se prendeu a atribuições de cargo. Trabalhava sempre e trabalhava em tudo. Foi bem-feitor desta Faculdade, e o malfeitor de si mesmo. E foi, tambem, o grande e sempre atento amigo dos alunos. Conhecia-os um por um, e somos quase quinhentos. A toda hora em todo o lugar, havia junto de si um caminho desimpedido por onde um aluno se aproximasse. Todas as petições tinham o seu interesse e todas as situações o seu conselho. Vinte anos apresentou relatorios da direção, e vinte anos, nesse relatorio, as faltas dos alunos foram representadas por uma página em branco. Como tesoureiro, exigia, como diretor perdoava: e houve, muitas vezes, na magreza do seu orçamento, cortes a fazer para pagar as liberdades do coração. E nunca pensou em recompensa. Incomodavam-no os elogios. Era bom com naturalidade dos que o são por natureza e sem esforço. Quando se agitam neste mare magnum que, disse-o insigne mestre, é hipertrofia dos direitos, ele continuou sempre na observância estóica do que considerava deveres. E, chegada sua hora, morreu como vivera: sereno, com equilibrioo e a tranquilidade dos que não tem crimes. Senhores: se toda a boa causa, como às vezes parece, traz consigo a crueldade de exigir uma vitima, pensando no presente e no futuro de nossa Escola, e no que ela custou de labores e desgostos, que envelhecem e matam, creio que estamos todos de acordo em que repousa neste esquife, galvanizado por uma vida inteira de luta, o despojo venerando do Grande Sacrificio. Velho Satrmento, como nós te chamavamos: perdoa se a palavra foi fraca, porque o sentir foi grande, e não houve calma para cuidar da forma. Os teus alunos que, com dever-te a Faculdade, vida em fora, hão de guardar aceso à tua lembrança e a lição de Beleza Moral que tu nos deste. Velho Sarmento, adeus. Nicanor Letti. site:nicanor.letti.com/

Prof. Alvaro Barcellos Ferreira


O professor Alvaro Barcellos Ferreira nasceu em Porto Alegre em 25 de setembro de 1906 e faleceu em 8 de outubro de 1978. Após os preparatórios da época, ingressou na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre em 1922. Foram seus colegas de estudos: Antonio Xavier da Rocha, Bruno Attilio Marsiaj, Clodoaldo Brenner, Dirceu de Carvalho Pereira, Elpidio Bañolas, Érico Poester Peixoto, Ernesto Di Primio Beck, Fernando Ortiz Schneider, Heitor Silveira, Ilo Marino Flores, Isnard Poester Peixoto, Ivo Arnaldo Cunha de Oliveira, João Luchsinger Bulcão, José Candido Borba Lupi, José Guedes Luiz Lupi, José Henrique Barros de Araujo, Kant Keen de Lima, Mauricio Infantini Filho, Paulo Krieger, Pedro Sander e Velocino Pereira Lima. Foi paraninfo da Turma o Professor Serapião Mariante. Após a formatura esteve dois ou tres anos trabalhando como Clinico Geral em Antonio Prado, cidade da serra gaúcha, onde casou com uma moça da famúlia Grazziotim. Trabalhou junto no Hopital de Dr.Oswaldo Hampe. Em 1933, já em Porto Alegre-fez exame de Docência-Livre, sendo aprovado com distinção. No ano de 1934, a Faculdade abriu concurso para a cátedra de Clinica Propeudica Médica. Inscreveram-se para o concurso os Drs. Alvaro Barcellos Ferreira e o Dr. Fernando Lartigau. A banca foi composta pelos seguintes professores: Aurélio de Lima Py, Jacinto Gomes,Plinio da Costa Gama, Fabio de Barros e Eduardo Sarmento Leite Filho. Foi escolhido e aprovado o prof. Alvaro Barcellos Ferreira. E iniciou seu trabalho na Enfermaria 37, onde recebeu inúmeros estudantes e organizou um sistema propedeutico notavel. Foram seus assistentes: O docente Ary Barcellos Ferreira, Tenack Wilson de Souza, Apollo Correa Gomes e outros. Em 25 de setembro de 1944, Alvaro Bardellos aceita a transferencia para a Cadeira de Clinica Médica, na vaga pela aposentadoria do Prof. Aurélio de Lima Py, aprovada pela congregação baseada em parecer dos professores Raul Pilla e Celestino Prunes. Desde então, Alvaro escreveu "Lições de Clinica Médica" Livraria do Globo e "Propedeutica Respiratória" em 1942, El Ateneu de Buenos Aires. Ele foi paraninfo a turma de 1954. Como diretor da Faculdade nos anos que se iniciaram a transferencia para o Hospital de Clinicas, Alvaro Barcellos Ferreira exigiu que a direção fosse para o Clinicas. A primeira diretoria do Hospital queria adiar, mas Barcellos se instalou numa pequena sala do segundo andar sem muito apoio dos primeiros mandatários, nenhum era catedrático, todos eram assitentes. E lá ficou. Nicanor Letti - site nicanor.letti@terra.com.