Faculdade de Medicina da UFRGS

A tése de Eduardo Soares de Barcellos (1906)

Durante a Presidencia de Afonso Penna (1906-1909), com o vice Nilo Peçanha, aconteceu um fato fundamental na consolidação e reconhecimento da Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre. Na época exigia-se uma tése médica, escrita pelo doutorando e defendida perante uma banca nomeada pela Congregação. Os médicos formados em 1906 foram: Antonio Castro Pinto, José Hecker, Julio Hecker e Ulysses Pereira de Nonohay. Mas o outro aluno: Eduardo Soares de Barcellos teve sua tése reprovada por quatro a um. O aluno não concordou com as notas da banca e interpos um recurso à Congregação. Recebeu o apoio imediato dos Profs. Sarmento Leite, M0ysés Menezes e Mario Totta, afirmaram que a tése era adequada. Mas o delegado fiscal afirmou que tudo ocorreu normalmente durante o concurso e não cabia recurso à Congregação. Os alunos revoltaram-se e, em passeata até a praça da Alfandega gritavam morras à banca, e após o comicio emitiram nota de repúdio à banca. A Congregação reuniu-se novamente e submeteu os alunos a responderem quesitos na Diretoria da Faculdade, com a unica finalidade de localizar os resposaveis pelos acontecimentos. Compareceram 114 alunos, mas 100 responderam não conhecer os fatos alegados. A Congregação reuniu-se novamente e suspendeu por um ano os 100 alunos, Sarmento Leite e outros professores votaram contra a decisão da Congregação. A maioria dos alunos viajaram para o Rio para concluir os estudos, pois era permitido na época. E Sarmento Leite abraçado com Reynaldo Geyer foi até o navio se despedir. Sarmento e familiares dos alunos suspensos, impetraram ao Ministério da Justiça e Ensino da República sobre os fatos. E aleardaram que a penalidade foi grosseiramente urdida pelos positivistas. Semanas após estes fatos, que eram divulgados e discutidos por toda a imprensa, o Ministro baixou uma decisão, anulando as Atas da Congregação. Foi festa e festas em Porto Alegre. Eduardo Soares Barcellos no ano seguinte, defendeu a tése e em 1907 somente dois doutoraandos se formaram: Catharino Raphael de Azambuja e Eduardo Soares de Barcellos, que foi exercer a profissão em São Francisco de Assis. E a Faculdade com este ato de intervenção ficou sob o manto protetor da Governo Federal, e o borgismo e seus inimigos sentiram que era uma entidade para ficar. Foi a partir dessa atitude que Sarmento Leite lutaria sempre protegendo os alunos e a Faculdade, até tornar-se diretor em 1915. Nicanor Letti- site: nicanor.letti@terra.com.br

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