Depois de passar cinco anos na elevada posição de professor efetivo de uma universidade de ´prestígio, não consigo entender por que os meus ex-colegas da industria encaram com inveja a minha nova ocupação. A maioria deles aplaude a "coragem" que tive de abandonar um cargo lucrativo de executivo, e lamenta não ter fibra para sair da corrida de ratos, em troca dos bosques tranquilos de Academo. Asseguro a esses colegas que sua idéia de juma universidade pouco se parece com a realidade, e a noção de que encontrarão tranquilidade no mundo academico é um completo engano. Não se deve dar ouvidos as historias sobre punhaladas nasádico costas em Madison Avenue.São uma sopa rala em comparação com o caldo de feiticeiras que os professores sabem preparar na atmosfera enganadoramente amena do campus. Em suma o mundo academico pode ser uma selva mais aterrorizante do que a verdadeira selva, onde os predadores matam por uma necessidade natural de alimentar-se. O pessoal academico em ação tem um instinto para atingir a jugular que é movido pela combinação mortifera da ambição implacavel com o puro e simples prazer sádico e malévolo. A demolição de uma tése ou da reputação de um colega consome uma quantidade enorme de tempo e energia que poderia ser dedicada ao cuidado dos interesses próprios ou (pensamento atroz) ao atendimento dos estudantes. Essa selvageria sem remissão é acompanhada por um clima de terror, que se não é produto de uma imaginação neurótica, vem imposto de fora pela constante pressão para completar o doutorado e publicar uma tese, dentro de um limite definido de tempo. Reitera-se com frequencia que o malogro na execução de ambas as tarefas resultará na perda do emprego. Não importa que a vitima seja um professor dedicado. Sem a efetividade (conceito correspodente a nossa antiga cáttedra) não ha segurança e a lei irrevogavel é "para cima ou para fora". A fim de evitar esse holocausto a solução é publicar, seja o que for. Se for consesgujida uma reimpressão pode-se dizer que estamos salvos. Quase tão importante quanto à publicação é ser membro de uma das várias comissões que proliferam por todos os lados. Ha uma comissão para cobrir toda e qualquer possibilidade lógica que possa surgir. Embora pouco realizem, atendem a varias finalidades uteis. Ser membro, uma oportunidade de serviço necessaria para avançar na carreira. As comissões satisfazem os egos famintos de poder. Acima de tudo, constituem uma maneira conveniente de pôr de lado os problemas durante periodos indefinidos evitando tomar decisões. Por estranho que pareça, durante cinco anos pouco ouvi falar sobre as necessidades dos esudantes. Ensinar e aprender são coisas raramente mencionadas. Ao contrário, a questão candente é, em geral, a que envolve ação politica contra os malfeitos - reais ou imaginários da administração. Essa é a inimiga e o alvo especial dos professores que operam por trás do santuário permanente da efetividade. Quando a administração enfrenta um probleema, ela é autocrática e má, mas quando evita faze~lo é pusilanime. Como professor efetivo em plena efetividade, consideram~me feliz por ser imune a tais pressões. Na verdade, nenhuma corporação de negócios pode gabar-se de ter uma autoridade executiva sequer remotamente comparavel em arrogancia e poder à do professor efetivo. Em vista disso, muitos dos meus sacrossantos colegas desprezam totalmente os seus pares, monstram-se autocráticos com os estudantes e tendem a gastar a maior parte do seu tempo com projetos proprios ou atendendo consultas de fora. Snow disse, certa vez que o mundo academico era uma comunidade de "estranhos e de irmãos". Na verdade, a descrição cabe melhor `hierarquia executiva das corporações. Apesar da luta pelas posições, apesar da incrivel capacidade que alguns tem de serem bem sucedidos sem realmente fazerem esforço, os homens da organização corporativa tem um senso de lealdade e obrigação que revela um instinto moral. É um profundo choque descobrir que na acadenia a ética e as obrigações não passam de coisas....acadêmicas. Na desesperada necessidade de publicar ou perecer, na luta selvagem pela efetividade, forma-se uma combinação letal de ambição e malicia que passa por cima dos estudantes e degrada a ideia do que uma universidade deveria representar. É por isso que concito os meus ex-colegas a aferrarem-se a seus postos de executivos, por mais precários que sejam. A grama não é mais verde nos jardins de Academo, e a urtiga pode ser realmene venenosa. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com.
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