Faculdade de Medicina da UFRGS

Alfredo Leal

Corina Pessoa, no livro "Um Brasileiro Esquecido"é autora da única biografia de Alfredo Leal. Conheceu-o em Livramento, com uma grande farmácia, havia deixado o exército, pois viera da Bahia, como farmaceutico militar. Montou um laboratorio, estudava quimica, fazia experiencias e reunia um grupo de amigos onde discutiam politica, literatura e problemas nacionais. Tudo isto acontecia no ano de 1891. O grupo da farmacia foi crescendo recem declarada a Republica e começavam a viver numa democracia. A autora lembra-se dos amigos de Leal na Farmacia: Alcides Mendonça Lima, grande jurista, escrevia no jormal local "O Cidadão". Manoel Pacheco Prates e o Dr. Moyses Viana, cunhado de Alcides Lima. Mas a figura principal do "cenaculo" era Alfredo Leal, de estatura mediana,, clara, olhos castanhos, fronte alta e audaciosa, Leal era um apaixonado, um impulsivo, um temperamento sempre em ebulição. O Dr. Gouvea deixou o grupo e foi transferido para o Rio. E Alcides Lima foi eleito deputado federal e tinha tres filhos pequenos: Virginia, Jõao e Alcides. Lembro-me das casas de comercio de Garragoni, Ceballos e de Vivaldino Maciel. Foi nessa epoca que Alfredo Leal casou-se com uma linda santanense da familia Falcão, chamada Etelvina. Meu pai foi testemunha, relata Corina Pessoa. E Angelita Giudice a encantadora vizinha, casada com Olimpio Giudice, penteou meus cabelos para a festa do casamento de Alfredo Leal e Etelvina. Logo apos seu casamento Alfredo Leal transferiu-se para Porto Alegre. Alem do trabalho em sua farmacia, estudou o saneamento dos esgotos na cidade, mas não teve sucesso. Como tambem foi o primeiro a descobrir os elementos quimicos de grande quantidade na area de Candiota para produzir cimento. Mas não teve exito, para qualquer empreendimento, de qualquer maneira foi o descobridor da área com calcareos que muitos anos depois tornou-se uma riqueza mineral do estado. Mas com o problema da banha foi interessante: Leal estudou o problema, nos seus laboratorios na rua da Olaria onde fabricava os medicamentos, verificou que a banha remetida para São Paulo e Rio de Janeiro, chegava derretida devido ao calor. E o preço descrescia. E se tornava não rentavel. Leal estudando a banha americana que permanecia solida nos climas quentes, descobriu: era o tipo de estearina que elevava o ponto de fusão. E verificou que o sebo purificado do gado e fresco não provocava o cheiro do ranço da estearina. Isto deveria ser imediatamente colocado o sebo nas maquinas de preparo da banha. E a firma faliu. A faculdade de Pharmacia foi fundada logo em seguida, em 1896. Mas as aulas começaram em 1897. E imediatamente o Dr. Protasio do Alves, Alfredo Leal, Valença Appel e João Daudt Filho, juntaram forças e fundaram a Faculdade de Medicina e Pharmacia. Aconteceu em 25 de julho de 1898. As aulas iniciaram em 1899. Tendo como Diretor Protasio Alves e vice Alfredo Leal. E assim permaneceu por muitos anos o diretor era medico e o vice era farmaceutico. Funcionou bastante bem. Apesar da tragedia que aconteceu no inicio. Os professores e alunos aguardavam no ano de 1901 a remessa do Rio o decreto do Presidente reconhendo a nova Faculdade e equiparado-a a da Bahia e do Rio, criadas por D.João VI ao chegar no Brasil em 1808. Era a terceira do Brasil. Pinheiro Machado tinha sido acionado por professores e politicos e os alunos torciam pela influencia do deputado federal Dr. Rivadavia Correa. Os animos se exaltaram entre alunos e o diretor. Até que Alfredo Leal no exercicio de diretor escreveu no quadro que quem vai agradecer as autoridades federais o reconhecimento sera a Faculdade e os alunos presididos pelo diretor. Mas os alunos liderados por Mario Totta, Armando Severo e Fabio de Barros colocaram em votação as propostas. A maioria apoiou o deputado Rivadavia Correa, e sairam as ruas proclamando vitoria, e ofendendo o diretor e outros que queriam mandar agradecimentos ate ao Julio de Castilhos e Borges de Medeiros. Um dos mais exaltados pelo resultado da votação era o aluno Antonio Correa e Mello. E a Congregação proibiu a entrada do aluno Correa e Mello na Faculdade. Horas apos estes acontecimentos dentro da Faculdade na rua da Alegria 55 (hoje Gen . Vitorino). Os alunos desfilavam pela rua da Praia, e visualizaram na altura, onde hoje esta estabelecida as Americanas, caminhando o diretor Alfredo Leal. O aluno Correa e Mello atravessou a rua rapidamente e afrontou o diretor e lhe deu um tapa na face derrubando-o. Enquanto se levantava com o revolver na mão, Alfredo Leal foi novamente esbofeteado e aí disparou o revolver duas vezes no peito do rapaz. Foi um escandalo a maioria fugiu mas muitos mais afoitos que queriam agarrar o vice-diretor, aí chegaram pessoas conhecidas inclusive apareceu no fundo de um loja onde o vice se escondia o seu socio João Daudt Filho. Levou-o para o Palacio. Castilhos ao saber de tudo o que aconteceu, recolheu-o ao quartel da Brigada Militar na Praia de Belas. As exéquias do Correa e Mello foram solenes, compareceu o alunato e falaram os intelectuais: Alcides Maya, Alvaro Porto Alegre e Augusto Porto Alegre. Sarmento Leite e Olinto de Oliveira mandaram cartas explicando os fatos. Nunca consegui ler estas cartas. Leal foi submetido ao Tribunal do Juri em 7 de fevereiro de 1901. Foram seus advogados: Plinio Casado, Timotheo da Rosa, James Darcy e Germano Hasslocher. O presidente do Juri foi Andre da Rocha, e os jurados: Marcinio Jose de Mattos, Dyonisio Jonas de Magalhães, João Rist, Guilherme Jung, Manoel Moreira da Silva. O advogado de acusação foi o Dr. Andrade Neves, acusou o famoso Cel. Marcos de Andrade, de ter cabalado todos os jurados. Mas o reu foi absolvido. Os estudantes tentaram invadir o recinto do Jury mas foram afastados pela Brigada Militar. Relata João Daudt Filho que depois destes acontecimentos com Alfredo Leal, ele foi para Santos onde encontrou um medico amigo que o amparou. Ele comprou a Farmacia Colombo. E teve 11 farmacias e meteu-se num negocio de destilação de madeira para obter acido acetico e novamente faliu. Mas um dos seus empregados era o Candido Foutoura, que o levou para São Paulo, e Leal assoprou para o Fontourinha chamar o Monteiro Lobato para escrever os almanaques propagando os vermífugos, elaborados por Leal, Lobato ficou famoso com o Jeca-tatu. Foi diretor do Laboratorio Medicamenta e organizou outros laboratorios e faleceu em fevereiro de 1930. NicanorLetti http://antoniovalsalva.blogspot.com/

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