Faculdade de Medicina da UFRGS

A moderna Psiquiatria da Faculdade de Medicina

A Psiquiatria, finalmente, conseguiu deixar o Melanie Klein e ocupa excelente espaço no Hospital de Clinicas, no quarto andar. Estão trabalhando no local com as demais disciplinas do curriculo de graduação. São 22 professores e mantem a formação em psiquiatria dinâmica oficializada pela Faculdade desde a diretoria do Prof. Jose Carlos Fonseca Milano. Lembramos o esforço do Prof.Ellis Busnelo, do seu trabalho notavel de Psiquitria Comunitária. A equipe do Clinicas tem 22 professores: Aida Maria Pereira Santin, Ana Margareth Siqueira Bassols, Aristides Volpato Cordioli, Claudio Laks Eizirik, Claudio Maria da Silva Osório, Fernando Grilo Gomes, Flavio Kapczinski, Flavio Pechansky, Gerson Avila, José Ricardo Pinto de Abreu, Lucia Helena Freitas Ceitlin, Luis Augusto Paim Rohde, Marcelo Pio de Almeida Fleck, Maria Lucrécia Sherer Zavaschi, Moacir Assein Arús, Olga Garcia Falceto, Paulo Fernando Bittencourt Soares, Paulo Silva Belmonte de Abreu, Rogério Wolf de Aguiar, Sérgio Carlos Eduardo Pinto Machado, Sidnei Samuel Schestatsky.- Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra.com.

O Prof. Rubens Maciel

O Prof. Rubens Mario Garcia Maciel, nasceu em 04 de agosto de 1913, em Santana do Livramento, RS. Epoca do auge do Coronel João Francisco, com o quartel no Caty, para defender a fronteira, Ruy Barbosa o alcunhara de "A Hiena do Caty. mas recebeu a visita do principe dos prosadores, Coelho Netto que o enalteceu na imprensa carioca. O pai de Rubens Maciel o Dr. Érico Maciel, respondendo ao publicista uruguaio Florencio Sanches, que não soubera agradecer ao povo de Santana acolhido quando a policia uruguaia o procurava, escreveu uma catilinária que a denominou de "Alimpando Aleives". A linguagem do pai neste relato, demonstra que Rubens, o filho notavel, surgiu de uma familia que dominava a arte de falar e escrever. Como professor foi grande orador, castiço, brilhante e repentista. Era de familia "maragata", anti-borgista. Assistira em sua mocidade as lutas entre as familias Flores da Cunha e dos asseclas de João Francisco. Houve mortes de ambos os lados. Foram os lanceiros de João Francisco que mataram o almirante Saldanha da Gama, no Combate de Campo Osório, no término da Revolução de 1893. Depois de seus estudos secundários, onde sempre se distinguiu, ingressou na Faculdade de Medicina em 1932. Foram seus colegas: Aldo Caruso Mac-Donald, Almir Palmeiro, Amadeu Faviero, Angelo Lacombe, Angelo Caleffi, Antonio Azambuja, Antonio Chaves, Arthur Dariano, Ary Mariante, Athaide Pereira, Balbino Marques da Rocha, Benjamin Lorentz, Benjamin Spiguel, Benjamin Fabre, Bento Rocha, Biase Faraco, Boris Steinbruch, Brenno Ritter, Brutus Nessi, Celso Papaleo, Danilo Guidi, Darcy Azambuja, David Cutin, Decio Zago, Dirceu Heinburg, Edly Pereira da Silva, Eduardo Reginatto, Estanislau Brzozowsky, Eugenio Adams, Fabio Tourem, Fausto Domingues, Fernando Schneider, Francisco Pereira, Francisco Alvarez, Francisco Machado, Gildo Russowsky, Hercules Prosdocimi, Homero Menezes, Honorio Alves, Humberto Lubisco, Ivo da Costa, Jacyntho de Sá e Cunha, Jacques Rousselet, João da Silveira, João Costa Netto, José Farias, José Santiago Wagner, José Mariano da Rocha Filho, José Sirangelo, Kester Sefton Netto, Lauro H. Muller, Leo Mabilde, Manoel Fernandez, Manuel de Souza, Marino Aguado, Miguel Ribeiro, Nair Menezes, Nelson de Souza, Nelson Nunes, Ney Guimaraens, Nilo Cechella, Odilon Saraiva, Orlando Athaide, Orlando Biancamano, Orlando VIncinguerra, Paulo de Oliveira, Paulo Moreira, Pedro Sirangelo, Pedro da Silva, Pedro da Silveira, Pery Riet Correa, Radagasio Taborda, Remy Toscano, Romeu Bolson, Romeu Mazzei, Romulo Xavier, Rubens Guedes, Ruy de Souza, Rui Silveira, Ruy Gonçalves, Ruy Carvalho, Rui Piegas Silveiro, Saadi Fortunatti, Samuel Barros, Secundiano Petracco, Sergio Curtis, Severino Ronchi, Victor de Britto Velho, Walter Pereira da Silva, Walter Lutzon. Foi paraninfo da turma o Professor Elyseu Paglioli. Dedicou-se ao ensino e em 1942 sumeteu-se à Docência-Livre, e em 1945 fez concurso para catedrático de Clinica Propedeutica Médica, concorrendo com o Prof. tambem docente, Ary Barcellos Ferreira. Rubens Maciel foi aprovado com nota 9.6. Ensinou na Enfermaria 29, da Santa Casa e teve os seguintes assitentes: Antonio Azambuja, Mario Rigatto, Hippolito Carvalho, Wilson Tenack de Souza, Manoel Gonçales, Carlos de Barros, Caio Flavio Prates da Silveira, Walter Zelmanovitz, Rubem Rodrigues, Nilo Pinho de Medeiros, Moyses Lerrer, Stelio Varnieri, Carlos Gottschall, Domingos D'Avila, Loanda Lugon, Ana Maria Maciel Alves, Denis Martinez, Geruza Alves da Silva, e Ubiratam Alves de Lima. Foi Rubens Maciel como aluno que pronunciou o notavel discurso de despedida junto ao caixão mortuario do Professor Sarmento Leite, no hall da entrada da Faculdade. Rubens Maciel trabalhou em muitissimas obras na Faculdade, e foi paraninfo da turma médica de 1958, e o grande orador no inicio da inauguração do Hospital de Clinicas. Nicanor Letti. Email: nicanor.letti@terra.com.

A Neurologia do Prof. Celso M. Aquino

Celso Machado Aquino nasceu em 17.o5.1912 em Porto Alegre, de Affonso de Aquino médico e Maria Machado, casou-se com Ivone de Aquino e teve duas filhas: Vera Regina, professora de historia e Susana funcionária de Escola Superior. De 1922 a 1929 cursou o primário e o secundário no Colégio Anchieta. Ingressou na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre em 1930, sua turma colou grau antecipadamente, devido aos festejos do Centenário da Revolução Farroupilha. Foi paraninfo de sua turma o Prof. Celestino Prunes. Como estudante foi ajudante na cadeira de Histologia e Embriologia, na microbiologia e na clinica médica. Como doutorando, defendeu tese sobre "RH na Tuberculose Pulmonar Evolutiva", foi aprovada com distinção e recebeu o grau de "doutor em medicina". Em 1938 submeteu-se a Livre-Docencia, com a tese "Hemorragia cerebral". e apresentou seus titulos na congregação e foi nomeado catedrático interino. Em 1946, entretanto a Congregação da Fac. de Medicina abriu concurso para catedrático da cadeira. Inscreveu-se para o concurso O Prof. Ary Borges Fortes, do Rio de Janeiro. Aquino contestou a inscrição do colega do Rio. E esperou, não conseguimos saber os argumentos de Aquino. Mas só resolveu apresentar seus documentos e a tese tarde demais. O concurso se realizou com um único candidato. A Banca foi constituida pelos profs: Eduardo Sarmento Leite da Fonseca Filho, Elyseu Paglioli, Mario Leal, Aderbal Machado Tolosa e Paulino Longo. Ari Borges Fortes foi aprovado com a nota 9.44. Alguns anos após Borges Fortes pediu licença para administrar um Hospital no Rio de Janeiro. O interessante é a afirmação do Dr. Sergio Paulo Annes: "Conheci o Dr. Cyro Martins quando cursava o sexto ano de medicina ele nos dava aulas na cadeira de neurologia então sob a direção do Prof. Ary Borges Fortes. O Cyro tinha sido aluno do Borges Fortes no Rio, e aqui eles se reencontraram, e o prof. Ary o convidou para ser seu assistente". Com a ida para o Rio do titular o Prof. Aquino que era livre-docente da cadeira reassumiu-a. Em 1969 fundou o Instituto de Neurologia da Santa Casa. Foram seus assistentes nesta época os Drs. Luiz Carlos Meneghini, Zaluar Campos, Manuel Albuquerque e Nelson Aspesi. Os dois primeiros recem-formados usavam a sala em frente do seu consultorio´, no edificio Santa Cruz, como sala comum com a do Prof. Celso Aquino. Mas a grande discipula do Prof. Aquino foi a Dra. Newra Telechea Rotta, ela afirma"foi no serviço de Aquino, minha segunda casa, que pode reunir um grupo de alunos atentos, dedicados constantemente por sua inesgotavel capacidade de trabalho". Aquino participou de 26 congressos sul-americanos e publicou inumeras obras cientificas. Ele faleceu em 26 de maio de 1982. Nicanor Letti. - site:nicanor.letti@terra.com.

História do Salão Nobre da Faculdade de Medicina

A inauguração do prédio da Faculdade de Medicina na esquina da hoje rua Sarmento Leite com a Avenida João Pessoa, aconteceu no dia 31 de março de 1924. Foi uma glória, era uma sede digna, monumental, planejada e seria um orgulho para inúmeras geraçães ´que lá estudaram e formaram-se médicos. No ano da sua inauguração no famoso Salão de Atos, realizou-se a solenidade da Formatura dos doutorandos daquele ano. Foi em dezembro de 1923 e 1924 que os doutorandos receberam seus diplomas, tendo como paraninfos os Professores Raymundo Vianna e Heitor Annes Dias, que proferiu um discurso memoravel. Comentado mais tarde, pelo Prof. Saint-Pastous que repetiu suas palavras finais: "O médico deve sempre estudar, estudar ainda, estudar sempre". Foram os seguintes doutorandos de 24: Alcides Alves da Silva, Alfredo Rodolfo Mariath, Ervin Wolffenbutel, Felippe de Freitas e Castro, Gastão Barbedo de Noronha, Horacio Miguel Porcello, Huberto Wallau, Jose Meurer, Leonidas Saeres Machado, Nelson Carlos Renk, Oscar Bernardo Pereira, Pedro Fantin Filho, Rivadavia Severo, Victor Hugo Ludwig e Waldemar da Silva Job. E os de 23 foram: Anthero de Morais Sarmento, Arno Scheneider, Dinarte Silveira Martins, Elyseu Paglioli, Florencio Igartua Filho, Francisco Salzano, Jacy Carneiro Monteiro, José Augusto Calleya, Jorge Braga Pinheiro, José Fernandes Penha, José Kokot, José Soares Sarmento Barata, Luiz Belmonte de Montojo, Oscar Carneiro da Fontoura, Pio Martins Salgado,Raul JObim Bittencourt, Sady Carvalho Ribeiro. O Professor Sarmento Leite presidia as formaturas, comunicou que a Congregação decidiu dar um prêmio ao aluno mais distinguido, era o diploma "Oswaldo Cruz". Foi concedido e entregue com todas as honrarias ao doutorando: Oscar B. Pereira. Mais tarde foi um dos fundadores do Sanatório Belem e outras atividades. Em 1928, o Dr. Getúlio Vargas, eleito governador da Estado do RGS, preferiu tomar posse do governo no Salão Nobre da Faculdade de Medicina. O que foi uma honra para a Faculdade e principalmente convenceu a classe médica das sua intenções de acabar com as regras castilhistas da liberdade profissional. E foi o que realizou quando os gauchos unidos, levaram-no à presidencia da República, e ele pélo decreto numero 20931, regulamentou a profissão médica no Brasil, e ainda esta vigorando. E fechou a Escola Médico-Cirúrgica. Durante os anos 1926 até 1940, apos a festa da formatura seguia-se um baile no salão e nos amplos espaços junto a escadaria que dava acesso ao Salão de Atos. Foram tambem realizados inúmeras sessões finais de concursos de cátedras no salão de atos. Mas muitos professores que faleceram nas décadas de 30 e 4o foram velados no Salão Nobre. Foi tambem no salão de Atos que o Dr. Simões de Pelotas, iniciou suas palavras condenando a Liberdade Profissional que grassava no RGS e que as forças de Borges de Medeiros cercavam a Faculdade e intimaram o recesso do congresso, que foi aceito pelos prof. do Rio, presentes, encerrando a sessão sob as vaias e gritos da estudantada e da maioria dos professores, mas conseguiram parar com a beligerancia para não acontecer um morticinio. Foi tambem no Salão Nobre que no final de um Congresso de Cirurgia o Professor Tibiriça lançou e preconizou a Fundação da AMRIGS em 1951. Foi tambem no Salão de Atos da Faculdade de Medicina, que foi feito o velório da tragédia no CPOR, em 24 de fevereiro de 1953, quando vários alunos do curso de Engenharia ás 10 hs da manhã, faziam exercicios de montagem e desmontagem de uma mina M2A1, o grupo já ia se afastando quando se ouviu um estrondo que jogou todos à distancia, e havia muitos estirados no solo. Eram os mortos. Foram imediatamente levados os PS, morreram no mesmo dia da explosão: Difini, Miranda, Mabilde, Chaimi, Ubiracy, de Marco, Reginatto, Piva e Remi. Falesceram depois Tschidel e Boll. A maioria eram estudantes de medicina, e foi escolhido o Salão Nobre para o velorio. Nicanor Letti. site:nicanor.letti@terra.com. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra.com.


A Dermatologia

Não encontrei documentos provando ter sido o Dr.Modesto José de Souza o primeiro professor de Dermatologia e Sifiligrafia. A relação dos professores, onde consta seu nome, foi editada pela "A Federação" jornal do Partido Republicano, o mesmo jornal editou os estatutos da Faculdade de Medicina antes da Congregação divulgá-los, pois a discussão durou muitos meses e continha a Cadeira de Bacteriologia, inadmissivel pela politica positivista, que não admitia a existencia de germes. Mas as discussões de Victor de Britto com o positivista Faria Santos, pelos jornais com réplica e tréplica, deixaram claro o erro dos discipulos de Comte, mas a luta continuou por muitos anos. A Dermatologia teve como primeiro professor o Dr. Ulysses de Nonohay, provadamente. Exerceu o cargo de Inspetor Federal da Lepra e Doenças Venéreas. E na Revolução de 30 juntou-se as tropas gaúchas, e foi para o Rio de Janeiro, onde Vargas deu-lhe um cartório, e um adeus a Dermatologia. Mas os gaúchos imortalizaram-no com o nome de uma avenida. Seguiu-se na cadeira o Dr. Carlos Leite Pereira da Silva, formado em 1909. Foram seus colegas de turma: os Drs: Adolfo Pinto de Araujo Cõrrea, Alcides Maciel de Oliveira Beltrão, Alfredo de Oliveira Vianna, Arthur Candal Junior, Basil Sefton, Emilio Alberto Eiffler, Israel Baptista Soares da Silveira e Souza, Jayme de Freitas Faria, José Ricaldone, Oswaldo Lisboa de Souza, Pedro Escobar e Vicente Caruso. Foi paraninfo Octavio de Souza. O Dr. Carlos Leite foi admitido pós concurso. Depois o Dr. Darcy José da Rocha, formado em 1932 e submeteu-se ao exame de Livre-Docencia em 1936, e foi nomeado professor assistente. Permaneceu na cadeira por muitos anos e se aposentou. Já estamos em 1942, surge a história do Dr. José Gerbase, formara-se médico em 1936 no Rio, e foi transferido para o Rio Grande do Sul como médico para trabalhar no Serviço Anti-Venéreo das fronteiras. E a Congregação da Faculdade de Medicina criou um curso equiparado de Dermatologia e Sifiligrafia, pára o Dr. José Gerbase, estes eram cursos exxclusivos para Docentes-Livre, o que não era o caso de Gerbase. Não consegui entender historicamente a decisão. E o novo professor recebeu uma parte da Enfermaria e deu aulas para muitas turmas de 15 a 25 alunos que escolhiam o curso equiparado. Esta novidade na cadeira criou um "qui-pro-quo", com o grande professor que o seguiu, o notavel Professor Clovis Bopp. Nasceu em Santa Maria em 17 de outubro de 1913, e vai falecer em 26 de julho de 1984. Em 1955, os dermatologistas criaram o "Dia do Dermatologista", na mesma data do seu nascimento.Formou-se em medicina de Porto Alegre em 1936, numa grande turma, nela encontramos notaveis médicos de todas as especialidades. Foi Doutor em Medicina em 1954, Docente-Livre em Clinica Dermatologica em 1954. E prof.catedrático em 1959. Organizou o ensino de dermatologia e fez parte de todas as atividades da sua especialidade pelo mundo inteiro, honrou a Faculdade de Medicina. Foi o primeiro dermatologista que conseguiu colocar a seu lado um cirurgião plastico para ajudar nas lesões dermatologicas, o Dr. Pedro Stefani Ferreira. Foram seus assistenes o Dr. Cesar Duilio Varejão Bernardi, formado em 1961, o Dr.Enio Candiota de Campos, livre-docente em 1960, o dr. José de Pessoa Mendes, livre-docente em 1956, Foi até nossos dias o seguidor na cadeira o notavel especialista Lucio Bakos. Nicanor Letti -Email: nicanor.letti@terra.com.br

A morte do doutorando Josino Vasconcellos Chaves

Josino Vasconcellos Chaves, doutorando da Faculdade de Madicina e Farmácia de Porto Alegre, foi morto por uma bala perdida, na rua da Praia, frente a casa "Minerva", durante a dissolução de um comício no dia 14 de julho de 1915, data festejada pelos gaúchos da promulgação da Constituição castilhista de 1891, baseada nos principios de Augusto Comte. Mas o comício era contra a candidatura de Hermes da Fonseca, recem-saido da Presidencia da República 1910-1914. Apresentado agora para ser Senador da República, apoiado pelo todo poderoso Pinheiro Machado. Mas em 3 de Julho, Borges de Medeiros, governador do Estado, sofrendo de um problema intestinal, passara o governo ao seu vice: Salvador Pinheiro Machado irmão do Senador. Seus colegas de turma foram: Benjamin Torres, Fernando de Freitas e Castro, Henrique Ignacio Domingues, Manoel Cypriano de Avila, Manoel José Pereira Filho e Vicente de Paula Dutra. O pelotão da Brigada Militar, contornou a praça Senador Florencio e perseguiu a multidão que corria em retirada pela rua da Praia, atirando e espaldeirando as pessoas onde haviam mulheres que corriam com crianças para os cafés da rua da Praia. Os cadaveres foram recolhidos para as farmácias, que abriram suas portas para atender os feridos. Foi neste momento que atingiram o doutorando com um balaço na região púbica. Ele foi levado para a Santa Casa em estado crítico e operado pelos Professores Moyses Meneses e Basil Sefton, mas horas apos a cirurgia ele falecia. Foi velado na Faculdade de Medicina na rua da Alegria 55. No enterro Sarmento Leito teve os cuidados politicos adeguados, falando ele mesmo e o Dr. Mario Totta fez a despedida. Em 8 de setembro de 1915, Pinheiro Machado o programador da candidatura de Hermes da Fonseca, foi apunhalado e morto por Mancio de Paiva no Hotel dos Estrangeiros no Rio. Mas Hermes não assumiu o mandato. Viajou para a Suiça, envergonhado só regressando seis anos depois. Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra.com.br

Prof. Luiz Guedes e Paulo Vianna Guedes

O Professor Luiz José Guedes, nasceu em Pelotas em 12 de novembro de 1882, e faleceu em Porto Alegre em 30 de novembro de 1943. Iniciou a Faculdade em Porto Alegre e transferiu-se para o Rio, onde se graduou em 1904, com a tése sobre "Arritmias". Voltou para Porto Alegre, foi professor do Julio de Castilhos. Em 1913 foi nomeado para o Hospital São Pedro como médico de doenças somáticas. Em 1916 voltou ao Rio de Janeiro para estágios de psiquiatria com Juliano Moreira e supervisão de Antonio Austragéliso, esteve tambem em Montevideu e Buenos Aires voltando para Porto Alegre, foi nomeado psiquiatra do Hospital São Pedro. Os médicos Luiz Guedes, Jacintho Godoy e Fabio de Barros, formaram a primeira geração de psiquiatras do São Pedro e eram denominados de kraepelineanos. Em 1938, um decreto federal proibiu a acumulação de cargos. Após o falecimento de Luiz Guedes em 1943, assume a cadeira o Dr. Décio de Sousa, que havia feito docencia-Livre e ia a Londres para análise e deu uma orientação psicanalitica a cadeira. Como abandonou Porto Alegre, só vinha algumas vezes para receber seus vencimentos. Em seu lugar assumiu a cadeira o Prof. Paulo Vianna Guedes, filho de Luiz Guedes. Junto com David Zimmermann organizaram a cadeira e colocaram a Psiquiatria Dinamica desde 1950 com a orientação da formação de verdadeiros psiquiatras. Paulo Vianna Guedes, nasceu em Porto Alegre em 16 de novembro de 1916 e faleceu na praia de Torres em 1969, foi o quarto filho de Luiz Guedes. Formou-se com a turma de médicos de 1939. Recebeu todos os méritos pelo seu trabalho no Instituto de Artes, onde sua esposa Zuleika Rosa Guedes, foi pianista e professora catedrática de Piano. Tiveram dois filhos: Paulo Sérgio (psiquiatra) casado com June Schuck, e Berenice (psicopedagoga), casada com o médico João Francisco Mussnich. Em maio de 1942 submeteu-se a Livre-Docência e assumiu a cátedra em 1950. Em 1958 junto com David Zimmermann fundaram o Instituto Luiz Guedes. Em 6/10/1960, Paulo Guedes enviou uma comunicação ao Diretor da Faculdade de Medicna- Prof. José Carlos Fonseca Milano, pedindo a oficialização do Centro de Estudos Luiz Guedes, Milano mandou-o para o CTA da Faculdade que foi aprovado. Oficializando o Centro, que até hoje - ensina a Psiquiatria Dinâmica. - site: nicanor.letti@terra.com.

Cadeira de Medicina Legal

O primeiro professor de Medicina Legal da Faculdade de Medicina foi o Dr. Sebastião Leão. Terminou o curso de Medicina no Rio de Janeiro em 1888, defendendo a tése:"Da intervenção cirúrgica dos tramatismos do cérebro e da medula", publicada pela " Tipografia Raynaud" do Rio. Nasceu em Porto Alegre em 20 de janeiro de 1866 e faleceu em 10 de fevereiro de 1903. Estava presente na reunião entre os professores da Faculdade de Pharmacia e do Curso de Partos, quando resolveram a criação da Faculdade de Medicina . Protásio Alves sugeriu sua nomeação como professor de Medicina Legal e divulgador da nova Faculdade. Ele escreveu muitos anos no Correio do Povo sobre " Datas e Efemérites Rio-Grandenses", em forma de crônicas ou "Escavações Históricas"utilizando o pseudonimo de "Coruja Filho".Mas sua maior obra foi convencer o Estado a criar o "Laboratório de Antropologia Criminal" de Sebastião Leão, com gabinete fotográfico, algo inédito para época, estudado magistralmente pela historiadora Sandra Jatahy Pesavento, e mostra que o estudo dos detentos da época, não se incorporavam na teoria de Lombroso e Enrico Ferri, sobre o "facies" criminosso. Sebastião negou esta hipotese. Ele ainda foi o médico dos pobres e não cobrava consultas, ouvia as queixas dos doentes na rua, nos restaurantes, nas igrejas e nos seus consultórios mantidos em várias farmácias da época. O segundo professor de Medicina Legal da Faculdade de Medicina foi o Dr. Heitor Annes Dias que permaneceu na cátedra de 1908 até 1917, quando passou para a Terceira Clinica Medica. Foi tambem professsor de Medicina Legal na Faculdade de Direito, onde foi nomeado pós concurso. Em 1919, formou-se médico o Dr. Celestino de Moura Prunes que foi o grande professor de Medicina Legal. Relata que na época não havia cursos para formação de Psiquiatras. Tornavamos psiquiatras com a ajuda de um professor que nos aceitava como aprendiz. Hoje os cursos fundados pelos professores Paulo Guedes e David Zimmermann. Em 1954 fiz análise com do Dr. Mario Martins. Mas o Instituto Médico-Legal foi criado em 5 de dezembro de 1938, pelo decreto de Cordeiro de Farias- Interventor Federal. Embora o Instituto Médico-Legal permanecesse subordinado à Chefia de Policia, a condução Técnico-Científica foi confiada à cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Os exames laboratoriais, toxicológicos, bacteriológicos eram relalizados em Porto Alegre, no IML. O Dr. Celestino Prunes formou em sua cátedra, gerações sucessivas de médicos legistas de alto nivel técnico-científico. devido a sua eficiencia e atuação, o Estado mediante o decreto 216456 de o1-o3-1972 denominou o Anfiteatro do Instituto Medico-Legal Dr. Celestino Prunes.- Nicanor Letti. email:http: nicanor.letti@terra.com.br.

O prof. David Zimmermann

David Zimmermann, nasceu em 1917 e faleceu em 1998. Sua infância e juventude foram vividas no bairro Partenon. Ingressou na Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1941, foram seus colegas: Affonso Fortis, Alipio Kopper, Aracy Cunha Alves, Armando de Lara, Arno Burchardt, Ataides Conceição Osório, Bayard Vasconcellos, Carlos Frimm, Chackib Jaime Maluf, Claudio Cesar Moreira, Darcy Ilha, David Gusmão, Elio Lopes, Er Puglia, Fabio Medeiros Figueiró,Francisco Maineri, Gentil Borges Filho,Gustavo Tadday, Heitor Teixeira, Haroldo Stumpf, Heitor Teixeira, Henrique Bonner Licht, Henrique Ordovas Filho, Honorio Peixoto, Idalina de Freitas Lima, Irajá Ungaretti, Ismenio Palumbo, Jacob Alcalay, Jaime Copstein, Jamil Abuchaem, João Carlos Teixeira, João Rubião Hefel, José Cutin, José Martins Job, Luiz Daisson Ferrary, Manuel M.S.A da Cunha, Mario Brum Braga, Mario Moreira Daiello, Mario Gobbato, Miguel K. Russevky, Milton Medeiros, Moyses Eizirik, Neli Silva Conceição, Nilo Bastos, Nilo Conceição, Olivério Grandini, Orlando Pasquali, Paulo de Araujo, Paulo Phidias Costa, Pedro Luiz Belchior da Costa, Plauto F. Souza, Samir Squeff, Saul Messias, Sergio Pegas,Solon G. Faleck, Victor Rodrigues, Walter M da Costa, Werner Soldan. Foi paraninfo o Prof. Celestino de Moura Prunes. Quando estudante foi diretor da Revista Cientifica do Centro Acadêmico. e batalhou pela melhora do ensino em trabalho publicado no jornal "O Bísturi". Formou-se com 29 anos e trabalhava no Abrigo de Menores. Em 1953 ingressou na Faculdade como professor de Clinica Psiquiátrica, Organizava cursos e estudos sobre a psiquiatria dinâmica, pois aderira aos drs. Mario Martins e Cyro Martins que haviam regressado de Buenos Aires. Junto com Paulo Luiz Vianna Guedes, criaram um Curso de Especilaização em Psiquiatria, Logo comunicado ao Dr. José Milano, diretor da Faculdade, que autorizou o funcionamento junto a cadeira de Psiquiatria. Este curso até hoje funciona. David foi casado com Aida W. Zimmermann, e tiveram tres filhos: Sérgio (agronomo), Jacques e Heloisa(psiquiatras). David se submeteu ao concurso de Docencia-Livre em 26 de agosto de 1976. A Banca foi constituida pelos seguintes professores: Roberto Pinto Ribeiro, Jose Maria Santiago Wagner, Darcy de Menconça Uchoa, Alvaro Rubin do Pinho, Eustaquio Portela Nunes. Foi aprovado com nota 9.80 e distinção. Em 22/11/77, ZH homenageou-o e o Prof. Claudio Eizirik comemorou os 40 anos do "Curso do David" como foi denominado desde então. Nicanor Letti, site: nicanor.letti@terra.com.

Saint-Pastous - prático e realizador

Saint-Pastous ao assumir a direção da Faculdade, tinha fama de severo e cobraria dos seus colegas, sem restrições, zelando criteriosamente no cumprimento dos seus deveres. Com esta postura nas primeiras reuniões da Congregação, ouviu as queixas de todos os mestres e sentiu que eram de resolução fácil e poderiam ser resolvidos facilmente, pronunciou uma série de considerações e terminou dizendo que a maioria eram "chabacanerias", palavra espanhola com o significado de indecências, grosserias ou resmungações. Os professores ficaram indignados e espalhou-se pela faculdade a palavra e os alunos gargalhavam, imaginando coisas e até escreveram no "Bisturi" jornal do Centro Acadêmico, a palavra dita por Saint-Pastous. E ele teve desde então o apoio da estudantada. Leo Refunfuña, comentador esportivo da última Copa do Mundo, escreveu o seguinte sobre o jogo de Portugal-Holanda, "Esas chabacanerias de perder el tempo, y jugar a no jugar, tirarse al suelo a fingir, bueno, seran efectivas, pero dan pena ajena visto el comportamento de los demas equipos". Ademais em 1938-1939, estava no auge o Estado Novo do Presidente Vargas. E o diretor era íntimo de Vargas, face sua adesão a Revolução de Trinta, organizando junto com Annes Dias, o serviço médico em Jaguaraiva SC, e mais profs. Elyseu Paglioli, Thomas Mariante e o Dr. Fischer da cadeira de Ginecologia. Na diretoria de Saint-Pastous a congregação escolheu as Bancas de Exames do concurso de Docência-Livre dos médicos: Dr.Celso Machado de Aquino e Victor Rebello Miranda para clínica neurológica. E do Dr. João Carlos Gomes da Silveira para Ginecologia. Os tres foram aprovados em 1938. Em 1939, fizeram Concurso de Docência-Livre os médicos: Cezar Augusto da Costa Avila para a cadeira de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopédica. E o Dr. Heitor Masson Cirne Lima para Livre-Docente da cadeira de Anatomia e Fisiologia Patológica. No seu livro de Memórias "Páginas da Vida" Liv.do Globo, 1972, lamenta estarem vivos da sua turma apenas ele e o Dr. Oswaldo Hampe ilustre cirugião e clínico em Antonio Prado, onde viveu mais de sessenta anos. No seu livro rememora o médico do interior em Alegrete e conta inúmeras façanhas, inclusive o testemunho visual e de trabalho durante a Revolução e 1923. Vale a pena recordar e ler o árduo trabalho de médico de feridos em combate. A direção da Faculdade foi de apenas dois anos para Saint-Pastous. Houve uma desavença entre ele e o Reitor Aurélio de Lima Py, cujas causas não conseguimos detalhar. Saint´Pastous, foi Reitor de 1943-1944, nomeado por Vargas. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com/

O prof. Antonio Saint-Pastous de Freitas

O Prof. Antonio Saint-Pastous de Freitas, nascido em Alegrete (RS), a 11 de fevereiro de 1892, fez os estudos primários em sua terra natal nos Colégios Carlos Cruz e Otavio Arenz, e os secundários no Ginásio N. S. da Conceição, em São Leopoldo. Ingressou na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre em 1910, e formou-se em 1915 defendendo tése de doutoramento sobre: "Otomicose". Foram seus colegas de turma: Alcebiades da Silva Barreiros, Alcides Escobar Guimarães, Alcides Pinto Bandeira, Angelo Nilo Gaffré, Artidor da Cruz Ortiz, Breno Cardia Alves, Carlos Antonio Kluwe, Cecilio Monza, Ernesto Biaggini Legerini, Hermes Pintos Affonso, Hildebrando Humberto Varniere, Hildebrando Westphalen, Isidro Heredia Filho, João de Deus Barbachan, Jose Athaydes da Silva, Julio de Castilho França, Lourenço Jordan, Norberto Vianna Vasconcellos, Oscar Geyer, Oswaldo Hampe, Rodolfo Casanova Ferreira, Romualdo Garibaldi, Salucio Brenner de Morais e Thomaz Larangeira Mariante. Saint-Pastous foi médico, pecuarista e escritor. Como médico especializou-se em Clinica Medica, Radiologia e Cancerologia. Frequentou cursos de aperfeiçoamento em Paris, Berlim, Viena e Munich. Na Argentina em 1933, Em Montevideu 1916 e 18. Esteve cursando nos EE.UU. em 1941. Em Atlantic City no Congresso de Hospitais, e em Cincinnati no Congresso de Radiologia, o qual foi fundamental para sua dedicação e formação em Radiologia. Pois mais tarde abriu em Porto Alegre a primeira Clinica de Radiologia. Em 1935, conquistou a cátedra de Clinica Medica em concurso famoso concorrendo com o Prof. Nino Marsiaj. Na Revoluçao de 1930, foi desde seu inicio apoiou sua execução junto com seu conterraneo famoso Oswaldo Aranha, e na preparação da luta, organizou um Hospital de Campanha no norte do Parana, inclusive com a instalação de um aparelho de Rx portatil. Foi o fundador da Enfermaria 27 da Santa Casa onde estudaram e ensinaram inúmeros alunos e professores. Na posse da cátedra (Terceira Clinica Médica da FM), foi saudado pelo Prof, Gonçalves Vianna. Foi diretor da Faculdade de Medicina em 1937 e 1938.E Reitor da Universidade Federal do RS em 1943 e 1944. Foi casado com a Sra. Hilda Saint Pastous e tiveram os seguintes filhos: Paulo (médico), Ilka, Ilza, Flavia, Antonio Carlos e Vera. Ele faleceu em 28 de setembro de 1976/ Nicanor Letti, site: nicanor.letti@terra.com.

E tudo começou no Alegrete....

Em 27 de fevereiro de 1915, em Alegrete RS. surgiu a primeira "LIGA MÉDICA", seu berço foi a Farmácia Popular de Péricles Silveira na Praça Nova, hoje General Osório. Eis a nota histórica do acontecimento registrado na edição de 27 de fevereiro de 1915 pela Gazeta: não foi a reunião de um grupo de médicos, mas se lançava e liderava uma idéia. Estiveram presentes os Drs. Alpheu Bicca de Medeiros, Alexandre S. Lisboa, Juvenal Saldanha, Severino Sá Britto, João Cardoso de Menezes e Syllo Teixeira da Silva por procuração. Entre outros assuntos, ficou decidido, unanimemente, o seguinte: de agora em diante só serão recebidos como médicos, nas relações dos presentes: 1. Os médicos diplomados pelas Faculdades oficiais ou equiparadas do Pais. 2. os médicos estrangeiros cujos diplomas sejam revalidados nas Faculdades acima referidas. 3. Os professores das Faculdades estrangeiras. 4. Os médicos estrangeiros de reconhecido valor cientifico. 4. Ficou resolvido, também, solicitar o apoio dos médicos do Estado, que preencham as clausulas acima, por meio de circular, na qual se aventará a ideia da reunião de um Congresso para tal fim. Foram aclamados presidente e secretário da LIGA, respectivamente os Drs. Alexandre S. Lisboa e Alpheu Bicca de Medeiros. o Dr. Alpheu viajou para Porto Alegre, e convidou para uma reunião no Grande Hotel e compareceram: Olinto de Oliveira, Serapião Mariante, Carlos Wallau, Jacinto Gomes, Firmo David, Heitor Annes Dias, Guerra Blessmann, Arthur Franco, Aurélio de Lima Py, Moisés Menezes, Otávio de Souza e Dioclécio de Pereira. Resolveram convocar o "Primeiro Congresso Médico do Estado e colocaram como patrono o Dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado e outros positivistas. Mas Borges primeiro aceitou mas dias depois emitiu uma declaração pública: "que o intuito dos médicos alegretenses era de discutir a adoção de indébitas discussões sobre a liberdade profissional, coisa sagrada da constituição de Julio de Castilhos". Replicaram a carta de Borges e sua renúncia no papel de patrono, os Professores: Olinto de Oliveira, Guerra Blessmann e Alpheu B. de Medeiros. E o Congresso foi mantido, com grande repercussão em todo o Estado. Nesse interim ocorreu a morte do senador gaúcho Pinheiro Machado. E o Congresso devido ao luto e os espíritos descontrolados em todo o Estado, transferiu o Congresso para Maio de 1916. Mas foi novamente adiado e finalmente seria realizado em 1926, no mesmo local da Faculdade de Medicina ou seja no seu Salão Nobre, onde tres anos depois, foi o local que Getúlio Vargas assumiu a Presidência do Estado, escolhido por ele mesmo, para fazer as pazes com os médicos. E o Dr. Antero Marques, descreve o Congresso de 1926: soubera que Borges não permitiria a discussão da liberdade profissional, mas o Dr. Simões Lopes de Pelotas toma a palavra e inicia a fala sobre este assunto. Logo Fernando Magalhães e Miguel Couto que presidiam os trabalhos, encerram o reunião e foram vaiados pelos estudantes, principalmente ao descer as escadarias. E o congresso não se realizou. nicanor.letti@terra.com.


Dr. Oscar Bernardo Pereira

Oscar Bernardo Pereira nasceu em primeiro de novembro de 1901, em Porto Alegre, fillho do Comendador Manoel José Pereira, de nacionalidade portuguesa, e de Belmira Martins Pereira, brasileira, e irmão de Manoel José Pereira Filho. Os estudos primarios e secundarios no Colégio Anchieta, e formou-se médico em 1924, defendendo a tése de doutoramento, na formatura. Na Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre. "O fenomeno de D'Herelle e as infecções pelos Bacilos Coli e Dysentéricos" sendo aprovado com distinção e ganhando medalha de ouro e o Prêmio Oswaldo Cruz. Foram seus colegas os Doutores: Alcides Alves da Silva, Alfredo Rodolfo Mariath, Ervin Wolffenbuttel, Felippe de Freitas e Castro, Gastão Barbedo de Noronha, Horacio Miguel Porcello, Huberto Wallau, Jose Meurer, Leonidas Soares Machado, Nelson Carlos Renk, Pedro Fantin Filho, Rivadavia Severo,Victor Hugo Ludwig, Waldemar da Silva Job. Paraninfo da Turma: Prof. Annes Dias. No ano de 1924, estagiou no Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, Rio de Janeiro. Em 1925 casou com a srta. Adyla Leopoldina May. Tiveram tres filhos: Oscar Belmiro May Pereira, Izabel Maria May Pereira e Manuel Adolpho May Pereira. Oscar e Manuel seguiram a carreira do pai e especializaram-se nas doenças infecto-contagiosas. Em 1926, fez o concurso de Docencia-Livre em Microbiologia, defendeu a tése: "Ionometria nos meios culturais" Junto com seu irmão lideraram a construção do Hospital Sanatório Belem, e Oscar foi diretor de 1944 até 1952. Alem disso teve intensa atividade universitária onde foi notavel professor e tambem secretário da Faculdade na diretoria do Prof. Raul Moreira da Silva. e obteve junto ao Pres. Getúlio Vargas autorização para iniciar as obras do Hospital das Clinicas, e mandou fazer um portão circular de frente na avenida Protasio Alves com os dizeres "Hospital de Clinicas da Faculdade de Medicina". Outra iniciativa própria do seu espirito idealizador- Foi convidar os jovens de todos os clubes de Porto Alegre, de levantar todos os postes para a linha eletrica do Hospital Belem. num só domingo, enquanto atras seguiam os técnicos da energia elétrica colocando os fios. Nlo fim de um dia - domingo- conseguiram eletrificar a zona do Hospital Belem. Oscar faleceu com somente 52 anos e fez tantas coisas. Nicanor Letti. site:nicanor.letti@terra.com.br

Dr. Manuel Pereira Filho

Manuel José Pereira Filho, nasceu em Porto Alegre em 1o/02/1888. Diplomou-se em em 1910 em Medicina, defendendo a tése: "Incompatibilidade medicamentosa" aprovado com grau máximo. Foram seus colegas de turma: Benjamin Torres, Fernando de Freitas e Castro, Henrique Ignacio Domingues, Manoel Cypriano de Avila e Vicente de Paula Dutra. Foi paraninfo o Prof. Luis Masson. No Instituo Oswaldo Cruz ele cursou em 1913, curso de especialização de Microbiologia e Zoologia Médica. Em 1915 o provedor da Santa Casa nomeou-o adjunto do setor de Parisitologia. Em 1916, fundou o Instituto Pereira Filho, construindo um´prédio na esquina da
Voluntarios da Pátria, reconhecido como de utilidade pública pelos seus trabalhos: foi nomeado bacteriologista da Diretoria de Higiene de Porto Alegre em 1920. Examinou, pela primeira vez, as águas do Rio Guaiba, Jacui e Caí, para localizar os melhores pontos de captação de águas para o abastecimento público. Em 1930, a Santa Casa nomeou a Enfermaria 24 (pele e sifilis) com o nome do pai: Manuel Jose Pereira. E nomeou o seu filho Manuel seu Diretor efetivo. Ajudou com as verbas da Instituição Federal que dirigia construiu o Pavilhão Pereira Filho, hoje um grande centro de pneumologia, e de transplantes pulmonares do Brasil. Teve um fihlo o Dr. Arthur Pereira, exímio cirurgião, que nos deixou muito cedo, com seu falecimento em plena atividade. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra.com.br

Serviço de Pneumologia -FM-Santa Casa

Os fundadores do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Misericordia, em 1966 decorreu basicamente das verbas providas pelo governo Federal no Governo Vargas, quando Pereira Filho foi Ministro de Saúde. Os fundadores estão numa fotografia tomada de toda a equipe de professores, assistentes e médicos atendentes que é um documento chave na história do Pavilhão. Ele se organizou em 1966, quando o professor José Fernando Carneiro foi contratado para organizá-lo. Ve-se na foto sentados da E-D na primeira fila: Dr. J.J. Martins Weber, visitante, Funcionario da Casa Lohner, Dra. Vera Vieira, Dr. Danilo Tschiedel, Prof. José Fernando Carneiro, Dr. Ivan Leite Faria Leite, Dr. Bruno Carlos Palombini, Dr. Nelson da Silva Porto. Dr.João Carlos Prolla, Dr. Emanuele Francesco Nicola de Vita, Dr. Silvio Eifler, - Na segunda Fila: Dr. Noé Zamel, Dr. Jacob Coster, Dr. Moacir Scliar, Dr. Paulo Kok Baddo, Funcionario Amauri, Diva (secretaria), Dr.José da Silva Moreira, Terezinha Curtinova, Laborista Homero, Ir. Ranieri, Dr. Sergio Student, Secretaria Luzia, Dr. Sergio Porto, Dr. Raul Scwartz, Enfermeira não identificada, Edison Abreu, Secretaria Edith Friedrich, Enfermeira Debora, Dr. Clovis Heitor Tigre, Dr. Milton Golbert, Dr. Francesco Virgilio Scornavaca, Dr. Julio Lopes da Silva, Dr. Carlos Alberto Cozzi Mesquita, Dr. Henrique Wiehe, Paciente Eva. Nicanor Letti - site nicanor.letti@terra.com.

O Prof. João Gomes da Silveira

João Gomes da Silveira foi um dos melhores ginecologistas do RS, nasceu em Cruz Alta, RS, em 16/o4/1913. Cursou o primário e o secundário no Colégio Marista de Santa Maria. Sua facilidade de escrever e dizer, atuou no jornal "Sul-Brasil", escrevia artigos sobre a emancipação de Tapanciretã, povoado fundado por seu bisavo paterno. Acometeu-se de TBC quando viajava para o Rio para cursar Direito e trabalhar com João Neves da Fontoura. Mas depois de curado, fez vestibular na Faculdade de Medicina de Porto Alegre e ingressou em 1930. Apoiou a Revolução de Trinta e esteve engajado com as forças que foram em direção ao Rio, na coluna de Flores da Cunha. Após a volta do Rio, desenvolveu atividades jornalisticas no" Diário de Noticias". Sua formação ginecológica foi como discipulo de Arthur Grecco, Vicente Caruso, e do prof. Homero Fleck e Paulo Krieger da Enfermaria de Sarmento Leite a (quinta). A formatura da sua turma (1935) foi adiandada, pela comemoração do Centenário da Revolução Farroupilha, em 20 de setembro. Viaja para o Rio e durante seis meses e frequentou o serviço do Prof. Jayme Poggy seu padrinho. Na volta resolveu ir trabalhar em Ana Rech, distrito de Caxias do Sul, dedicando-se a clinica e a cirurgia Geral, e dominava a anestesia raquidiana. Numa festa, no quarto ano da Faculdade, oferecida por Thomas Mariante, conheceu a srta.Cely Tavares Py, filha do Prof. Aurélio de Lima Py, irmã do seu colega Ayrton Tavares Py. Casaram-se em 20 de julho de 1936. Em 1937 vai para Caxias do Sul onde havia estrutura hospitalar. Em Caxias escreveu sua tese sobre "Endometriose do ovário"foi auxiliado pelo patologista Waldemar de Castro. Em 1938, faz o concurso de Livre-Docente é aprovado, e em março de 1939 toma posse como Assistente de Ensino da cátedra de Ginecologia, cujo catedrático era o Prof. Martim Gomes. Cinco anos depois é novamente aaprovado em prineiro lugar para catedrático interino. Assume a cátedra, mas cinco anos depois demite-se , discordando de atitudes tomadas pela Faculdade de Medicina. E assim termina a vida academica como professor na UFRGS e vai se distinguir em outra Faculdade como grande ginecologista, romancista e tradutor este que foi uma das grandes conquistas da Faculdade de Medicina, perdendo-o com uma incoerencia inasceitavel para os meios academicos. Uma triste história para a FM, mas um grande mérito de quem aproveitou a genialidade de João Gomes da Silveira. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra,com.

O Prof. Décio Martins Costa

Décio de Almeida Martins Costa, nasceu em 15 de agosto de 1900 em Porto Alegre. Cursou os preparatórios no Colégio Anchieta e ingressou na Faculdade de Medicina e Farmáccia de Porto Alegre em 1917. Seus colegas de turma foram: Antenor de Almeida Nunes, Avelino Steffens, Felix Engel Filho, Gastão Godinho de Magalhães Rhodes, Henrique Muller de Barros, João Mozart de Mello, Joaquim Ribeiro Louzada Netto, Jose Carlosde Araujo Gertum, Luciano Raul Panatieri e Octacilio Vargas. Foi paraninfo o Prof. Fernando de Paula Esteves. Tornou-se doutor em medicina pela defesa tese com grau 1o. Desde o ano da formatura clinicou em Lajeado, onde permaneceu durante seis anos. Em 1928, fez o curso da especialidade em Pediatria no Rio de Janeiro com o Dr, Martinho da Rocha. Terminado o curso no Rio, foi para a Alemanha junto com seu amigo Dr. Carlos Hofmeister, onde fizeram um curso de especialização em Berlim, na "Charité Kinderklinik" sob supervisão do Prof. Adalberto Czerny, chefe de Escola Alemã de Pediatria, foi assistente de Pediatria e exerceu grande atividade com os professores Sciff, Farzer, Eliasberg e Opitz, Em 1930, fez o curso de Higiene Infantil do Prof. Lerebout de Paris.No mesmo ano acompanhou o curso de dermatologia infantil, com Urbach em Viena. Após todo este esforço de formação, voltou em 1932 e casou com Dna. Nelia Martins, com ela teve cinco filhos. Em 1932, obteve o título de "docente-livre" da Faculdade de Medicina, com a tése "Da tuberculose e no terreno sifilitico" e foi aprovado com distinção e foi nomeado assistente da Cadeira de Pediatria e Higiene Infantil da UFRGS, e teve uma famosa vida politica. Foi idealizador e diretor por 10 anos da Hospital da Criança. Existe uma foto onde aparece o corpo docente da Pediatria dos anos 40, 50 e 60 onde estão os Professores: Raul Moreira catedrático, com seus assitentes: Decio Martins Costa, Maria Clara Mariano da Rocha e Estela Budianski. Mas o Professor Décio Martins Costa nos deixou repentinamente: No dia 26 de agosto de 1963, numa reunião no auditorio situado a direita da entrada da FM Décio apresentava um professor alemão: Hans Georg Hansen da Universidade de Kielh, da Alemanha sobre o tema "Hemopatias Infantis" e ao apresentar o prof. alemão......ele não conseguiu prosseguir caindo sobre a mesa, sendo amparado pelo alemão e pelo seu amigo Carlos Hoffmeister, estava morto. Foi uma angustia pela familia e a faculdade, falou no enterro, seu colega de partido politico o Dr. Orlando da Cunha Carlos. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com.br

As Faculdades Positivistas

A luta contra a Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, durou muitos anos, foi tambem estímulo para a luta politica contra a estrutura montada por Borges de Medeiros, que nunca terminava, com altos e baixos. Apoiada por deputados federais castilhistas fundaram uma Faculdade de Sciencias Médicas, escreveram os seus estatutos em 1917, e foram impressos nas Oficinas Gráficas da "A Federação", não estão assinados e nem o grupo que os escreveu. Tenho um exemplar. Ela nunca funcionou. Mas em fevereiro de 1915, foi criada a "Escola Medico-Cirúrgica de Porto Alegre", como afirma Beatriz Teixeira Weber em sua Tése de 1999: "As artes de curar: Medicina, Religião, Magia e Positivismo na Republica Rio-Grandense. E o trabalho: Positivismo e ciencia médica no RGS: a Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Sua fundação coincidiu com a primeira nomeação para diretor da Faculdade Oficial do Prof. Eduardo Sarmento Leite da Fonseca. Tenho em mãos seu Estatuto, foi impresso pela Livraria do Globo em 1929. O curso desdobrava-se em cinco anos, que é uma cópia de outras faculdades só com duração de cinco anos. E na obstetricia tinha um curso para parteiras. e permitiam duas classes de alunos os regulares e os ouvintes. Não foram autorizados a atuar na Santa Casa de Misericórdia. Apesar do Dr. Dioclécio Pereira ser dessa Faculdade e ao mesmo tempo Provedor. Outro disparate da Medico-Cirurgica foi no segundo ano de funcionamento em 21.12.1916, fazer uma solenidade de colação de graus de doutorandos. Ademais um processo contra dois presidentes de Instituições Academicas que ofenderam o ensino e ridicularizava a Médico-Cirurgica, foram absolvidos em segunda entrancia e seu advogado foi o Dr. Adroaldo Mesquita da Costa, dissecou todo o absurdo e o mau ensino que praticavam. Ela foi fechada em 1932, no decreto de Vargas , ainda vigorando, da regulamentação médica no Brasil. Mas tinha uma construção do Alto da Bronze, onde eram ministradas as aulas teóricas e as práticas eram realizadas no Hospital da Brigada Militar. A sua sede no alto da Bronze, anos após, tornou-se a Auditoria Militar. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra,com.br

O Dr.Alexandre de Argollo Mendes

O dr. Alexandre de Argollo Mendes, faleceu no ano de 201o com 102 anos. Foi professsor de Otorrinolarigologia da Faculdade de Medicina de Porto Alegre durante mais de 50 anos. Foi Livre-Docente. E formou-se com a turma de 1931. Deixou-me quatro paginas manuscritas sobre sua vivencia na Santa Casa. Descreveu em suas memórias: "Iniciei minhas atividades no Ambulatorio 15, da Santa Casa por volta de 1928, a convite do saudoso prof. Alberto de Souza, lá tambem trabalhavam os médicos: Diogo Martins Ferraz e Otaviano Silveira Martins (capitão médico) e João Guilherme Valentim. O ambulatorio funcionava numa modesta casa de madeira no local onde hoje se encontra a Pavilhão Daltro Filho. Apesar da precariedade das instalações o atendimento era numeroso e em bom nivel. As aulas eram práticas e operavamos diariamente: amigdalas, seios da face, septos etc. Todo o atendimento era inteiramente gratuito. O que não impedia que um ou outro caipira, de vez em quanto nos oferecia uma nota de cinco-mil-reis para tomar ma cerveja(sic). Em 1929, juntou-se a nos, tambem como interno, o saudoso colega Julio Ethur Bocaccio que colaborou por muitos anos. Formado em 1931, defendi tese, feita no Ambulatório sobre o "Vacuum Sinus de Sluder". Em 1932, fui trabalhar em Pelotas onde permaneci até 1936. De regresso fui chamado pelo Prof. Alberto que me intimou a regressar ao meu posto no Amb. 15. Onde me conservo até esta data. Encontrei na regencia da cátedra o Dr. Antonio de Souza e outro livre-docente o Dr. A.S. Mascarenhas.Mas foi meu grande amigo o Dr. Antonio a quem devo a minha contratação como instrutor de ensino. Entrando, portanto, no corpo docente da cadeira onde permaneci até 1976 quando me aposentei. Continuei, entretanto a trabalhar no setor indo diariamente ao ambulatorio da Santa Casa. Lá conheci o dr. Ivo Kuhl, Israel Schermann, Oswaldo Muller, Dalva Agostini, Simão Piltcher, Simão Brunstein, Simão Sprinz, Arnaldo Linden, J.P. Correa Soares, e muitos outros. Quanto a enfermagem no inicio era feita por uma irmã de caridade apos veio a saudosa Enf. Edwiges que permaneceu até falecer. Não posso esquecer a decisão do concurso de cátedra que ganhou o Dr. Moises Cutin, onde permaneceu seis anos e se aposentou voltando para São Paulo. Durante a regencia interina do Dr. Antonio de Souza entre 1936 até 1964, ele organizou cursos e convidou professores do exterior para conferencias no Ambulatorio. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra.com.br

A cadeira de Otorrinolaringologia

A Otorrinolaringologia começou a ser praticada na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre nos anos de 1898 pelo Prof. Victor de Britto, formado médico na Bahia. Especializou-se em 1884 e 85 em oftalmologia e otorrinolaringologia em Paris com os Drs. Wecker, Pannes, Terrien e Lapersonne. Em 1898, foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina, e no ano de 1903, esteve novamente em Paris com o Prof. Raymond e em Viena com Adam Politzer e Wiesel. Fundou o serviço de Olhos da Santa Casa de Misericordia, onde tambem atendiam as doenças de ouvidos, nariz e garganta. Ministrou aulas de Otorrino até 1915, quando passou a ser somente professor de oftalmologia. De 1916 a 1919, a cadeira foi lecionada pelo Dr. Julio Hecker que havia se aperfeiçoado em Berlim, Viena e Barcelona e trouxe o primeiro endoscópio com luz na extremidade chamado aparelho de Brunninger, e fazia demonstrações públicas com o referido endoscópio. Em 1920, Julio Hecker se afastou da cadeira por problemas de saude e foi substituido pelo Dr. Diogo Ferraz, mas no ano seguinte a Congregação nomeou o Dr Julio Velho que regeu a cadeira até 1925. Em 1926 a cadeira passou para o Dr. Alberto de Souza e foi nomeado catedrático por decreto de Vargas em 1932, logo apos a federalização da Faculdade de Medicina. Com a construção do Pavilhão Daltro Filho a otorrino instalou-se no andar térreo com0 ambulatorio 19, onde haviam boxes para exame dos pacientes e uma pequena sala cirurgica onde toda uma geração de otorrinos se formaram. Trabalharam na Otorrino professores que fizeram Livre-Docencia: foram Antonio de Souza, Satayana Mascarenhas, Alexandre Argollo, Israel Schermann. E os voluntarios como Julio Boccacio, Ivo Barbedo, , João Paulo Correa Soares, João Valentim Dalva Agostini. O Ambulatorio 15 funcionou até 1975, quando foi transferido para o Hospital de Clinicas. O Prof. Alberto de Souza aposentou-se em 1956 e faleceu em 30 de dezembro, fizeram docencia em 1957 Ivo Adolpho Kuhl, em 1964 Roberto M. Neves Pinto, em 1974 Valdomiro João Zanette. Submeteram-se ao concurso de Docencia-Livre os seguintes médicos: em 1976 Fernando Carneiro da Cunha e Oswaldo Bruno Muller. A cadeira foi regida pelo Dr. Antonio de Souza, Livre-docente, nomeado pela Congregação até 1969. Em 1958, com a Direção da Faculdade do Prof, Milano, que conseguiu abrir concursos para catedráticos, na Otorrinolaringologia. Apresentaram-se e inscreveram-se para o concurso de catedrático os Profs. Ivo Adolpho Kuhl e o Dr.Moises Cutin que exercia a disciplina em São Paulo. E a congregação escolheu a banca examinadora e a data. Foram designados pela Faculdade os professores Paulo Tibiriça e Fradique Correa Gomes, e de fora os professores Geraldo de Sa de Recife, Arthur Kós do Rio, e o prof. Raphael da Nova catedratico da Faculdade de São Paulo. O resultado foi uma surpresa,a nota final foi mais alta para o Prof. Ivo, mas os tres professores de fora, aprovaram em primeiro lugar o Prof. Cutin que teve tres indicações e saiu vencedor. O Dr. Ivo continuou brilhantemente com seu serviço de Endoscopia no Hospital São Francisco, e tinha agora duas docencias na Faculdade. O Dr Cutin deu aulas alguns anos, e sua esposa uma perita Bibliotecária organizou a Biblioteca da Faculdade. O Dr. Moises Cutin permaneceu na cátedra até 1964 e voltou para São Paulo. A congregação chamou o Dr. Ivo Kuhl para reger a cadeira como interino, mas na Direção do Ministerio da Educação sob Jarbas Passarinho, todos os professores interinos foram integrados como catedráticos, na Faculdade de Medicina de Porto Alegre vários professores se beneficiaram com o ato do Ministerio. Ivo Kuhl, sofreu do resultado do concurso, mas foi quem introduziu a moderna cirurgia do ouvido em Porto Alegre e desenvolveu de maneira notavel a endoscopia diagnostica. Em 1974 a cadeira foi se transferindo aos poucos para o Hospital de Clinicas, onde novamente tomou o nome de cadeira de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. Ademais houve outra decisão do Prof. Reitor Eduardo Faraco, que os professores poderiam se adaptar em outras cadeiras, foi como eu migrei para a Otorrino legalmente. O mesmo foi permitido aos professores de eletricidade dos primeiros anos da Engenharia foram para as disciplinas de informatica. Nicanor Letti ´site: nicanor.letti.@terra.com.br

Florêncio Ygartua e a pediatria

Em fins de 1928 fazia concurso para docente-livre da Cadeira de Clinica Pediatrica Médica e Higiene Infantil, o Dr. Floremcio Ygartúa, e nomeado para esse cargo, em 28 de novembro de 1925. Nessa ocasião, defendeu sua tese, que se tornou célebre, como trabalho pessoal, sobre Heine Medin. Nasceu em Montevidéu em 11 de setembro de 1892. Brasileiro naturalizado. Iniciou seus estudos no Colégio N.S. da Conceição de São Leopoldo. Terminado o curso preparatorio matriculou-se na Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre, tendo-se formado farmaceutico em 1911. Depois de vários anos de atividade nesse ramo da profissão, ingressou na Faculdade de Medicina, diplomando-se médico em 1923, cuja tése sobre: "Contribuição ao estudo dos fermentos láticos e sua aplicação nas perturbações digestivas do lactente", foi aprovada com distinção. Assistente, desde então, do Prof. Raul Moreira, fez em 1925 docencia-livre de Clinica Pedriatica Medica e Higiene Infantil, tendo defendido tese sobre a "Doença de Heine-Medin", documentação preciosa colhida, durante uma epidemia de Poliomielite aguda infantil, por ele observada em Montevideo. Onde foi discipulo do célebre Prof. Luis Morquio. Para este cargo tomou posse em 28 de novembro de 1925. Tomou ´parte, como representante oficial, emvários congressos e conferencias, no Brasil, Uruguai e Argentina. Em 1941, no dia 21 de julho, ecoou, dolorosamente a noticias da morte súbita do grande mestre. O luto avassalou a cidade, e foram-lhe prestadas excepcionais homenagens e na Sociedade de Medicina, da qual fora presidente, consagrado em sessão especial, na qual falaram seu presidente Alvaro Barcellos Ferreira e Raul Pilla. - Nicanor Letti- site: nicanor.letti@terra,com,br.

A equipe formada na Pediatria

O trabalho notavel da cadeira de Pediatria e seus professores foi tão util que formou uma pleiade de médicos cujos principais representantes foram os seguintes: os Drs. Antonio Spolidoro, Enio Rotta, Henrique Rigatto, Renato Fiori, Ercio Amaro de Oliveira, Nilo Milano Galvão, Silvio Drebes, Jose Luiz Pitrez, Jose Candido da Rosa, Ernani Miura, Mauro Bohrer, Ariel Azambuja de Freitas, Paulo Roberto Carvalho, Humberto Antonio Rosa, Boaventura Antonio dos Santos, Themis Reverbel da Silveira, Eliana Andrade Trotta, Ari Carlos Fleck, Claudio Paiva, Danilo Blank, José Adroaldo Oppermann, Clovis Weissheimer, , Edila Salvagni, Elsa Justo Giugliani, Elsa Mello, Flavio Uberti, Gilberto Eckert, Jefferson Piva, Jose Fernando Horn, Manuel Rutkay Pereira, Marco Aurelio Costa, Noemia Goldraich, Paulo Mosca, Paulo Zelinsky, Renato Procianoy, Renato Termignoni, Ricardo Mombach, Sonia Lueska e Vulpius Horta. Nicanor Letti site nicanor.letti@terra.com.br

A cátedra de Pediatria

O ensino da Pediatria da Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre foi organizada pelo eminente professor: Dr. Olympio Olinto de Oliveira, era ministrada no ultimo ano do curso, com programação teórica e prática excelente, de 1904 a 1917. O Dr. Olinto, de repente, queria que a Congregação permitisse sua transferencia para a Clinica Medica, pois seu titular o Dr. Ricardo Masson falecera. A Congregação ficou pasmada perante atitude desagradavel. Ele fundara o Instituto de Artes, era um musico e intelectual reconhecido, escrevia artigos colocando o positivismo numa situação ridicula, e assinava suas criticas com pseudomino, mas todos sabiam quem era. Os estudantes fizeram abaixo-assinados para sua permanencia. Ele não escutou ninguem, mandou-se para o Rio de Janeiro e foi um grande pediatra e inaugurou inumeras benfeitorias para as crianças. E a Congregação firmou-se como entidade de base e autoridade máxima, como devia ser. Perdeu um grande professor mas não perdeu sua dignidade.Colocou-o num "Honoris Causa". Em 3 de abril de 1918 abriram o concurso para professor substituto das Cadeiras de Clinica Pediátrica Médica e Higiene Infantil e Cllinica Cirurgica e Ortopédica. O Dr. Raul Moreira da Silva neste concurso defendeu duas teses, para as duas cadeiras e foram aprovadas com distinção. E colocou o ensino de Pediatria como uma das cadeiras de ensino distinguidas por mais de 40 anos. Em 28 de fevereiro foi nomeado catedrático. Viajou para Estocolmo e assistiu o Segundo Congresso Internacional de Estocolmo e apresentou dois trabalhos que foram elogiados e em 1941 exerceu a Diretoria da Faculdade de Medicina. E aposentou-se. Em 1932 o Dr. Décio Martins Costa, submeteu-se ao exame de Docencia-Livre e foi admitido como assistente, e ao mesmo tempo iniciou seu trabalho maior a construção do Hospsital da Criança, e viajou para a Alemanha onde se aperfeiçou e trouxe as ultimas novidades em pediatria. Tambem se envolveu na politica como deputado e candidato a governador mas não teve sucesso. Em 26 de agosto de 1963, faleceu repentinamente quando assistia uma aula de um mestre alemão, em pleno anditorio da Faculdade de Medicina. Foi substituido pela Dra. Maria Clara Mariano da Rocha, que havia defendido tese de Docencia-Livre em 1943. E o ensino continuou. Em 1951 Estela Budianski defendeu tese de Livre-docente de Pediatria. E teve aprovada pela Congregação um curso independente, que ministrou para 30 alunos por dois anos. Aberto o Concurso para catedrático de Pediatria. Inscreveram-se : Maria Clara Mariano da Rocha e Estela Budianski, mas o concurso foi interrompido por Maria Clara ter sofrido um mal súbito. Mas ela melhorou e continuou o ensino e lá formaram-se uma elite de pediatras que alguns foram para o Hospital de Clinicas. E lá criaram a nova Pediatria, que um dia será contada. pois minha historia termina quando a Faculdade se transfere para o Hospital de Clinicas em 1974. Nicanor Letti -site: nicanor.letti@terra.com.br.

O doutorando Moacyr Scliar

Moacyr Scliar, no jornal dos estudantes da Faculdade de Medicina "O Bisturi", escreveu no número de jan-fev de 1961 o seguinte texto: "FISIOLOGIA DE UM JOVEM". E nos permitiu reproduzí-lo neste Blog. -----Sendo adolescente, acordou naquela manhã completamente exausto após as aventuras no reino dos sonhos, que foram várias. Estava roto: os musculos doiam, os ligamentos estavam flacidos, e o rosto era uma lamentavel massa de cabelos doidos cobrindo olhos avermelhados. No entanto, e mostrando um desprezo irritado pela lavagem de dentes, dirigiu-se à cozinha, onde despejou fornalha abaixo, café, bife, ovo, pão, queijo, manteiga. As células vibraram ao receber a reconfortante carga de calorias, e só então, e realmente despertaram. Com o que ele lavou-se e cobriu o conjunto com a camisa vermelha, calças azuis e sapatos italianos, sentindo-se apto a participar da luta pela vida. Abriu a porta do hangar e deslizou para fora. Sob o sol das dez horas, a larga avenida escorria tranquila seu asfalto cinzento. Uma brisa enfunou sua camisa e ele, caravela, partiu glorioso e lento. Seu destino era o pouco importante: era preciso assobiar e ele o fez com ritmo, cuidado e entusiasmo, cônscio que os olhos da humanidade estavam sobre ele. Em breve verificou que, sendo a vida curta e a tarefa urgente, jamais chagaria sem um bonde. Tomou-o, pois, num instante em que os dois motores trabalhavam em ritmo lento. Ali haviam vários anuncios que foram logo captados por sua central cerebral, e rejeitados porque lembravam a infancia. Com mais interesse percorreu os bancos e não tardou a encontrar a morena dos seus sonhos, à qual as supra-renais reagiram como de costume, lançando na circulação os hormônios necessários. Começou pois a trabalhar silenciosamente, e só um crispar dos punhos agarrados no suporte mostrava a atividade intensa. A morena ollhou-o, e de golpe desviou sua cabeça de cento e oitenta graus sobre o eixo do pescoço. Voltou mais lentamente, para receber nova descarga que dificilmente suportou, até que foi obrigado a aceitar o fato novo, inaudito e terrivel de que morena o contemplava. Diante disto, houve um alarma geral em seu organismo, e torrentes de adrenalina fluiram no corpo. O coração foi motor de alta potencia, mas os intestinos experimentaram uma cólica covarde. O sangue abandonou a metade superior, deixando um rosto pálido e foi para as pernas baterem como bielas, obrigando uma das mãos a mergulhar no bolso. A morena olhava-o. Ele suplicou a todos os deuses que ela não fizesse tal coisa, mas ela fazia e lá estava ele desamparado, perante toda a masculinidade irritada esperando que ele cumprisse com seu dever. Então a cabeça baixou, antes tombou e ela correspondeu com um aceno calmo e distraido, que foi um novo soco nos peitos. Estava apenas em recuperação, quando ela desceu do bonde, e ele, num gesto de sublime loucura, consolando-se que estava perto. Ela avançava com garbo, e ele rastejava atras. Até que ela se deteve à porta de uma casa, e ficou procurando a chave na bolsa. Em dez passos ele a alcançou, engasgou um olá e ficou desarvorado. Olá, disse ela gentilmente, e aguardou. Dele nada mais saiu, pois agonizava branco e tremulo. A morena, então, pos-se a falar com a vizinha do outro lado, deixando-o no fogo cruzado das rajadas de amabilidades. Uma raiva cruel chicoteou-o, e ele juntando seus ultimos frangalhos, reagiu. Respirou fundo ergueu a cabeça e perguntou com a derradeira dignidade: Onde é que se vende cadeados? Recebeu uma resposta qualquer, e conseguiu partir, de cabeça erguida, em busca das mulheres que o esperavam lá pelos seus vinte anos. Nicanor Letti ´site: nicanor.letti@terra.com.br

O Dr. Raul Di Primio

Raul Di Primio nasceu em Porto Alegre e nos primeiros anos de sua juventude, foi para Santa Maria com seus pais. Onde cursou o ginásio. Durante o curso secundário interrompeu os estudos e viajou para a Italia. Regressou ao Brasil e completou seus estudos secundários no Rio de Janeiro ingressando, apos vestibular, na Faculdade Nacional de Medicina. Quando cursava o quarto ano, procurou o Instituto Oswaldo Cruz onde foi inteirado dos propósitos de quem podia cursar eram somente médicos formados. Mas teve a paciencia de falar com o proprio Oswaldo Cruz, e não tardou a reposta permitindo cursar o Instituto, já afamado pelos seus trabalhos. Seus mestres Oswaldo Cruz, Adolpho Lutz, Beaurapier Aragão, Arthur Neiva deixaram traços marcados em sua personalidade. E ainda em Manguinhos defendeu tese de doutoramento, e trabalhou na Policlinica Geral do Rio de Janeiro com Werneck Machado renomado dermatologista. Quanto mais passa o tempo maior gratidão ele tem aos seus mestres. Terminado o curso médico nunca exerceu a profissão clinica, foi professor e pesquizador. Sua profissão nasceu em Manghinhos. Na sua biblioteca, num pórtico, estava o lema de Oswaldo Cruz: "Não esmorecer para não desmerecer" Quanto ao estudante tinha a seguinte posição: A medida que o concurso de admissão se torna mais árduo o aluno é melhor preparado e a parasitologia muitas vezes não é levada a sério, por considera-la uma cadeira básica. A cadeira teve tres assistentes dando aulas a pequenos grupos, preparadas com insetos, e uma grande série de parasitas. Os assistentes foram o Dr. Darcy Farias de Lima, o Dr. Oscar Froes e Arno Wagner. E arrematou sua declaração "Cada vez que falo em parasitologia sinto um imenso prazer e mais, ainda ao recordar meus professores e alunos, dos quais são minhas preocupações" Raul Fi Primio foi paraninfo da Turma de doutorandos de 1939. (Declaração do Prof. Di Primio ao estudante Salvador Celia, e publicada no jornal "O Bisturi" de janeiro de 1961. Ele dirigiu o Leprosário da Colonia de Itapuã-Viamão, a Entidade Beneficente Amparo Santa Cruz e fooi membro da Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro - Nicanor Letti, site: nicanor.letti@terra.com.br

Mario Totta, jornalista e o Clube Jocotó

Mario Totta, Paulino de Azurenha juntos com Caldas Jr, fundaram o jornal "O Correio do Povo" e escrevia regularmente. No "Dicionário Bibliográfico Gaúcho" de Pedro Leite Villas-Boas, pag.250. Editora Edigal, estão as observações. Mantinha no jornal uma coluna, regularmente editada chamada "Pilulas em Medicina" e "Breviario da Saude". Escreveu um livro de "Poesias" e outro sobre sua vivencia médica, muito importante para nosso meio, pois são históricas como "O discurso no sepultamento de Sarmento Leite, em 24 de abril de 1935. Discurso para "As primeiras parteiras formadas pela Faculdade de Medicina". Quando em julho de 1914 foi morto o estudante de medicina Josino Chaves, durante uma manfestação contra o positivismo do Governo Estadual de Borges de Medeiros, falou no sepultamento para serenar os ânimos dos seus colegas. E conseguiu. Falou admiravelmente quando do enterro dos ossos de Barros Cassal em 20 de março de 1916. Todos estão no seu livro "Obras" segundo volume, Ed, Selbach, Porto Alegre. Em 1918 um grupo de jovens alegres, seguiam para o arrabalde da "Tristeza" no trenzinho que ia do centro até aquele arrabalde, na época era um lugar de veraneio e descanso, da sociedade de Porto Alegre. E fundaram o "Clube veranista Jocotó", onde se dansava e assistiam conferencias. Alcides Maya falou sobre "O belo e o feio". Eduardo Guimarães "Os nossos poetas". O Simbolismo no Rio Grande do Sul, brilhou no Jocotó: Eduardo Guimarães, Alvaro Moreira, Felipe de Oliveira, Homero Prates, Carlos de Azevedo, Antonio Barreto, e o famoso trio da Praça da Harmonia : Alceu Wamosi, De Souza Jr e Dionélio Machado. Zeferino Brasil falou sobre "A arte de ser feliz", Rubens Barcellos "A Dança" e Mario Totta foi eleito em 1932, o presidente pespetuo do Jocotó. Nicanor Letti. nicanor.letti@terra.com.br.

Mario Totta e sua equipe de trabalho

A equipe da Obstetricia da Faculdade de Medicina foi muito numerosa, onde predominavam médicos com Docencia-Livre, sendo o primeiro Elyseu Paglioli em 1925, mas não exerceu a especialidade. Em 1931, Oddone Eugenio F. Marsiaj, foi um dos primeiros assistentes de Mario Totta. Em 1932, Ennio Marsiaj, após a Docencia, entrou no grupo dos assistentes da cadeira. . Em 1935, prestou o exame de Docência-Livre o Dr. Othon Soares de Freitas e em 1947 assumiu a cadeira com o falecimento de Mario Totta. Othon Freitas permaneceu na catedra até 1957, quando se aposentou. Em 1944, Coradino Lupi Duarte tornou-se assistente apos defender tese de docencia. Em 1952, Ervino Jacob Diefenthaler, foi docente e professor da cadeira. Em 1955, Pedro Luiz Belchior da Costa fez docencia e já era auxiliar foi integrado como professor. Após a aposentadoria de Othon Freitas, a congregação deveria escolher um professor substituto, apresentaram-se os Drs. Ervino Diefenthaler, Nilo Luz e Pedro Luiz Costa. Nilo Luz alem de ter o titulo de docente de Ginecologia, fizera Docencia-Livre de Obstetricia no Rio de Janeiro. O assunto da substituição foi muito discutido na congregação. Finalmente os Doutores Eduardo Faraco e Rubens Maciel, fizeram a proposta de votação individual para escolha do futuro professor substituto. Foi aprovado o nome de Nilo Luz por 12 x o. Por alguns anos o Dr. Nilo assumiu e foi até paraninfo de duas turmas de 1970 e 1972. E iniciou o trabalho de organização da Obstetricia no Hospital de Clinicas. Mas não conseguiu os bons grados da direção do Clinicas. Ele então aposentou-se e foi fundar e organizar a cadeira de Obstetricia no Hospital da PUC. Ainda trabalhou na cadeira do Dr. Paulo Padilha Duarte, por muitos anos. Ficou catedrático de Obstetricia da Santa Casa o Prof. Pedro Luiz Costa. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com.br

O Prof. Mario Totta e sua Maternidade

Mário Totta, nasceu em 5 de janeiro de 1874 e faleceu em 17 de novembro de 1947, aos 73 anos. Formou-se na primeira turma da Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre em 1904. Foi o orador da Turma. E o Prof. Olinto de Oliveira o paraninfo. Seus colegas foram: Alfredo Garibaldi, Alice Maeffer, Amaro Lisboa de Souza, Arthur Simeão da Motta, Carlos Emilio Hardegger, Francisco Antonio Rodrigues Salles Filho, João Landell de Moura, Joaquim José de OLiveira, José Flores Soares, Lauro Raphael de Azambuja. Desde a formatura foi um obstetra notavel. Assumiu em 1908 como professor de Obstetricia pois o Prof. Protásio Alves demitira-se devido a crise de 1906, quando o Governo Federal anulara a Ata de punição de cem estudantes por terem ofendido, em passseata pela rua da Praia, os professores que examinaram o doutorando Eduardo Soares de Barcellos. Mario Totta, desde seu inicio solicitava da Provedoria da Santa Casa, para encontrar uma maneira de substituir as instalações de uma pequena sala de nove leitos onde realizavam os partos. Logo conseguiu uma outra sala, para separar as normais das infectadas. Alguns anos depois o seviço se ampliou enormemente, e a maternidade foi transferida para um espaço junto ao Hospital São Fracisco e melhor aparelhada. Sua inauguraçâo foi realizada com a presença do Presidente da República Getúlio Vargas. Relata Mario Totta, "a maternidade a despeito de ocupar uma área relativamente extensa, tornou-se no decurso do tempo insuficiente para sua grandiosa tarefa. Tais razões e ainda a necessidade, pois eram atendidas anualmente, milhares de pacientes. Ademais o Hospital São Francisco deveria manter uma secção autonoma de Partos, tal como já possuiam os dois grandes hospitais de Porto Alegre, o Alemão e a Beneficiencia Portuguesa". Durante muitos meses lutava Mario Totta com a provedoria para iniciar as obras de aumento do Hospital na Esquina, defronte o inicio da rua General Vitorino ou rua da Alegria. Procurava junto aos estabelecimentos bancários tentar recursos para dotar um novo edificio acoplado aos antigos, abrigando a maternidade e outras áreas para atendimento e ensino. Mas quem o ajudou decisivamente foi o interventor-militar no RGS. General Manuel de Cerqueira Daltro Filho, que internou-se no Hospital São Fransisco e foi tratado pelos Drs. Alfeu Bicca de Medeiros e Antonio Saint-Pastous de Freitas, resolveu doar a Santa Casa, para esta finalidade mil contos de reis, da verba da Loteria às casas de Beneficiencia, e mais oitocentos contos de reís, concedidos pela Assembleia Legslativa. Basta dizer que com tal verba foi construido o Pavilhão Daltro Filho. Com a construção do pavilhão a maternidade ocupou dois mil metros quadrados, dividida em 31 salas, das quais 2o destinadas às enfermarias, tem capacidade para alojar 12o pacientes e 50 recem-nascidos. E outros serviços como puricultura etc. O serviço de puericultura pos-natal anexo a maternidade foi dirigido pela sra. Avany Cordeiro de Farias, esposa do substitudo Daltro Filho, que falecera meses depois de fazer a notavel ajuda. Todas as crianças nascidas na Santa Casa são consideradas filhos da maternidade até que façam um ano de idade. Foi remetido em 31 de abril de 1931 um oficio ao provedor da Santa Casa, para a maternidade ter o nome de "Mario Totta", sendo assinado pelos seguintes asistentes médicos: Drs. Elyseu Paglioli, Coradino Lupi Duarte, Aleixo Moreira, Othon Freitas, Carlos Hofmeister, Helmuth Weimann, Darcy Azambuja, Saul Totta, Paulo Oliveira, Luiz Sarmentol Barata./ Nicanor.letti. site nicanor.letti@terra.com.br

Prof. Cesar Ávila

Cesar Augusto da Costa Ávila nasceu em 26 de julho de 1906, na cidade de Lages, em Santa Catarina, seus pais, João Octávio da Costa Ávila e Dna. Maria Siebert, eram membros de tradicional familia lageana. Como ele mesmo afirmou em seu livro de memórias, havia em seu carater um traço de nomadismo, que o levava em busca de terras estranhas, novas paisagens, novas gentes. Entretanto jamais perdeu o forte vínculo que o ligava a sua terra natal, lá retornando sempre que o permitia sua atividade profissional. Ainda jovem - com menos de vinte anos - vai para o Realengo, no Estado do Rio, prestar serviço militar, tendo como seu instrutor o então Ten. Henrique Lott. Em 1925, ingressa na Faculdade Nacional de Medicina, tendo colado grau em 1930. Formado, Cesar retorna à Lages, e contraiu núpcias com a srta. Anita Ribeiro em 1931.Ela tambem filha de tradicional da familia lageana. Tiveram nos anos seguintes em meio a sua intensa atividade de médico, cinco filhos: Cesar, Claudio, Miriam, Clarício e Moema. Em 1959, viuvo, casou-se com Selma Gaertner, gaúcha e psicóloga. No mesmo ano de 1931, Cesar estabelece clinica em Lages, atendendo tambem outras cidades do interior catarinense. Desenvolve intensa atividade profissional nas áreas de clínica e cirurgia geral, sob a sábia orientação do Dr. Cesare Sartori, competentissimo e vivido médico italiano, refugiado no Brasil e radicado em Santa Catarina. Durante doze longos anos, Cesar Avila estuda e trabalha com ânimo incansavel. Anos mais tarde - já reconhecido internacionalmente como cirurgião excepcional, era tambem lembrado por uma capacidade de diagnosticar certamente aurida nos duros anos, entre 1931 a 1943. Mas em 1939, depois de passar algum tempo em Antonio Prado, inscreve-se no concurso de Docência-Livre, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, devido a jubilação do Prof. Nogueira Flores, o primeiro professor da cadeira de "Clinica Cirurgica Infantil e Ortopédica", em novembro do mesmo ano é nomeada a banca examinadora: composta pelos Profs: Luiz Francisco Guerra Blessmann, Homero Fleck, Elyseu Paglioli, Bruno Marsiaj e Almir Alves.Na prova prática em cadaver: Ressecção do joelho. Na prova escrita: Hernia umbelical congênita, a prova didatica, e a defesa de Tése foi sobre: Coxalgia. Sendo aprovado com nota final: 7,2. Em 1940, o Dr. Nereu Ramos nomeou-o interventor no Hospital de Harmonia, SC. hoje Ibirama, alem da atividade médica, escrevia nos jornais de Santa Catarina. Mas em 1943, A Faculdade de Medicina de Porto Alegre, atraves da sua Congregação abre o Concurso de Cátedra para a cadeira de Clinica Cirugica Infantil e Ortopédica, só poderiam se inscrever docentes-livres de todo o Brasil. Inscreveram-se tres docentes: Cesar Avila, Elias Kanan e José dos Anjos Vasconcellos. A Banca Examinadora, foi uma das melhores já apresentadas nos concursos da Faculdade de Porto Alegre. Nos concursos de cátedra pela lei e os regulamentos, são nomeados tres professores de outras faculdades do Brasil e dois da propria Faculdade. Foi assim constituida: Profs: Raul Moreira, Jacy Carneiro Monteiro, Godoy Moreira (SP), Barboza Vianna (RJ) e Achiles Araujo (RJ). Os candidatos foram: Cesar Avila, Elias Kanan e José dos Anjos Vasconcellos. Aprovado: Cesar Avila. Desde então Cesar organizou a cadeira e fez inúmeras cirurgias e estabeleceu residencia em Porto Alegre. Alem da atividade de professor, numa casa na Av. 24 de outubro transformou-a em Hospital de Traumatologia. Mais tarde construiu o Hospital Independencia onde trabalhou por muitos anos. Foi um professor exemplar pelo ensinamento, revulocionou as técnicas cirurgicas. Fizeram docencia-livre na cadeira os Drs. Léo Mabilde e Saul Messias. Em 1954 a Editora Globo lançou seu livro de memórias com o titulo de "Revelações de um Médico",e escrevia artigos no Jornal de Sabado do CP. E dedicou-se a pintura e inaugurou no litoral catarinense novos espaços para viver junto ao mar do que tanto gostava. Faleceu com 68 anos. Nicanor Letti - nicanor.letti@terra.com

Equiparação dos vencimentos dos Professores da FM

Nas duas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, nos anos 30 do século passado já tinham regularizado sua equiparação com o Governo Federal e eram remunerados pelo Erário Público. A nossa do RGS continuava particular. Mas a Congregação um determinado dia após a Revolução de 1930, reuniu-se para decidir a questão. Foram escolhidos por unanimidade os professores: Antonio Saint-Pastous de Freitas, Alberto de Sousa e Mario Totta. Foi decidido tambem que os professores iriam de avião. Totta tinha medo de voar. Mas converseram e ele aceitou. Mas Saint-Pastous preparara tudo pelo alto conceito que detinha junto aos funcionários do Palacio do Catete. Após falar com Vargas ele passou os papéis para seu secretário, disse para o Dr. Totta, o Sr. foi meu médico numa gripe violenta em 1907, quando era estudante de Direito. E todos comfraternizaram. O auxiliar que examinara o pedido, sugeriu para Vargas solicitar a presença do médico gaucho, deputado federal, para encaminhar o assunto para a Camara dos Deputados, apos isso Vargas prometeu assina-lo e tomar as providencias junto aos Ministérios envolvidos nos pagamentos. E pediram para procurar o Dr. Raul de Bittencourt para receber as instruções para seu trabalho na Camara dos Deputados. Mas foi dificil encontrar o dr. Raul, morava na Ladeira da Ascurra, finalmente de idas e vindas, falamos com o deputado, que ficou honrado com tal incumbencia. Voltamos a Porto Alegre, onde fomos saudados desde então os professores e funcionários foram pagos pela Delegacia Federal. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com,/

A Oficialização da Faculdade de Medicina

Mario Tottta, professor da Faculdade de Medicina, recem concursado, catedrático, resolveu ir ao Rio de Janeiro pedir ao Ministro Osvaldo Aranha a oficialização da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, pois desde sua fundação foi reconhecida como as faculdades da Bahia e dol Rio. Aranha recebeu-o cordialmente, e ouviou seus argumentos e remeteu-o ao Ministro da Educação Belisário Penna, este mandou-o para o Dr. Aloisio de Castro, Presidente do Conselho Nacional da Educação. Leu o bilhete e disse-lhe ser impossivel de atende-lo pois era inconstitucional. E desarmou o Mario Totta. Voltou para o gabinete do Osvaldo Aranha e contou o acontecido. O Ministro chamou o Luiz Aranha (Lulu Aranha) e lhe disse: Lulu, vai com o Mario ao gabinete do Aloisio e dize-lhe que lavre hoje mesmo o decreto de oficialização da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. O professor Aloisio ficou pasmo quando Lulu lhe disse: O Ministro "ordena" que seja lavrado hoje mesmo o decreto de oficialização da Faculdade de Porto Alegre. Aquela ação rápida funcionou. E ficamos sós no gabinete. Depois de algum tempo Aloisio disse: eu não sei redigir o decreto. Vice sabe? perguntou ao Mario Totta, e ele respondeu: eu sei. Pois então dite-o para minha datilógrafa. Ditei, ele assinou e eu retornei ao gabinete de Osvaldo Aranha. Deixa-o aí que eu levarei para o Getúlio. No mesmo dia um telegrama de casa pedia meu retorno com urgencia por problemas na maternidade. Conseguí no mesma noite embarcar sem me despedir do Osvaldo Aranha. Em alto-mar recebi um radiograma : Dr. Mario Totta: Escola oficializada. Por que não esperou, seu fujão? O.Aranha. Depois a chegada em Porto Alegre Recepção na Escola e Banquete no Clube do Comércio, onde foi saudado pelo grande orador Fábio de Barros.
Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra.com/

Professor, a sabedoria de ser amavel

José Paulo Bisol, escreveu este texto notavel sobre o professor, e eu o transcrevo. Aplica-se ao assunto desse blog. - Pode não ser amado mas não pode não ser amavel. Não digo amavel apenas pela lhaneza de espírito, pelo trato ameno, pela agradavel simplicidade; nem o digo estritamente no sentido do digno de amor; digo-o na denotação de, digno ou não de ser amado, o professsor é amavel como portador de uma qualidade que rechaça a possibilidade de indiferença afetiva do educando. Os maus, os secos com suas almas de graveto e folha morta, os amarelos de coração, os isentos por antecipação, os gelados equidistantes, os equipolentes com seu reizinhos na barriga, esses que me perdoem nunca foram professores, só fazem figuração, desenrolando seus conceitos na escola como quem desenrola linguiça no mercado. Não há figura mais petulante, com seu fedor espiritual de naftalina, sua aura de fera assexuada, sua assepsia de intangibilidade, seu mofo de alfarrabio e sua inefabilidade de metáfora conotando que a sabedoria é uma poção milagrosa que se bebe para envelhecer e ficar importante. Para comunicar conceitos, teorias, esquemas, teoremas, estruturas, equações, diagramas, o melhor professor é o eletronico; para armazenar conecimentos, a melhor memória é a do computador; para mostrar o real, o melhor veiculo é o cinema e o televisor, e assim por diante. A única coisa que a máquina não ensina melhor que o homem é ser homem hoje, definitivamente, um professor, se é professor, é professor de felicidade. O grande professor do comportamento maquinal do homem é a máquina, e é por isso que o nosso mundo é mesmo um mundo cibernético, e o grande professor do comportamento humano do homem é o homem. Eu disse: o homem, não o narciso das citações em lingua extrangeira, não o que precisa de um rolo de papel higienico para desfilar todos os seus títulos curriculares, não o que suga os cofres do povo em viagens de estudos que só são viagens de estudo porque sem o ser seriam deliciosos ´passeios pelo mundo. Não conheço parasita mais deletério que o professor bem visto pelos poderes instituidos, que circula de bolsa em bolsa pelo mundo inteiro e jamais ensina nada, mesmo porque quando se relaciona com alunos brasileiros, não perde ocasião de lhes fazer compreender que seus cérebros são primitivos e não passam de sacos de serragem. Professor mesmo é o professor de felicidade, O resto a circunstancia ensina melhor. "A circunstancia só nos ensina como se trabalha uma circunstancia para torná-la mais docemente afeiçoada ao homem. Digo circunstancia para significar a natureza e o que o homem, pela cultura, lhe acrescentou. E digo que o professor é professor na medida em que sabe desafogar os afogados, desobumbrar os obumbrados, orgulhar os humilhados, remodelar os esmagados. Sim, admito o conceito, trata-se de modelar mas nunca modelar para a ideologia, nunca modelar para a mecanica da ordem estabelecida, nunca modelar para a adequação às estruturas que não são eternas. Tudo isso é eletronico, é cibernético,e, se for o caso de uma aprendizagem indispensavel, tudo bem, acionem os robos e toquem pela frente, nem sou contra, pelo amor de Deus. Sou contra o professor que ensina o medo, a submissão, o conformismo; o professor que comprou a verdade absoluta, o sacralizador da obediencia, o santificador do passado, o glorificador das arcádias, o adulador dos poderosos e o ruminador da prudências e das covardias. Professor para mim é parteiro; desentranha o homem, arranca o homem das entranhas, obriga-o a espelir-se da caverna. Não existe educando em razão de uma clausura. Alguma coisa o deixa de lado de fora da vida. O drama do educando é criar-se as condições para alcançar a vida. Alguma coisa o retém no escuro estranhos vínculos o prende a inércia, ressequidas estopas entopem sua garganta e obscu ras chuvas de óleo empastam suas asas e impedem seu võo. Todo educando é um homem escondido, um ser com medo de emergir, um mágico aterrorizado com a idéia da impossibilidade de ativar os seus poderes, uma sede que não sabe beber, uma grandeza indeflagrada. Não importa quais sejam os grilhões, mas seu tornozelo foi aferrado à rocha do horror por uma ou duas entre milhares de razões; ou porque algum autoritarismo paterno o esmagou, ou porque algum racismo peçonhento o marginalizou, ou porque a vergonha de uma história familiar tripudou sobre ele ou porque a pobreza o aviltou, ou porque o sexo o desonrou, ou porque a competição o apequenou, ou porque lhe faltou afeto e agora lhe falta confiança, ou porque na hora crucial uma gargalhada mofou dele, ou porque vivem dizendo que o irmão é mais inteligente, ou porque não consegue vislumbrar com nitidez a virtude materna, ou porque lhe ensinaram a comparar e invejar, ou porque não lhe permitem estupidamente ser o segundo, ou porque lhe introjetaram reliogiosamente não sei que súcubos ou íncubos, conforme o sexo, e assim por diante eis aí a etiologia psicanalitica que é mesmo um nunca acabar. O professor deve desfolhar essas sombras. Gastar todos os algodões do afeto limpando o oleo das asas. Desenferrujar as ferragens para restabelecer as aberturas. Repassar o trator sobre as estradas em desuso. Aliviar das estopas as gargantas. Acender as lâmpadas, filtrar as águas, espancar as nuvens, desanuviar os horizontes. Dizer-lhes, palpitando, com a voz embargada pela verdade pessoal, que é realmente importante ser homem, que é absolutamente gostoso estar no mundo, que as coisas são surpreendentes, que os homens são fabulosos, embora as aguas sejam turvas, embora as dores geram gritos, embora o amor sangre sob a crueldade, embora a miséria material e moral seja intorelavel. Não, o professor não diz a vida. Isso é para conferencista insípido e furungador de arquivos. O professor não diz para o aluno, olha aqui, essa é a vida, toma-a entre as mãos e converte os possiveis que estão ao teu alcance em realidade: não, o professor não diz a vida nem a vive como se devesse ser o exemplo o padrão existencial. Nada disso. O professor faz a vida. É o seu dever de raiz, fazer viver a classe, viver a classe e fazer o aluno vive-la não como classe mas como vida convivida.Agora achei, é isso aí, o professor mesmo faz a vida do educando conviver com a sua, faz de sua vida um tronco, um feixo luxuriante em torno do qual se desdobrem as vidas compungidas de seus alunos. Ele chega e não pesa, é gesto e ensina a voar. Ele chega e abraça e vai dissolvendo a distancia. Ele chega e dança e se faz a alegria de andar lado a lado com os outros. Ele chega e sua voz derrama sonatinas nos silencios. Ele chega e é óleo alcanforado, é impulso para os tímidos. Sua disciplina não é o silencio é o dialogo, sua, seriedade não é rictus, é o sorriso; sua lição não é o conceito, é a vida.A vida e sua beleza, a magia. A vida é sua pungencia, e sofrimento. É por isso que eu digo, o professor pode não ser amado mas não pode não ser amavel. Nicanor Letti site nicanor.letti@terra. com/

A Solidão dos que caem -Luiz Giacobbo

Vez por outra, tomamos conhecimento, particularmente ou através da mídia, de pessoas que estiveram bem na vida e das quais hoje pouco ou nada se fala. Aparentemente ricas e felizes, gozavam de prestígio. Cortejadas e badaladas, tinham os seus nomes constantemente nas colunas sociais, De repente sopraram os ventos do infortúnio. E os dias de glória deram lugar a momentos de dificuldade e, até mesmo, de solidão. Quando tomo conhecimento de algum fato semelhante, me lembro de uma sentença apropriada a tais situações: "Há sempre solidão em torno de quem cai".E o cair não vale apenas para quem foi porventura, mal de negócios. Cai o politico, que não se reelege. Cai o artista que não sobe mais ao palco ou deixa de aparecer na televisão. Cai o desportista quando pendura as chuteiras ou a raquete. Cai a máscara da vaidade, da presunção, do orgulho. Cai o dia para dar lugar a solidão da noite. Caiu Jesus por tres vezes ao peso da cruz, sem que aparecesse um amigo, sequer, para ajudar a carregá-la. Caímos nós todos quantos, chegadoss à velhice, já aposentados, olhamos em derredor e, praaticamente não conhecemos mais ninguém. Nem ninguém nos conhece mais. Ou finge não nos conhecer. Bem, voce não tem mais poder. Não pode mais distribuir favores. Servir de pistolão. Dar emprego. Você, embora não se tenha dado conta, é um cidadão comum. Como milhares de outros que transitam pela rua. Acode-lhe , então, um sentimento de frustração. De vazio. Finalmente, caiu o pano. Que fazer?....Cair em depressão? Não. Chega de queda, É hora de dar a volta por cima. E tornar ao que realmente tem valor. À família. Aos amigos de verdade. Às coisas simples e boas da vida. Que não custam nada e dão tanta satisfação. Sobretudo voltar para alguem de quem você, talvez, estava esquecido. Deus. Voltar, como disse o Rei Davi, para Deus que alegrou sua juventude. Você se sentirá, então, rejuvenescido. Deixando, sem ressentimentos, que outros subam ao palco. E desfilem. Afinal (que bom), voce agora é só espectador. Nicanor Letti -site nicanor.letti@terra,com.

A Selva do mundo acadêmico- C.Steinberg

Depois de passar cinco anos na elevada posição de professor efetivo de uma universidade de ´prestígio, não consigo entender por que os meus ex-colegas da industria encaram com inveja a minha nova ocupação. A maioria deles aplaude a "coragem" que tive de abandonar um cargo lucrativo de executivo, e lamenta não ter fibra para sair da corrida de ratos, em troca dos bosques tranquilos de Academo. Asseguro a esses colegas que sua idéia de juma universidade pouco se parece com a realidade, e a noção de que encontrarão tranquilidade no mundo academico é um completo engano. Não se deve dar ouvidos as historias sobre punhaladas nasádico costas em Madison Avenue.São uma sopa rala em comparação com o caldo de feiticeiras que os professores sabem preparar na atmosfera enganadoramente amena do campus. Em suma o mundo academico pode ser uma selva mais aterrorizante do que a verdadeira selva, onde os predadores matam por uma necessidade natural de alimentar-se. O pessoal academico em ação tem um instinto para atingir a jugular que é movido pela combinação mortifera da ambição implacavel com o puro e simples prazer sádico e malévolo. A demolição de uma tése ou da reputação de um colega consome uma quantidade enorme de tempo e energia que poderia ser dedicada ao cuidado dos interesses próprios ou (pensamento atroz) ao atendimento dos estudantes. Essa selvageria sem remissão é acompanhada por um clima de terror, que se não é produto de uma imaginação neurótica, vem imposto de fora pela constante pressão para completar o doutorado e publicar uma tese, dentro de um limite definido de tempo. Reitera-se com frequencia que o malogro na execução de ambas as tarefas resultará na perda do emprego. Não importa que a vitima seja um professor dedicado. Sem a efetividade (conceito correspodente a nossa antiga cáttedra) não ha segurança e a lei irrevogavel é "para cima ou para fora". A fim de evitar esse holocausto a solução é publicar, seja o que for. Se for consesgujida uma reimpressão pode-se dizer que estamos salvos. Quase tão importante quanto à publicação é ser membro de uma das várias comissões que proliferam por todos os lados. Ha uma comissão para cobrir toda e qualquer possibilidade lógica que possa surgir. Embora pouco realizem, atendem a varias finalidades uteis. Ser membro, uma oportunidade de serviço necessaria para avançar na carreira. As comissões satisfazem os egos famintos de poder. Acima de tudo, constituem uma maneira conveniente de pôr de lado os problemas durante periodos indefinidos evitando tomar decisões. Por estranho que pareça, durante cinco anos pouco ouvi falar sobre as necessidades dos esudantes. Ensinar e aprender são coisas raramente mencionadas. Ao contrário, a questão candente é, em geral, a que envolve ação politica contra os malfeitos - reais ou imaginários da administração. Essa é a inimiga e o alvo especial dos professores que operam por trás do santuário permanente da efetividade. Quando a administração enfrenta um probleema, ela é autocrática e má, mas quando evita faze~lo é pusilanime. Como professor efetivo em plena efetividade, consideram~me feliz por ser imune a tais pressões. Na verdade, nenhuma corporação de negócios pode gabar-se de ter uma autoridade executiva sequer remotamente comparavel em arrogancia e poder à do professor efetivo. Em vista disso, muitos dos meus sacrossantos colegas desprezam totalmente os seus pares, monstram-se autocráticos com os estudantes e tendem a gastar a maior parte do seu tempo com projetos proprios ou atendendo consultas de fora. Snow disse, certa vez que o mundo academico era uma comunidade de "estranhos e de irmãos". Na verdade, a descrição cabe melhor `hierarquia executiva das corporações. Apesar da luta pelas posições, apesar da incrivel capacidade que alguns tem de serem bem sucedidos sem realmente fazerem esforço, os homens da organização corporativa tem um senso de lealdade e obrigação que revela um instinto moral. É um profundo choque descobrir que na acadenia a ética e as obrigações não passam de coisas....acadêmicas. Na desesperada necessidade de publicar ou perecer, na luta selvagem pela efetividade, forma-se uma combinação letal de ambição e malicia que passa por cima dos estudantes e degrada a ideia do que uma universidade deveria representar. É por isso que concito os meus ex-colegas a aferrarem-se a seus postos de executivos, por mais precários que sejam. A grama não é mais verde nos jardins de Academo, e a urtiga pode ser realmene venenosa. Nicanor Letti site: nicanor.letti@terra.com.