A Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre, terceira casa médica do Brasil completará em julho 112 anos. Travou uma luta intensa durante 40 anos com os crentes do positivismo. Ela
emasculou, sem anestesia a doutrina de Augusto Comte. A Clotilde de Vaux foi dissecada, nas mesas anatomicas francesas do Necrotério Sarmento Leite. Mesas de dissecção da mesma pátria das moças do Clube dos Caçadores. O seu funcionamento foi autorizado pelo Presidente e fundador do poderoso Partido Republicano Rio-Grandense. Julio de Castilhos em famosa carta, recordando e advertindo os fundadores, "deveria ser um marco do ensino livre do Estado" assim atuava no ensino o positivismo. O presidente, ainda em estado de graça, pois, seus aliados venceram a Revolução Federalista e consolidaram Floriano Peixoto no Governo da República. Alem de vencer as últimas tropas federais do Almirante Saldanha da Gama onde foi morto pelos cavalarianos gauchos. Mas a Faculdade soube lutar durante quarenta anos contra os principios positivistas e com ganhos e derrotas, nunca deixou de cumprir suas finalidades de formar médicos. Conseguiram os professores, desde seu inicio, a proteção do famoso e perpétuo senador gaucho Pinheiro Machado o ás de ouro do Partido Republicano e do ás de copas o deputado federal gaucho Dr. Rivadávia Correa. O primeiro entrevero foi em 1901, o governo federal decretou o reconhecimento da Faculdade, dando-lhe os mesmos direitos das escolas médicas de Bahia e do Rio de Janeiro, segundo a decisão do decreto da Regencia Trina, elaborado pelo famoso Dr, Jobim. Foi uma festa magnifica e os estudantes nas comemorações dividiram-se terminou com a briga publica como esta escrito em outro capitulo deste blog. Esta agitação e a outra de 1906 consolidou a Faculdade como um ente federal, somando-se a morte de Castilhos, os professores apoiaram outra candidatura devido a dissidencia do Dr. Fernando Abbot, médico de São Gabriel. Borges cedeu, e o governador eleito foi o Dr. Carlos Barboza Gonçalves, republicano de Jaguarão. Governou o Estado de 1908-1912, sem o caudilhismo e doou o terreno no Campo da Redenção onde a Faculdade, já consolidada construiu e seu mais famoso prédio de 1912-1924. Mesmo construido o atual Hospital de Clinicas, permanecem no velho prédio junto a Redenção, alguns setores da Medicina. Mas Borges, não descansou em perseguir a Faculdade, e junto com alguns médicos homeopatas e outros que sairam da Faculdade criou a Faculdade Medico-Cirúrgica, com quatro anos de duraçáo, deu-lhe um prédio no Alto da Bronze, junto a praça, onde funcionou uma auditoria militar. Foi fechada pela lei que regulamentou o ensino e a profissão médica de 1932, escrita no RGS e assinada por Vargas. A médico-cirurgica foi minuciosamente analizada pelo Dr. Adroaldo Mesquita da Costa num processo judicial onde dois acadêmicos Oscar Daud Filho e Antonio Bottini injuriaram publicamente a médico-cirurgica por ter enviado ao Senado da Republica um pedido de oficialização da referida faculdade sendo seu advogado o Dr.Pedro Vergara. Os academicos foram absolvidos e o programa e a faculdade médico-cirurgica foi ridicularizada definitivamente. Depuseram no processo os Dr. Sarmento Leite, Thomas Mariante, Heitor Annes Dias, Basil Sefton e Luiz Guerra Blessmann. Historicamente este fato é interessante pois foi o mesmo Adroaldo Mesquita que deu o parecer 40 anos apos, que permitiu o Hospital de Clinicas ser uma Empreza Publica de Direito Privado. Sendo hoje a única autarquia do Ministerio de Educação do Brasil. Nicanor Letti- site nicanor.letti@terra.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário