Faculdade de Medicina da UFRGS

O Coronel Falcão

A cortina que envolvia a personalidade de Aureliano de Figueiredo Pinto foi descerrada no "Coronel Falcão" e seu ego lá esta cheio e completo. Encontramos um estancieiro anti-estancia, um politico anti-politica, um chefe anti-chefia e um administrador anti-administração.
A simplicidade das comunidades interioranas , com seus dramas economico-sociais, descreve-as com riqueza e conhecimento. Como médico ao apalpar um ventre em busca de alguma patologia recondita. Disseca a alma do politico local, amarrada, mutilada e serviente ao poder central. O massacre do mandonismo do coronel do interior "encalacrado" no Pelotense ou no Provincia, ele o demonstra clara e plenamente, na crise do preço do gado, apos a Primeira Guerra Mundial uma das causas economicas da Revolução de 1923. Desmentindo "in limine" alguns historiadores, que flanam argumentos no sentido de provar que 23 teve somente causas politicas. Castilhos e Borges eram homens da pecuária, mas não tinham apoio dos pecuaristas. A evolução politica, no inicio subserviente, ridicula, como na visita ao Chefe na Capital, transborda apos para a ação social, firme e resoluta, ao descrever a retirada da estancia, da peonada fraterna de muitos anos, devido ter sido hipotecada. Encontramos o homen por inteiro em sua obra sem recorrer a outras fontes. O cvoronel estancieiro transforma-se pelo embate economico, pela vivencia com a sofrida ralé, em m coronel social. As causas da favelização do homen dio canpo, iniciada na época ocasionando o acotovelamento desta massa ao redor das cidades, foram analisadas topografica e descritivamente por Aureliano. A identificação de seu descalabro economico coma polulação inerme é que o diferencia de Cyro Nartins, com seu "João Guedes", enquanto este se mantem a destancia , Aureliano vive, sofre e chafurda com o povo. Sua vitoria psiquica, sua simplicidade franciscana, espraia-se na riqueza vocabular, acompanhando o peão que irá se petebetizar no suburbio da cidade. A corticalização de suas sensações é uma façanha inedita em todo o livro, humaniza des a "chinoca" do Barroso até a figura do hoteleiro chamando os politicos de "bobaiões. Ou sua paixão. Fui rolando no abismo daqueles olhos verdes como um pedaço de cortiça, levado pela correnteza. Aureliano é o Dionélio Machado rural que estava faltando em nossa literatura. Na vivencia do drama campeiro consegue parar e pensar, e limpando a area das soluções rocambulescas, conclue racionalizando; "só agora tenho a visão nitida de quantas felicidades a quantos seres humanos poderão advir da subdivisão do meu estado pastoril. E eu até agora a encalacrar-me, a amar , a politicar como um paspalhão". A auto-analise fria e realistica permite a saida social. Enquanto que o oligarca portugues ou os barões do segundo império, enriqueciam pela força do braço escravo, apresentando ao mundo e ao seu Deus, a Casas Santas para a ralé, o estancieiro consciente via a solução na divisão da terra. Na zona colonial do estado não encontramos Santas Casas de nossas cidades da fronteira, locais de depósito dos trabalhadores exaustos e das esmolas do patriciado rural. Até hoje estes hospitais refletem a imagem obsoleta de uma caridade custosa e obsoleta mas era e é o alisio refrescante da riqueza rural. É fundamental para nossa sociologia historica o reconhecimento que Aureliano realiza, como homem de formação universitaria e humanistica integral, da divisão da terra, pois sua obra foi escrita ha mais de 5o anos. As cassandras talvez novamente afirmar que a peeonada não possui e nem possuia "know how" para serem proprietarios. A vberdade é que o pastoreio é diferente do amanho. Desde que os filhos de Loyola ensinaram o fundamental no trato com o gado, o gaucho é o operario ideal no cuidado dos animais. Antigamente manejava a creolina e a faca na cura da "bicheira", como hoje obedeceria ao veterinario , saberia inseminar com pericia e compraria os remedios modernos. Como Aureliano demonstra nunca lhe foi dada a oportunidade de ser proprietário no sentido lato do termo. A ujltima luta pela terra no RGS foi a de Sepe Tiaraju, pois os indios foram conscientizados pelos jesuitas da posse da mesma. Ha muitos anos queria conhecer o verdadeiro nome de Jorge Penna, que na "Provincia de São Pedro. (5:61-66,1946), escreveu: "Memorias economo-politicas do coronel Pedro Bueno". Vejo agora que Pedro Bueno e o Coronel Falcão são a mesma pessoa e Jorge Penna é o pseudonimo de Aureliano.
Este trabalho é uma sintese perfeita da relaçãoo banco-charqueador-frigorifico estrangeiro contra os fazendeeiros.Confirma Aureliano o papel do bancario junto ao atravessador: pelos gerentes os charqueadores sabem quais os fazendeiros estaqueados nas conta-correntes. Então carga nos encalacrados. Adquirindo os gados por uma miseria, estão abertos os preços da safra. E todos tem que sobmeter-se ao formidavel truste. E o charqueador a engordar. Rapidas fortunas de milhares de contos de reis. O fazendeiro, o pequeno produtor a perder dos seus rodeios e de suas pessoas, graxa, sebo, copuro, cabelo e miudos. A peonagem das trtropas e dos saladeiros tem resuzidas suas diarias, porque o boi baixou. Justamente quando o industrial do esta fazendo ouoro do suro alheio. Mais tarde . Alcebiades de Oliveira ao descrever o esplendor e aqueda da Banco Pelotense, com a frieza dos numeros e das estatisticas, coonfirma as observações de Aureliano F. Pinto. Pela profundidade dda analise sociologica, oela riqueza neologistica, pela sintese freuddiana dos personagens, simbolizada no orneio do "Meritissimo" o Coronel Falcão de Aureliano é uma bomba literaria da decada no Rio Grande do Sul e, talvez do Brasil" no dizer de Jose H Darcanal.

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