Reynaldo Frederico Geyer, filho mais velho de Inacio Guilherme Geyer, estudava medicina, e tinha quatro irmãos: Leopoldo Geyer, Carlos Geyer, Giorgina Geyer Costa e Olga Geyer Mundt. O pai dos Geyer unira-se com Leopoldo Masson (1845-1927) e fundaram a Casa Masson.Durante muitas décadas foi a grande Ourivesaria. Leopoldo Masson teve dois filhos, Ricardo e Luiz Masson, médicos, formados no Rio de Janeiro e foram professores da Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre. A historia de Reynaldo liga-se intimamente a estas duas familias. Reynaldo Frederico Geyer ingressara na Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre em 1901 e logo tornou-se grande amigo do jovem professsor de Anatomia, um dos fundadores da Faculdade, Eduardo Sarmento Leite Fonseca. O ano de 1901 foi dramático para a nova faculdade, necessitava a carta de aprovação do Ministerio da Justiça e Educação e a Equiparação as da Bahia e do Rio, fundadas por Dom João VI em 1808.Eram faculdades oficiais. Mas a Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre era particular. A primeira do Brasil neste regime mas a terceira em funcionamento. Dois politicos famosos gauchos eram os coringas para agir junto ao Governo Federal. Nesta época, até 1924, ela funcionou na rua da Alegria (Gen.Vitorino) numero 55. O principal politico era o Dr. Jose Gomes Pinheiro Machado, e deputado Alberto Correa, finalmente chegou o telegrama e os estudantes desfilaram pela rua da Praia, dando vivas a Pinheiro Machado e ao Deputado . Entrevistei o Sr. Leopoldo Geyer, irmão de Reynaldo no dia 17.11.1979, na sua residencia da rua Padre Reus em Porto Alegre, estava com 90 anos. Mas lúcido e tudo sabia sobre o irmão. Revelou que ainda moço Reynaldo trabalhava em uma loja de ferragens e era estudioso e inteligente. Aprendera facilmente o esperanto e falava frances. Disse ao seu pai que estudaria medicina. Apresentou-se ao liceu e passou facilmente nos preparatorios. Afirmou tambem que gostava muito dos necessitados e para se manter dava aulas particulares. Ele foi lider estudantil e tomou parte ativa no movimento na Faculdade em 1906, necessitando terminar seus estudos de medicina no Rio de Janeiro. Este fato foi o da reprovação da tese de doutoramento do aluno Eduardo Soares Barcellos em 1906, este estudante era sobrinho da famoso e perpetuo provedor da Santa Casa Antonio Barcellos e morava com ele. O doutorando criticou os professores que não operavam as hernias cerebrais e deixavam as crianças falecerem sem qualquer auxilio. Os estudantes revoltaram-se contra a reprovação e tiveram o apoio do Prof. Sarmento Leite que desfilou abraçado com Reynaldo Geyer numa passeata de desagravo até na frente da Santa Casa. Mas a Congregação da Faculdade no dia seguinte reuniu-se e resolveu suspender 101 alunos e uma aluna da Escola de Enfermagem por um ano. Sarmento Leite discutiu intensamente e votou contra a suspensão, desde este fato Sarmento apoiado nos alunos iniciou sua liderança terminando em 1915 como diretor. Onde permaneceria até o ano de 1934. A maioria dos estudantes, e que tinham recursos foram para o Rio de Janeiro e terminaran o curso de medicina. Sarmento Leite acompanhou ate o porto a partida dos alunos para o Rio e principalmente de Reynaldo Geyer. No Rio cursou o ultimo ano e defendeu uma tese polemica "A medicina e os pobres", que foi aprovada. E foi trabalhar, por um tempo como médico, no fim da linha do trem, era onde moravam os pobres. Tinha o seguinte pensamento "é necessário terminar a miseria para terminar as doenças" disse-me Leopoldo Geyer na sua entrevista. Aproveitou tambem para aprender no Rio o trabalho em laboratorio, principalmente a reação de Wassermann para diagnosticar a sifilis e outras novidades. Quando voltou para Porto Alegre, em 1911, a Faculdade, isto é, Sarmento Leite soube que Reynaldo Geyer sabia realizar o teste de Wassermann conseguiu criar o Instituto Oswaldo Cruz, da Faculdade de Medicina. Foi o primeiro laboratorio de analises de Porto Alegre, fundado em 6 de maio de 1911, instalado em 25 de julho de 1911. "para pesquisas quimicas, serologicas e bacteriologicas etc. Os exames eram gratuitos para os doentes da Santa Casa, da "Casa de Correção" e para o pessoal da Faculdade. Reynaldo continuava estudioso e desejava fazer concurso para a Faculdade na cadeira de Patologia. Ao mesmo tempo militava no movimento anarquista, e esperantista, foi um dos fundadores da Escola "Elyseu Reclus" nome de um grande geografo anarquista frances. A escola funcionava a noite e nos feriados para os filhos dos operarios. Ensinava-se: esperanto, frances, portugues, aritmetica,, historia universal, desenho, ginastica sueca, mecanica, fisica e quimica. E palestras de Anatomia. Tambem fundaram o jornal "A Luta", e Reynaldo escrevia com os pseudonimos de "refrega", "alcaime' "FR" e outros. Mas nunca foi um anarquista violento era pacifico e acreditava no convencimento politico. Dois anos depois de trabalhar no Laboratorio de analises, a Faculdade abriu concurso para Patologia, um dos defensores do concurso era Sarmento Leite prevendo o canditado indicado seria Reynaldo Geyer. Mas nas vesperas da data de inscrição, surgiu um médico de Santa Maria, vindo do Rio de Janeiro para servir no exercito, um homem alto, jovem e charmoso. E casou com a filha do homem mais poderoso de Santa Maria O Eng. Gustave Vauthier, diretor das estradas de ferro pertencentes ao capitalista americano Percival Farqhuar. Este medico era o Dr. Alberto de Sousa, mais tarde conhecido como "cavalão". No dia do concurso estavam presentes todas as autoridades, e o concurso foi roubado escandolosamente pelo Dr. Alberto. Nas declarações do irmão e dos jornais todos achavam que o concurso deveria ser aprovado o Dr. Reynaldo, inclusive Ricardo Masson cortara relações com seu irmão Luiz, examinador do concurso que dera notas mais elevadas ao Dr. Alberto de Sousa. Este foi o inicio da carreira do Alberto, anos depois professor de Otorrinolarigologia. O concurso destruiu psicologicamente Reynaldo Geyer, com crises de esquizofrenia, tentou suicidio, e seu pai salvou-o arrombando a porta do quarto, no andar de cima da Casa Masson. Desde então começou passar as noites no famoso "Clube dos Caçadores",mas como piorou, Leopoldo levou-o para o Rio e internou-o no Hospital durante 10 anos. Como estava calmo voltou para Porto Alegre e ficou mais alguns anos na Chacara da Familia,na Cavalhada. Mais tarde vendida ao Dr. Alberto Pasqualini. E levaram-no para o Sanatorio Kempf em Santa Cruz onde permaneceu por muitos anos até sua morte. Foi enterrado por Carlos Geyer e seu filho Helio, e seus ossos trazidos para o jazigo da familia na entrada do Cemiterio São Miguel e Almas . Uma das ideias do Reynaldo Frederico Geyer é lembrar que ele convenceu seu irmão Leopoldo a vender joias a prazo, pois os pobres, quando podem compram joias, esta fato foi tão positivo que a Casa Masson alugou na Gen.Floriano salas para este tipo de vendas. As vendas em prestações rendiam mais que os do balcão da loja. Portanto, Reynaldo Geyer foi o inspirador do crediario no Brasil. E provocou a demissão de um dos seus gerentes o Sr Scarpini, que fundou sua loja. Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra.com.br.
sou da familia masson e gostei muito de saber desta historia .Gostaria de SABER MAIS ARESPEITO DE LEOPOLDO MASSO
ResponderExcluirreynaldo frederico geyer, forneceu os materias e ajudou a produzir a famosa bomba do buquê de flores de espertirina martins, junto com djalma fettermann e zenon de almeida no histórico episódio da greve geral de 1917 chamada de guerra dos braços cruzados, onde eles estavam manisfestando contra a atrocidade policial por terem matado um dos seus companheiros anarquistas e foram acuralados pela cavalaria da brigada militar que estava ameaçando atropela-los, jogaram a bomba em direção a cavalaria que avançava sobre eles...
ResponderExcluirMuito interessante.
ResponderExcluirSão pessoas como o Dr. Letti que salvam a história tão desprezada no Brasil.