Saint-Pastous ao assumir a direção da Faculdade, tinha fama de severo e cobraria dos seus colegas, sem restrições, zelando criteriosamente no cumprimento dos seus deveres. Com esta postura nas primeiras reuniões da Congregação, ouviu as queixas de todos os mestres e sentiu que eram de resolução fácil e poderiam ser resolvidos facilmente, pronunciou uma série de considerações e terminou dizendo que a maioria eram "chabacanerias", palavra espanhola com o significado de indecências, grosserias ou resmungações. Os professores ficaram indignados e espalhou-se pela faculdade a palavra e os alunos gargalhavam, imaginando coisas e até escreveram no "Bisturi" jornal do Centro Acadêmico, a palavra dita por Saint-Pastous. E ele teve desde então o apoio da estudantada. Leo Refunfuña, comentador esportivo da última Copa do Mundo, escreveu o seguinte sobre o jogo de Portugal-Holanda, "Esas chabacanerias de perder el tempo, y jugar a no jugar, tirarse al suelo a fingir, bueno, seran efectivas, pero dan pena ajena visto el comportamento de los demas equipos". Ademais em 1938-1939, estava no auge o Estado Novo do Presidente Vargas. E o diretor era íntimo de Vargas, face sua adesão a Revolução de Trinta, organizando junto com Annes Dias, o serviço médico em Jaguaraiva SC, e mais profs. Elyseu Paglioli, Thomas Mariante e o Dr. Fischer da cadeira de Ginecologia. Na diretoria de Saint-Pastous a congregação escolheu as Bancas de Exames do concurso de Docência-Livre dos médicos: Dr.Celso Machado de Aquino e Victor Rebello Miranda para clínica neurológica. E do Dr. João Carlos Gomes da Silveira para Ginecologia. Os tres foram aprovados em 1938. Em 1939, fizeram Concurso de Docência-Livre os médicos: Cezar Augusto da Costa Avila para a cadeira de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopédica. E o Dr. Heitor Masson Cirne Lima para Livre-Docente da cadeira de Anatomia e Fisiologia Patológica. No seu livro de Memórias "Páginas da Vida" Liv.do Globo, 1972, lamenta estarem vivos da sua turma apenas ele e o Dr. Oswaldo Hampe ilustre cirugião e clínico em Antonio Prado, onde viveu mais de sessenta anos. No seu livro rememora o médico do interior em Alegrete e conta inúmeras façanhas, inclusive o testemunho visual e de trabalho durante a Revolução e 1923. Vale a pena recordar e ler o árduo trabalho de médico de feridos em combate. A direção da Faculdade foi de apenas dois anos para Saint-Pastous. Houve uma desavença entre ele e o Reitor Aurélio de Lima Py, cujas causas não conseguimos detalhar. Saint´Pastous, foi Reitor de 1943-1944, nomeado por Vargas. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com/
O prof. Antonio Saint-Pastous de Freitas
O Prof. Antonio Saint-Pastous de Freitas, nascido em Alegrete (RS), a 11 de fevereiro de 1892, fez os estudos primários em sua terra natal nos Colégios Carlos Cruz e Otavio Arenz, e os secundários no Ginásio N. S. da Conceição, em São Leopoldo. Ingressou na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre em 1910, e formou-se em 1915 defendendo tése de doutoramento sobre: "Otomicose". Foram seus colegas de turma: Alcebiades da Silva Barreiros, Alcides Escobar Guimarães, Alcides Pinto Bandeira, Angelo Nilo Gaffré, Artidor da Cruz Ortiz, Breno Cardia Alves, Carlos Antonio Kluwe, Cecilio Monza, Ernesto Biaggini Legerini, Hermes Pintos Affonso, Hildebrando Humberto Varniere, Hildebrando Westphalen, Isidro Heredia Filho, João de Deus Barbachan, Jose Athaydes da Silva, Julio de Castilho França, Lourenço Jordan, Norberto Vianna Vasconcellos, Oscar Geyer, Oswaldo Hampe, Rodolfo Casanova Ferreira, Romualdo Garibaldi, Salucio Brenner de Morais e Thomaz Larangeira Mariante. Saint-Pastous foi médico, pecuarista e escritor. Como médico especializou-se em Clinica Medica, Radiologia e Cancerologia. Frequentou cursos de aperfeiçoamento em Paris, Berlim, Viena e Munich. Na Argentina em 1933, Em Montevideu 1916 e 18. Esteve cursando nos EE.UU. em 1941. Em Atlantic City no Congresso de Hospitais, e em Cincinnati no Congresso de Radiologia, o qual foi fundamental para sua dedicação e formação em Radiologia. Pois mais tarde abriu em Porto Alegre a primeira Clinica de Radiologia. Em 1935, conquistou a cátedra de Clinica Medica em concurso famoso concorrendo com o Prof. Nino Marsiaj. Na Revoluçao de 1930, foi desde seu inicio apoiou sua execução junto com seu conterraneo famoso Oswaldo Aranha, e na preparação da luta, organizou um Hospital de Campanha no norte do Parana, inclusive com a instalação de um aparelho de Rx portatil. Foi o fundador da Enfermaria 27 da Santa Casa onde estudaram e ensinaram inúmeros alunos e professores. Na posse da cátedra (Terceira Clinica Médica da FM), foi saudado pelo Prof, Gonçalves Vianna. Foi diretor da Faculdade de Medicina em 1937 e 1938.E Reitor da Universidade Federal do RS em 1943 e 1944. Foi casado com a Sra. Hilda Saint Pastous e tiveram os seguintes filhos: Paulo (médico), Ilka, Ilza, Flavia, Antonio Carlos e Vera. Ele faleceu em 28 de setembro de 1976/ Nicanor Letti, site: nicanor.letti@terra.com.
E tudo começou no Alegrete....
Em 27 de fevereiro de 1915, em Alegrete RS. surgiu a primeira "LIGA MÉDICA", seu berço foi a Farmácia Popular de Péricles Silveira na Praça Nova, hoje General Osório. Eis a nota histórica do acontecimento registrado na edição de 27 de fevereiro de 1915 pela Gazeta: não foi a reunião de um grupo de médicos, mas se lançava e liderava uma idéia. Estiveram presentes os Drs. Alpheu Bicca de Medeiros, Alexandre S. Lisboa, Juvenal Saldanha, Severino Sá Britto, João Cardoso de Menezes e Syllo Teixeira da Silva por procuração. Entre outros assuntos, ficou decidido, unanimemente, o seguinte: de agora em diante só serão recebidos como médicos, nas relações dos presentes: 1. Os médicos diplomados pelas Faculdades oficiais ou equiparadas do Pais. 2. os médicos estrangeiros cujos diplomas sejam revalidados nas Faculdades acima referidas. 3. Os professores das Faculdades estrangeiras. 4. Os médicos estrangeiros de reconhecido valor cientifico. 4. Ficou resolvido, também, solicitar o apoio dos médicos do Estado, que preencham as clausulas acima, por meio de circular, na qual se aventará a ideia da reunião de um Congresso para tal fim. Foram aclamados presidente e secretário da LIGA, respectivamente os Drs. Alexandre S. Lisboa e Alpheu Bicca de Medeiros. o Dr. Alpheu viajou para Porto Alegre, e convidou para uma reunião no Grande Hotel e compareceram: Olinto de Oliveira, Serapião Mariante, Carlos Wallau, Jacinto Gomes, Firmo David, Heitor Annes Dias, Guerra Blessmann, Arthur Franco, Aurélio de Lima Py, Moisés Menezes, Otávio de Souza e Dioclécio de Pereira. Resolveram convocar o "Primeiro Congresso Médico do Estado e colocaram como patrono o Dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado e outros positivistas. Mas Borges primeiro aceitou mas dias depois emitiu uma declaração pública: "que o intuito dos médicos alegretenses era de discutir a adoção de indébitas discussões sobre a liberdade profissional, coisa sagrada da constituição de Julio de Castilhos". Replicaram a carta de Borges e sua renúncia no papel de patrono, os Professores: Olinto de Oliveira, Guerra Blessmann e Alpheu B. de Medeiros. E o Congresso foi mantido, com grande repercussão em todo o Estado. Nesse interim ocorreu a morte do senador gaúcho Pinheiro Machado. E o Congresso devido ao luto e os espíritos descontrolados em todo o Estado, transferiu o Congresso para Maio de 1916. Mas foi novamente adiado e finalmente seria realizado em 1926, no mesmo local da Faculdade de Medicina ou seja no seu Salão Nobre, onde tres anos depois, foi o local que Getúlio Vargas assumiu a Presidência do Estado, escolhido por ele mesmo, para fazer as pazes com os médicos. E o Dr. Antero Marques, descreve o Congresso de 1926: soubera que Borges não permitiria a discussão da liberdade profissional, mas o Dr. Simões Lopes de Pelotas toma a palavra e inicia a fala sobre este assunto. Logo Fernando Magalhães e Miguel Couto que presidiam os trabalhos, encerram o reunião e foram vaiados pelos estudantes, principalmente ao descer as escadarias. E o congresso não se realizou. nicanor.letti@terra.com.
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