Faculdade de Medicina da UFRGS

O funcionamento do Hospital das Clinicas

Tres personalidades, professores da Faculdade de Medicina: Elyseu Paglioli, José Carlos Fonseca Milano e Eduardo Faraco, desempenharam o grande trabalho de construir e organizar seu Funcionamento e transforma-lo num dos maiores e melhores hospitais-ensino da América do Sul. Tudo começou numa Greve dos "sessenta" aprovados no vestibular de 1951. Apoiaram o movimento dos outros quarenta aprovados, que queriam ser aproveitados como vinha sendo prometido. O aumento das vagas para cem alunos no primeiro ano. O Reitor Alexandre Martins da Rosa, negou qualquer atitude da Universidade. O lider dos quarenta foi Milton José Noll Casagrande foi ao Rio, junto com outros dos quarenta, e Vargas atendeu o pedido e mandou um bilhete ao Ministro da Educação Dr. Benedito Valadares, estabelecendo a partir daquele ano, as vagas seriam 10o. E mandou matricular os quarenta. Esta decisão mudou toda a Universidade O Reitor Alexandre Martins da Rosa demitiu-se. E Getúlio nomeou Elyseu Paglioli como o novo Reitor. Foi magnifico e permaneceu até o ano do inicio da Revolução Militar. Uma das principais decisões do novo reitor foi terminar as obras do Clínicas. A Turma de 1951, de imediato elegeu o Dr. Dakir Duarte, membro da turma, Presidente do Centro Acadêmico, o chefe do Secretariado do grupo e o jornal "O Bisturi" foi editado durante os seis anos por um membro dela, foram 49 Números do Jornal. Paglioli entregou quase pronto o Hospital de Clinicas.E teve o mérito de mudar a sede da Reitoria dos porões da Faculdade de Direito para um novo predio onde esta instalada ate hoje Paglioli foi substituido pelo prof.Jose Carlos Fonseca Milano, 1964 Criou um 1968 um gabinete no Hospital e la permanecia um dia por semana. E levou para o hospital o primeiro Laboratório de Pesquisas Clínicas e ginecológicas, do Nilo Luz, docente da Faculdade. Foi o Prof.Milano que adquiriu uma Biblioteca do Dr. Eichemberg, ocupa hoje o lugar que foi o restaurante da Reitoria do tempo do Prof.Paglioli. De 1968 a 1972, foi escolhido o professor Eduardo Faraco. Grande organizador, temático e brilhante, criou uma comissão em junho de 1968, para organizar uma transferencia da Faculdade de Medicina para o Hospital de Clínicas e o tipo de organização hospitalar. Faraco remeteu as conclusões para o Ministro Jarbas Passarinho em resposta Passarinho deu carta branca para o Reitor realizar todos os convenios necessarios para o Funcionamento do Hospital. Faraco era viuvo e casou-se novamente durante seu mandato, sua esposa requereu o Salão de Festas da Reitoria para instalar seus trabalhos beneficentes como uma construção da Notavel creche para os filhos dos funcionarios do Hospital, e de outras atividades. Mas terminou com os famosos bailes da Reitoria. Rubens Maciel, presidente da Comissão Nomeada pelo Reitor para Decidir o inicio e interpretar uma lei que Criou uma Empresa Publica, passando pelo Senado, e a pedido do Gen, Golbery foi relatada pelo senador gaúcho Guido Mondin. Rubens Maciel relatou desde muitos anos os sacrificios dos professores e administradores para uma construção do Clínicas. Numa viagem para tratar do assunto faleceram o reitor Ary Lima e o diretor da Faculdade de Medicina Fernando Freitas e Castro. Constituida uma empresa com primeira diretoria: presidente o eng. Milton Dias e vice-diretor médico: O Prof Flavio Freitas. Niicanor Letti -- mailto:nicanor.letti@terra.com.br

O Prof. Octavio de Souza

O professor Octavio de Souza, natural de Porto Alegre, nasceu em 25 novembro de 1875. Os estudos iniciais foram feitos no Colegio Conceição dos Jesuitas de São Leopoldo. E cursou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Defendeu tese sobre "infecção Puerperal" em 18 de janeiro de 1900. Voltando a Porto Alegre exerceu a profissão atendendo no Hospital da Brigada Militar. Logo foi atraido para a Faculdade de Medicina para ser auxiliar do brilhante cirurgião Prof. Carlos Wallau, onde permaneceu por quatro anos. A Faculdade de Medicina logo o chamou para exercer a função de professor substituto e em seguida designa-o para reger a cadeira de Clinica Propedeutica Medica, ocupou-a de 1903 a 1907. Promovido a titular da segunda cadeira de Clinica Médica em 1908, e transferido para a primeira cadeira da mesma disciplina em 1917. Alem disso, substituiu o Prof. Olinto de Oliveira por ocasião de uma viagem a Europa do ilustre pedriata. Clinico notavel, junto com Annes Dias e Thomaz Mariante foi o trio especial da clinica medica da Faculdade, os quais trouxeram grandes méritos para a entidade. Relata Raul Pilla: era um clinico na verdadeira acepção da palavra, que ao saber aliava a intuição, o tato e a bondade . Não tinha a preocupação de mostrar erudição, embora a tivesse, nem de impressionar os alunos com a apresentação de casos raros. Compenetrado da sua missão, ensinava e ministrava os conhecimentos fundamentais, preparava realmente os alunos para a carreira que haviam escolhido. Ao lado deste caminho sabia tambem abrir aos seus discipulos as veredas novas, que a evolução da medicina constantemente impõe. Fez escola, numerosos são os médicos que lhe sofreram a influencia. Na Faculdade alcançou os mais altos postos : foi vice-diretor em 1923, diretor em 1914, paraninfo da turma de 1909 e homenageado pelos doutorandos de 1922. Presidiu a Sociedade de Medicina em 1916, 1931 e 1932. Na sessão de 23 dezembro de 32 foi eleito socio honorário. Fundador e membro da comissão executiva da Sindicato Médico e o dirigiu no segundo periodo de 1933. A Santa Casa homangeou-o dando seu nome para a Enfermaria 9. Publicou inumeros trabalhos publicados nas anais da Faculdade e na Revista da Sociedade de Medicina. Não militou na politica como muitos dos seus colegas, mas o prefeito Octavio Rocha o remodelador da cidade de Porto Alegre, o colocou na Comissão Ordenadora das Obras, tomando parte ativa nesta atividade. O Professsor Octavio de Souza viajou para a Europa para tratar-se de uma doença maligna, mas faleceu aos 56 anos a bordo da trans-atlantico Cap. Asturias em 1933. Informações deste artigo foram tiradas de um trabalho feito por Raul Pilla em 1943. Nicanor Letti - site nicanor.letti@terra,com,br.

A construção do Necrotério da FM.

Desde 1904 o professor Sarmento Leite, lente de Anatonia sonhava em construir um local onde poderiam os alunos estudarem e dissecarem cadáveres humanos para o bom aprendizado da Anatomia, matéria fundamental para o curriculo da Faculdade. Como acontecia em todos os centros de estudos médicos adiantados. As técnicas de conservação já eram bem conhecidas e facilmente aprendidas pelos auxiliares técnicos. Antes mesmo de começarem obras já Sarmento idealizava onde encontraria cadáveres para dissecção. As excelentes relações optidas entre Sarmento e o Coronel Barcellos provedor da Santa Casa, aceleraram-se quando o sobrinho do coronel provedor teve um ba-fa-fa, com a banca que o examinava e deu-lhes notas baixas, pelo aluno-sobrinho criticar um professor do Rio de Janeiro, não operara crianças com hernias cranianas, a banca formada por ex-alunos do eminente professor do Rio. Desaprovou a tese. Os alunos rebelaram-se com a banca, e fizeram uma passeata até a Santa Casa, onde morava com seu tio. Sarmento Leite, apoiando o movimento dos alunos, estava abraçado com o sobrinho e em 1907, solito, formou-se o estudante. Pois os demais alunos foram suspensos da Faculdade por um ano. Na época o regulamento permitia que nas férias qualquer aluno poderia trasnferir-se para outra Faculdade, apresentando o seu adiantamento na escola de onde vinha. A transferencia de alunos de uma cidade para o Rio ou Bahia, ou mesmo para o exterior eram frequentes. Muitos alunos preferiam o Rio ou a Bahia. Mas em 1916 um grupo de alunos transferiu-se para a Suiça, eram: Antão de Assis Brasil, Atualpa Lopes Uflacker, Germano Walwitz, Antonio M. da Costa Freitas, Ismael Dias da Silveira, Genes Cortez Leal, Henrique Gomes Ferreira, Carlos Zacharias Correa. Aproveitando Sarmento a crise da suspensão dos cem alunos, e sua posiçao contra a suspenssão dos alunos. Iniciou a conversação para ceder o local para o Instituto Anatomico em terreno da Santa Casa. Não conseguimos rastejar de onde apareceu o dinheiro para sua construção, a verdade é que em 1909, o Instituto Anatomico estava pronto. Bem na esquina , junto a Engenharia. Foi inaugurado no dia 25 julho de 1909, no aniversario da fundação da Faculdade de Medicina. Constava de cinco espaçosas salas, bem iluminadas e ventiladas, piso de mosaico e paredes escaioladas, sem canto, providas de mesas de louza da casa Fricoteaux de Paris, canalização de agua e exgoto etc. , tendo ao lado pequeno edificio para vestiario, injeções repletivas etc. O material para estudo sempre foi suficiente em relação ao numero de alunos. O processo das injeções e conservação dos cadaveres foi sempre boa, baseadas no formol e glicerina.As salas para dissecção tinham os seguintes nomes: Vesalio, Saboia, Morgagni e Bichat. Seu Diretor foi sempre o Prof. Sarmento Leite. Nicanor Letti site nicanor.letti@terra. com.br.

Funcionamento da FM como escola particular

A faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre começou a funcionar regularmente no dia 15 de março de 1899. Em primeiro de setembro de 1900, por decreto federal 3758. foi equiparada para todos os efeitos às suas congeneres. Foi nomeado Delegado Fiscal o Dr. Balduino do Nascimento e se exonerou em 15 de março de 1905. Seu sucessor foi o Dr. Francisco de Paula Dias, mas solicitou exoneração em 9 de agosto de 1907. O dr. Candido Ferreira dos Reis desempenhou as funções até 5 de maio de 1911. Mas neste ano, pela lei Organica do Ensino de 5 de abril foram extintos os cargos de Delegados. Esta lei tambem obrigou os Institutos Livres adotarem personalidade juridica e reorganizando-se sob o titulo de Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Tomando nova orientação didatica, pois criou novas cadeiras nos cursos de medicina, farmacia e de odontologia, elevando para estes o curriculo para tres anos. A Faculdade de Medicina aproveitou o decreto para readquirir seus antigos direitos de unica faculdade livre de Medicina do Brasil. Considerado idonea para os efeitos de fiscalização, em sessão do Conselho Superior de Ensino realizada em 30 de maio de 1915, sendo nomeado Inspetor Federal o dr. Emiliano Pereira dos Santos. No artigo 109 do decreto 11530 de 18/03/1915, permitiu nas ferias os alunos obter transferencia para outra faculdade congenere, no Brasil ou no exterior. A Faculdade de Medicina de Porto Alegre dispunha quatro entidades que completavam adequadamente o ensino médico, melhor na época de todo o Brasil. O primeiro foi o acerto realizado pelo professor Victor de Britto, quando era provedor da Santa Casa de Misericordia. Havia 42 enfermarias na Santa Casa e 21 foram negociadas com A Faculdade de Medicina que se obrigavam a dar toda a assistencia medica e podiam nelas ensinar a clinica e cirurgia aos alunos e as especialidades médicas; Os titulares das enfermarias serão citados em outro trabalho especifico. Outra entidade que apoiou o ensino na Faculdade de Medicina foi O Hospital São Pedro, onde funcionavam a catedra de Psiquiatria e muitos outras relações que serão tambem relatadas. A Faculdade mantinha na segunda década de funcionamento instituições pioneiras como O Instituto Osvaldo Cruz, foi o primeiro Laboratório Clinico do Estado, era subvencionado pelo estado e alguns municipios. Instalado num prédio alugado na rua General Victorino, numero 2. fora fundado em 1911 ocasionou sua fundação foi a volta do Rio de Janeiro do Dr. Reynaldo Geyer que trouxe a técnica de Wassermann, para diagnosticar a sifilis, era mantido pela Faculdade, e atendia gratuitamente os doentes do Hospital São Pedro a da Casa de Correção. Sempre seu diretor era um professor da Faculdade de Medicina. E o terceiro era o Instituto Pasteur, que ficava numa casa alugada, em frente ao Hospital São Francisco, onde hoje esta uma garagem. Atendia gratuitamente pessoas com mordidas de cães hidrofobos e atendeu inumeras pessoas. Os alunos pagavam a taxa da matricula que no ano 1918 era de 350 reis para a medicina, 300 para farmacia, 250 para a odontologia e 150 para a obstetricia. Nicanor Letti - site: http://antoniovalsalvablogspot.com/

O professor Alberto de Souza

Nasceu em 14 de agosto de 1888, em Espirito Santo do Pinhal em São Paulo. Filho de Luiz Antonio de Souza e Alexandrina Amelia de Sousa. Cursou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e após a formatura tornou-se médico militar e como capitão foi transferido para a guarnição de Santa Maria no RGS. em 1910. Casou-se nesta cidade com a Srta. Helena Vauthier, filha do Diretor da Auxiliaire ou Estrada de Ferro do RGS. e continuou como médico clinico da Guarnição Militar. Em 1913, inscreveu-se para o concurso de Patologia Médica da Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre. Teve como concorrente o Dr. Reynaldo Frederico Geyer, médico contratado pelo Laboratorio Pasteur da Faculdade de Medicina, com contrato para realizar exames sorologicos, no primeiro laboratorio de Porto Alegre, principalmente de sifilis, cujo técnica de Wassermann, fora introduzida no sul do Brasil por Geyer. Foi o concurso mais falado e discutido de toda a história da Faculdade de Medicina. Assistiram os exames públicos o Presidente do Estado Borges de Medeiros, Gustave Vauthier (sogro) de Alberto de Souza, e o capítalista americano Percival Farqhar construtor e proprietario da Estrada de Ferro -São Paulo-Rio Grande. inclusive da Auxiliaire. Geyer era anarquista militante, fundara junto com outros colegas, o jornal anarquista "A luta" e criara a Escola Elyseu Reclus para filhos de operarios e fora lider estudantil, de grande atividade. Mas tambem grande amigo de Sarmento Leite, e sob sua orientação o então doutorando Luiz Francisco Guerra Blessmann, estava realizando sua tese no Instituto Pasteur sobre "O complemento". Seria a primeira tese de imunologia do Brasil. Foi um concurso eminentemente politico. Venceu o Dr. Alberto de Sousa. Em 1913 foi professor de Patologia Médica e catedrático da mesma disciplina em 21.05.1914. No final da Primeira Guerra Mundial em 20.07.1918, foi para a Europa integrando inicialmente a Missão Médica Brasileira chefiada pelo Prof. Nabuco de Gouvea. Desde então realizou varias viagens para a Europa, onde dedicou-se a Otorrinolaringologia, frequentou cursos de Chevalier Jackson e comprou grande quantidade de material. Na primeira viagem sofreram de gripe espanhola. Dai sua esposa Helena começou a ter problemas pulmonares por TBC. Esteve na Suiça, mas Dna Helena faleceu em 1927, e Alberto transladou-a de navio para o Rio Grande do Sul. Reiniciou como professor e médico tendo consultorio em 1928, na Galeria Chaves junto com o professor Octacilio Rosa. Em 25 de abril de 1932 foi nomeado por decreto catedratico por ato do Governo Federal, de Clinica Otorrinolaringologica. Desde 1929 uniu-se com Anna Irma Dreyer e viajou muitas vezes para a Europa, onde possuia apatamento em Paris, totalmente montado e com um automovel Auto-Union, adquirido em Berlim. Frequentava a opera de Berlim e Paris. Viajaram por toda a Alemanha e Austria nos anos 30, e assistiram comicios de Adolf Hitler em Munich e os famosos funerais de Hindenburg. E voltaram ao Brasil reiniciando suas atividades. Mas em 1952, na vespera de embarcar no Rio, no navio "Augustus" sofreu crises de pressão elevada, e permaneceu disfasico, ficou seis meses numa clinica do Rio , e casou com Dna Irma Dreyer em 24 de agosto de 1952, melhorou, e voltou para Paris no vapor "Mistral".desembarcaram em Cannes. Tratou-se em Paris e em seguida com o neurologista Dr Albert. E voltou a assistir óperas viu Richard Strauss reger "Percival" de Wagner e esteve novamente em Bayreuth. Voltou para o Brasil adoentado, aposentou-se em 1956 e faleceu aos 73 anos em 31 de dezembro de 1961. Fontes: ficha pessoal na FM e depoimento da segunda esposa Irma Dreyer, Nicanor Letti- site:http://antoniovalsalva.blogspot.com/

Julio Velho e o inicio da Otorrinolaringologia

Original figura a deste filho do Rio Grande, falecido aos oitenta e nove anos.Nele, reuniam-se duas qualidades que com pouca frequencia se vem juntas. A par de eminente oftalmologista e otorrinolaringologista, destacado por sua intuição clinica, por sua facilidade no descobrir o mal do paciente, algumas vezes de diagnose dificil, e pela grande, rara mesmo, habilidade cirúrgica, era um dos mais completos campeiros que se possa imaginar - cavaleiro como poucos, laçador eximio, dono de todos os "segredos" do gaucho de raça. Aquele que, no fim de semana, se destacava por suas proezas na fazenda, durante os chamados dias uteis, com a mesma mão que empunhava o laço, estava a operar, com tranquilidade, segurança e leveza, uma catarata ou uma mastoide supurada. Os entendidos em matéria rural diziam - é um campeiro completo os que conheciam a clinica e a cirurgia afirmavam- é um modelo na arte de bem assistir aos clientes, desvendando-lhes as doenças ou operando - e aqui vai o parecer de um alto espirito, profundamente aperfeiçoado nos melhores centros europeus- ou operando como os grandes cirurgiões de Paris e Viena. Julio Velho foi o primeiro professor de otorrino, junto com Julio Hecker e Vicente Pereira. Em 1915, devido a Lei Maximiliano, a Otorrino separou-se da Oftalmo, desde então criou seus professores e seu ensino até nossos dias. Julio Velho foi primeiro professor. Em 1921 assumiu a cadeira interinamente o Dr. Albeto de Souza, que era professor de Patologia Medica. Dirigiu-a até 1926. Em 1927 e 28 foi professor Diogo Ferraz, tambem superintendia a Oftalmo. Em 1929 o Dr. Alberto de Souza, que com pequenas interrupções per-maneceu na cadeira ate 1952, e aposentou-se em 1956. Varios professsores foram docentes-livres, como o Prof. Ivo Kuhl, Antonio de Souza, Artur Mascarenhas, Alexandre Argolo, Valdemar Veras, Israel Schermann, foram professores voluntarios o Dr. Saul Fontoura, Alipio Copper e muitos outros. Nicanor Letti. site: nicanor.letti@terra.com.br.







o Dr. Olimpio Olinto de Oliveira

O Dr. Olinto de Oliveira acosta-se a um grupo de professores eminentes, mas em determinado momento, pediram sua retirada do corpo docente e foram continuar sua atividade em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Mario Degni, em brilhante concurso na cadeira de Tecnica Operatoria e Operações, tomou posse, escolheu auxiliares e como faltava, após muitas reclamações ele finalmente solicitou demissão, mais tarde Degni foi um grande Reitor da Universidade de Campinas na época um aluno brilhante, escreveu no jornal do Centro Academico, "O Bisturi", um artigo que reunia "os pecados da Faculdade de Medicina", incluia neles a situação de professores ausentes. Foi advertido pela Congregação. Outro professor Ary Borges Fortes neurologista, tomou posse, e até escolhera seus auxiliares, um deles foi o Dr. Cyro Martins, e como descreve Sergio Annes, a qualidade das aulas dadas pelo brilhante psiquiatra. Com a renúncia de Ary Borges Fortes, saiu o Dr. Cyro. Decio Soares de Souza, com concurso notavel, renunciou. Moyses Cutin depois de alguns anos, renunciou e voltou para São Paulo, Jose Hilario de Oliveira e Silva, reorganizou e criou com apoio do Diretor Jose Milano o Departamento de Cirurgia, trouxe um notavel cirurgião e criaram a cirurgia cardiaca no RGS, mas José Hilario renunciou e voltou para o Rio de Janeiro. Professores de muitos anos de docencia, O Prof. Annes Dias foi para o Rio por decreto do Presidente Vargas, e agora vamos descrever a saida da Faculdade do eminente Prof. Olinto de Oliveira. Fora paraninfo da primeira turma de doutorandos em 1904. Formou-se na Faculdade do Rio de Janeiro em 1888. "Das paralisias na Infancia" foi sua Tese. Com aprovação distinta. Regressou a Porto Alegre com 22 anos de idade Foi o primeiro professor de Pediatria da Faculdade de Porto Alegre. No ano da fundação da Faculdade era Presidente da Sociedade de Medicina. Assistiu a fundação do "Correio do Povo" em outubro de 1895 e escreveu neste jornal de 14.03.1896 a 22.09.1900, 66 artigos com o pseudomino de "mauricio bohem". A maioria sobre arte e musica, mas tambem de politica anti-positivista. Mas em 27 de setembro de 1898, na sessão de posse da nova diretoria da Sociedade de Medicina proferiu um discurso que desencadeou a luta dos médicos contra os principios positivistas na educação médica como havia sugerido Julio de Castilhos. Salientou Olinto, que o Brasil é o único país em que as doutrinas positivistas conseguiram dominar a esfera politica e profligou a tendencia de subordinar a essas mesmas teorias aos dogmas da escola de Comte, no ensino da medicina. Provou que o positivismo é a negação de todas as conquistas realizadas pela ciencia médica moderna. Não se pode entender o verdadeiro medico filiado a tal doutrina. E fez judiciosas conceitos sobre a incompatibilidade entre a medicina e o positivismo. E desencadeou a guerra que durou até a os principios de 1930. E sempre sustentou suas idéias contra os adeptos de Comte em inumeros debates. No seu caso eles duraram até 1917. Falecera o prof. Luiz Masson, professsor de Clinica Médica, era de praxe passarem professores para outra cadeira. Não se sabe a razão de Olinto ter solicitado a Congregação para assumir a clinica médica. E foi negado o seu pedido. Ele respondeu solicitando a demissão da Faculdade. Os estudantes protestaram, fizeram reuniãos e outras manifestações. E a diretoria da Faculdade concedeu-lhe o diploma de Professor Emerito. Consagrou-se no Rio com a divulgação da Pediatria pelo mundo. Fundou entidades etc. Existe uma historia de um namoro entre o jovem medico e de familia pobre o Dr. Raul Pilla, e a filha de Olinto. mas o pai rejeitara esta união. Ela casou no Rio de Janeiro. Pilla foi um solteirão, até a jovem enviuvar. Pilla, casou com a filha de Olinto. que já falecera. O fato existiu do casamento. Do namoro da juventude nunca apareceram provas. Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra. com.br.

Dizeres das Placas da Faculdade de Medicina

!. 1923 - Comemorando a Primeira Colação de Grau em Medicina no novo Edificio da Faculdade.
Aristoteles P. da Silva, Elyseu Paglioli, Pio M. Salgado, Ervin Wolffenbuttel,
Florencio Ygartua, Carlos V. Monteiro, Luiz B. Montojos, J. Sarmento Barata
Jorge Braga Pinheiro, Oscar C. Fontoura, Raul J. Bittencourt, Olavo M. D.
Fernandez, Antonio S,S,Rahme Allem, Mario A. Guimarães, J.Fernandes Peña,
Gastão B. Noronha, João Calleya, Jose Kokot, Sady Ribeiro, Anthero M Sarmento,
Jacy C. Monteiro, Dinaarte Silveira Martins, Alcides A. da Silva, A.Coelho Borges,
Jose Antonio Walmarath.

Ao Professsor Sarmento Leite

Homenagem dos doutorandos de 1923.


1926 - ..........aquele que chega por ultimo, trazendo a verdade é menos uma pessoa que
um simbolo.
Miguel Couto, Fernando Magalhães, Froes da Fonseca, J.C. Del Vecchio,
Octavio Torres, J. Adeodato.
Homenagem dos Academicos de Medicina 22-X- 1926

1933 - Ao Professsor Antonio Austregesilo, Iniciador e cultor maximo da Neurologia
moderna no Brasil -
Homenagem do Centro Academico de Medicina - 3-07-1933

1937 - Segundo Congresso Brasileiro de Oftalmologia.
Correa Meyer

1937 - Diz este Bronze da passagem por esta casa, de GREGORIO ~MARAÑON,
espirito luminar e homem consagrado à Causa Admiravel da Humanidade

Homenagem Sincera dos Academicos de Medicina. Abril de 1937.

1938 - Aos Eminentes Mestres F.Volhard e P. Huebschmann

Homenagem da Faculdade de Medicina - outubro de 1938

1938 - Ao eminente Mestre da Oftalmologia Contemporranea
Dr. F. Arruga - Homenagem dos corpos docente e discente
desta Faculdade - Agosto de 1938

1938 - R. Pitanga Santos

Insigne Mestre Brasileiro - Realizou nesta Faculdade memoravel
Curso de Proctologia - 1938

1938 - Intercambio Cultural Uruguaio-Brasileiro- Homenagem A.L Surraco
P. Purriel, C.Stajano, Herrera Ramos e Universitários outubro de 1938.

1940 - Intercambio Cultural Uruguaio-Brasileiro - Homenagem
A. Garcia Otero, Pedro Barcia, Velasco Lombardini, Enrique Anaya,'
Agustin Gordero e Jose Estable. Maio de 1940.

1941 - Alejandro Schroeder - Agosto de 1941.

1941 - ......È preciso trabalhar, trabalhar com abnegação, com desinteresse,
trabalhar como trabalham as abelhas, que fabricam o mel, não para
si, mas para a colmeia. (Palavras do Pres, Getulio Vargas)

Homenagem do segundo Congresso Nacional de Tuberculose.
12 a 19 de outubro de 1941.

1948 - Bernardo Houssa´- Premio Nobel de Medicina 1947, Pofessor Honoris
da Universidade do Rio Grande do Sul. Homenagem do CASL
24-07-1948

1945 - A VICTORIO DETANICO, como marco de gratidão das gerações medica
que por aqui passaram. Homenagem do CASL - outubro de 1945.

1951 - IV Congresso Sul-Americano de Neuro-Cirurgia 1951 Brasil
Elyseu Paglioli

1953- Homenagem do CASL aos colegas: Claudio J. Tischler, Elias J. Chami.
Pedro Reginatto, Roque de Marco. Desaparecidos heroicamente em janeiro de 1953.

1953 - 'A memoria do Emerito Higienista - Prof. Fernando Freitas e Castro -
IX Congresso Brasileiro de Higiene Porto Alegre´- novenbro d 1951.

1959 - O CASL homeenageia na pessoa do DR. ANGEL GARMA, Pioneiro e propulsor
da Psicologia Medica na America Latina- O corpo docente do Primeiro Seminario
Estudantil Latino-Americano de Psicologia Medica. 2 a 21 março de 1959.

1961 - Ao Ilustre Prof. Thomaz Mariante
A homenagem e gratidão do CASL- junho de 1961

1964 - XIII Jornada Braileira de Puericultura e Pediatria.
Porto Alegre 8-14 de novembro de 1964.

1967 - Homenagem aos Professores PAULO LUIS VIANNA GUEDES E
DAVID ZIMMERMANN -no ano que se comemora o decimo
aniversario dos cursos de especialização em Clinica Psiiquiatrica.
Porto Alegre,22-12-1967. A direção da Faculdade de Medicina
Os alunos dos cursos.

8o anos da Faculdade- Carlos Candal dos Santos

Em 1978, no dia 25 de julho, A Faculdade de Medicina completava 80 anos. A Diretoria fora transferida para o Hospital de Clinicas e se acomadara em duas amplas salas no primeiro andar.O Diretor Prof. Carlos Candal dos Santos, lutava para organiza-la, a biblioteca já estava instalada no Hospital e funcionava adequadamente. Mas o arquivo histórico, o maior e mais documentado do Brasil, estava amontoado no porão do predio do Hospital, em local inadequado e sem os cuidados necessarios para sua manutenção. Nomeou-me de supervisor do acervo naquele ano. E organizamos na sala ao lado da Diretoria uma pequena amostra histórica do acervo da Faculdade. Foi um sucesso, poucos tinham a noção dos inumeros documentos, fotos, pastas com todos os concursos realizados etc. Na abertura da exposição, estiveram muitos professores, inclusive o Prof. Paglioli que fora o Reitor e o grande incentivador para o término das obras do Clinicas. O Dr. Candal dos Santos, abriu a exposição com um notavel discurso. Transcrevemos a parte principal pelo teor historico dos dados apresentados pelo brilhante diretor ha 31 anos. Disse Candal: Em todo o transcurso do seculo XIX, as armas praticamente nunca chegaram a ensarilhar-se no Continente de São Pedro. Inclue-se a decenaria Guerra dos Farrapos e a Revolução de 1893 etapa militar decisiva na consolidação da Republica, andava ainda o Rio Grande a lavar-se do sangue vertido, nesta ultima refrega quando veio a luz a nossa faculdade de medicina. Porto Alegre e seus muncipios ao lado do Guaiba chegavam teriam 60.ooo hab. e o numero de médicos não chegava a quarenta. Extrair dessa ambiência uma Faculdade de Medicina, foi uma mágica surpreendente pois no quinquenio 1895-1900, foram criadas quatro instituições de ensino superior, todas originárias da iniciativa privada, Em ordem cronologica as
Escolas de Farmacia, Engenharia, Medicina e Direito. E foi um milagre com rapidez impondo-se a toda a Nação. Respeitosamente e silenciaram quando em carta Julio de Castilhos atribuiu aos principios positivistas que nortearam a constituiçao de 1891 e a estadual escrita por ele e permaneceu até o Governo Vargas. É facil imaginar o que terá sido esta escola ao nascer. Destinada a enfrrentar seus primeiros anos de vida dentro de uma penuria extrema e de luta contra os lideres positivistas. Muitos foram os entreveros, mas tal como um junco, verga até o chão sob a furia do vendaval mas não quebra. Assim se portou a Faculdadeate o surgimento de um lider ainda jovem que se dedicou a sua sobrevivencia: foi Eduardo Sarmento Leite da Fonseca. No periodo de governo de Carlso Barbosa foi doado o terreno junto ao Parque Farroupilha para construir a nova Faculdade . Este trabalho durou 13 anos. E Faculdade progrediu inexoravelmente. A ideologia positivista que queria destrui-la, seus dirigentes desapareceram. E ela sempre vigorosa esta aí como a primeira faculdade de Medicina particular do Brasil e a terceira a se fundada no Brasil.

O Prof. Tauphick Saadi

Relembro sua personalidade marcante e ainda o vejo caminhando descompassado pelos corredores da Faculdade de Medicina, gingado e sempre sorrindo, espelhando a alma limpida e sincera que possuia. De fala agradavel, mansa e argumentativa, procurando sempre as causas e finalidades de tudo, e retendo no olhar interrogativo as meditações das longas discussões. De dialogo facil, sem pernosticidade, desfazia de imediato as apreensões de qualquer tipo, sobre todos os temas abordados, aberto e sem constrangimentos. Era um ecletico. A excelente formação humanistica e filosofica fornecia-lhe uma ironia fina e inteligente que se igualava a de Fernando Carneiro, visitante semanal ou bisemanal, da Anatomia. E inumeras vezes assisti suas discussões. Carneiro interrogava-o sobre seu passado de militante politico. Ele não se furtava a explicar o espirito do partido que abraçara na década de trinta e comentava todos os pensamentos de Miguel Reale, o ideologo do movimento. Tinha orgulho do seu passado, mas o espigaçava com ironias terriveis, mas eram imediatamente contestadas, gaguejando, mas fluim acompanhadas de um largo sorriso relaxante. E citava Maquiavel: "as republicas que em tempos de perigo não pode recorrer a uma ditadura, arruinar-se-ão quando ocorrerem graves situações". Construiu um esquema de ensino, pelo método dos problemas, que não se limitou a teorização, mas foi colocado em pratica, sendo o primeiro a utilizar filmes, feitos pelo Dr. Ghezzi, colega anatomista e apaixonado pela filmagem médica. Sabia introduzzir o aluno no primeiro ano, na tematica clinica e fazia-o sentir-se médico. Partia de um caso clinico objetivo e ensinava anatonia dizendo: a finalidade não é a descoberta e a compreensão da estrutura no cadaver mas no vivo. Dai os alunos apreciarem suas lições. Era mais importante o aluno aprender a apalpar uma estrutura no vivo que no morto e fazia apanagio da aplicação dos metodos clinicos na anatomia. De origem humilde, formado em medicina, inclusive foi um dos grandes gagos que passaram pela Faculdade, viu-se de repente , médico em Vacaria. Tanto trabalhou, lutou e estudou que vacariano ficou pelo resto de sua vida. A adoção municipalista, que apreciava de coração, e sempre que lhe diziam sobre a proliferação de faculdades, dizia irônico ao Prof. Milano
membro do Conselho Federal de Ensino, "olha Milano querem botar uma Faculdade na Vacaria!" Entusiasta da vivissecção de animais com a finalidade de facilitar o entendimento da construção das estruturas no vivo, tinha cuidado excessivo em anestesia-los devidamente. A riquissima exemplicação feita ao ensinar, entusiamava os alunos, e nunca mais esqueciam as comparações: ao mostrar o musculo psoas com suas inserções chamava-o de "filé mignon"aos musculos das goteiras vertebrais, quando bem seccionados eram as "chuletas". A musculatura adutora das coxas tinha função importante, no coito inter-femuris, provocava as gargalhadas nos moços e elas coravam. Tinha predileção em ensinar divertindo e mostrava suas dificuldades, interrogando-os à queima roupa: o nome dos limitantes da tabaqueira anatomica, do canal de Hunter, do triangulo de Pirogoff etc. Era um apaixonado pela demonstração e estudo da circulação colateral de orgãos e membros. Talvez por falta de um desenvolvimento de uma circulação colateral do seu boníssimo coração, veio a falecer. Foi a ironia antomica da vida, efemera e fragilima de nossos orgãos. Era tão bom de carater, que chegava a irritar O Prof. Milano, que lhe dizia: "se tivesses nascido mulher, viverias grávida , pois não sabes dizer não."Tinha predileção pelos alunos criativos. Os que não se conformavam com as técnicas de trabalho utilizadas e ofereciam novas ideias, logo recebiam atenção especial de Tauphick. Dividia so alunos em : criativos, conformados e involutivos. O espirito de criatividade, embora criasse problemas ao ensino, quebrava a rotina e era de grande valor para professsores e alunos. Os conformados recebiam passivamente os ensinamentos e muitos tornaram-se bons profissionais. Mas as grandes vocações foram sempre encontradas nos alunos que esforçavam-se em ser criativos. A cirurgia e a clinica dizia, são ciencias que requerem grande criatividade para serem executadas. Repetia aos alunos uma frase de Nieizsche"Esta é minha verdade. Agora dize-me a tua". Sabia que os resultados do ensino pratico so apareciam apos a formação e amoldagem psicologica do estudante. E que não existia gratificação a curto prazo por parte dos alunos, mas não deixava de aproveitar o entusiamo de vestibulandos vitoriosos pelo credito que colocavam na profissão liberal que haviam abraçado. Ensinava-lhes que as profissões liberais cumpriam um papel indispensavel em toda e qualquer ordem social. Ao nivelaram-se todos, no primeiro ano de medicina, durante seis anos, teriam oportunidades iguais e aqueles que soubessem aproveita-las nos momentos de estudo, na dedicação ao trabalho, certamente, mais cedo ou mais tarde, teriam seus meritos recompensados. Lembrava sempre uma frase de Joaquim Nabuco na sua aula inaugural:"as sociedades não vivem pela riqueza acumulada, vivem pelo trabalho".Pela sua cultura, urbanidade, pelo trato ameno e encantador, pela sua simpatia pessoal e raciocinio cientifico logico é que sentimos sua falta. O hiato que deixou ainda não foi preenchido, pois uma das coisas mais dificeis, no meio universitario da atualidade , é a formação de um professor como foi Taupchick Saadi. Na Eternidade continue as magnificas tetulias com o Frei Pacifico de Belevaux, que em horas decisivas da vida de Tauphick, buscou-o, achou-o e oconduziu de volta ao rebanho critão. A frase de Comte"Os vivos são cada vez mais governados pelos mortos" aplica-se ao nosso grande amigo e mestre. Nicanor Letti - site: http:/aantoniovalsalva.blogspot.com/
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Historia da Tisiologia no RGS.

Em 1903, Balbino Mascarenhas em Pelotas preconizou uma Liga contra a Tuberculose. Em 1905, por iniciativa de Jose Pereira da Silva e com o apoio de Protasio Alves, Jose Carlos Ferreira, Deoclecio Pereira, Olinto de Oliveira e outros, foi fundada A Liga Social contra a tuberculose. Caldas Junior em 1908, pelo "Correio do Povo" fez campanha para um anexo da Santa Casa para tuberculosos. Não vingou. Mas Arquimedes Fortini, convenceu o provedor de empregar o dinheiro nas enfermarias 21 e 22 para melhorar a situação dos tuberculosos. Renato Barbosa foi o primeiro tisiologista do RGS. dedicou-se exclusivamente ao tratamento da tuberculose. Em 1920 seguiram seus passos Jose Ricaldone, Gaspar Farias, Jose Borba Lupi, Augusto Sisson, Carlos Bento, Henrique Faillace, Armando Lannes Xavier, Nicolino Rocco, Madeira da Rosa. Adolfo Josetti, fizera um curso na Alemanha com o descobridor do Bacilo, R. Koch, e no seu hospital - Casa de Saude Bela Vista, fez o primeiro pneumotorax artificial terapeutico. Hoje é o Hospital Militar. A primeira frenicectomia cervical foi realizada por Otacilio Rosa, e em Alegrete A.Sisson a repetiu. Em 1942 Sisson realizou a frenicectomia por via transpleural e Jose Ricaldone já havia feito por endoscopia , cortando as aderencias, repetindo a tecnica de Jacobeus. Em 1931 as toracoplastias para- vertebrais foram realizadas por Guerra Blessmann e Homero Fleck. Na época os tisio-cirurgiões foram: João Correa Neto, Cesar Avila, Marino Aguado, Elyseu Paglioli, Luis F. Vieira, Luiz Martim, Vespasiano Correa, Artur Pereira,, Isaias Naitch, Tauphic Saadi, Vicente Maia Filho, Ivan Faria Correa, Renan Oliveira, Ruy Fortini.Sisson iniciou o pneumotorax extrapleural em 1936. Depois varios médicos realizavam o pneumoperitonio. Danilo Tschiedel, em 1944 junto com Jose J.M. Weber deram um curso de broncoscopia diagnostica e terapeutica. Ivo Kuhl e David Lima instalaram em 17 de março de 1950, no Hospital São Francisco, O Serviço Especializado de Brocoscopia, seguindo-se o de Lucio Maia Pavani que começou as provas funcionais do aparelho respiratorio. Em março de 1958, na cadeira de Terapeutica, do Prof. Eduardo Faraco, foram inauguradas as instalações para o estudo da mecanica respiratoria , sob a responsabilidade técnica de Normelio Nedel e Noe Zamel. Jandyr Maya Faillace e Joaquim Travassos em 1927 fizeram estudos importantes sobre a inocuidade do bacilo de Calmette-Guerin. O mesmo fazia Pereira Filho. Todos usavam originais da"Amostra Moreau", Em 20 de fevereiro 1928, foi calmetizado um recem-nascido filho de bacilifero. A vacinação foi realizada por Jandyr Maya Fallace e Piaguaçu Correa. Um mes apos o Professor Jose Pereira Filho, na presença do Presidente do Estado Getulio Vargas, fez a premonição de um infante, no dispensario "Antonio Fontes"que fora recem terminado como anexo do Instituto de Bacteriologia rio-grandense. Jose Conceição em 1946 obteve o BCG liofilizado e entrou em produção no Instituto de Pesquisas Biologicos. Newton Neves da Silva conseguiu preparar 249.935 doses de O.10 g de vacina BCG. O médico Cesar Santos era deputado estadual durante a Constituição de 1946 e conseguiu aprovar uma emenda do artigo 143 das Disposições Transitorias com a seguinte texto. " O Estado proverá em Lei sobre a vacinação pelo BCG, como parte da Campnha contra a Tuberculose" A luta contra a doença cresceu com a politica do sanitarista Jose Bonifacio Paranhos da Costa, no DES surgiram os Dispensarios com os médicos:Gaspar Ferreira, Edmundo do Nascimento. Augusto Sisson, Cristiano Buys, Tulio Rapone Nelson de Souza e outros.O primeiro aperelho de abreugrafia do RGS. foi o do Centro de Saude numero 1, cabendo a Gaspar Ferreira e Edmundo do Nascimento interpretar os filmes. Em 1934 preocupados com a tuberculose, a sociedade junto com os médicos relizaram uma reunião memoravel no Cine Teatro Coliseu sobre a decisão de construir um Hosital para Tuberculosos. E decidiram escolher a comissão das obras formada: Pres. Manoel Jose Pereira Filho, vice. Antonio Saint-Pastous, Jose Ricaldone, Oscar Pereira, Carlos Bento, Gaspar Farias, Alcides Gonzaga,Paulino Gonçalves e Nicolo Rocco. Fabio de Barros e Raul Di Primio sugeriram, a opinião de Fabio, de construi-lo no Bairro de Belem Velho. Foi adquirido o vasto terreno da Familia Velasco. em 3 de maio de 1934, foi lançada a pedra fundamental em ato presidido pelo Presidente do Estado Jose Flores da Cunha. Foi muita luta, inclusive a população carregou os postes para iluminação durante um domingo, e foi inaugurado festivamente em 1940, na época foi o maior sanatorio da America Latina. Foram seus primeiros tisiologistas com chefia João Costa Netto. A.A.Gomez Del Arroyo, Elias Buaes. E espalhou-se pelo RGS Postos, pequenos centros para tratar tuberculos. Até, a partir de 1954, as atividades didaticas surgidas com a criação da catedra de Tisiologia da Faculdade de Medicina, da UFRGS, entregue ao Dr Jose Fernando Carneiro. Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra, com.br

O Portugues de Macau

Na casa do Professor Diogo Ferraz na rua da Varzea (hoje João Pessoa), as vozes elevadas da violenta discussão daquela tarde do ano de 1914 atraiam os vizinhos curiosos que espiavam pelo janelame baixo, o movimento inusitado de gente fervilhando na roda de café. Ferraz era pessoa respeitada, de grandes amizades. Fundador da Biblioteca da Faculdade de Medicina e professsor de Propedeutica Cirúrgica. Tambem ensinava matematica no Colegio Militar. O mais agitado era o Dr. Vicente Pereira que gritava com sotaque lusitano: "Devemos velar pela nossa dignidade, não podemos admitir a liberdade profissional, acabaremoos andando de quatro patas". Referia-se a politica do Estado sob a égide da constituição positivista de 1891, permitia o livre exercicio de qualquer profissão. O Rio Grande do Sul estava infestado de falsos médicos, principalmente enfermeiros que haviam fugido da Primeira Guerra Mundial, que se iniciava na Europa. Aqui chegados, registravam-se na Diretoria de Higiene como médicos e começavam a exercer a profissão. Esta situação esdruxula e terrivel só foi sanada, apos a Revolução de 30 por decreto de Getulio Vargas, depois de intensa luta politica, da qual resultaram: a regulamentação da profissão médica no Brasil, a criação do Sindicato Medico do Rio Grande do Sul e a Federalização da Faculdade de Medicina. Enquanto o velho Diogo Ferraz pedia que moderassem a tonalidade, Dioguinho, ainda menino, contava que fugia para o quarto, temeroso de qualquer conflito e lembrava-se da voz forte do otorrino Vicente Pereira. Era um portugues nascido na pequena colonia de Macau, junto a China. Cursara a Faculdade de Medicina de Edinburgo na Escócia, e especializara-se nos Hospitais da capital Britanica. Fora cirurgião do "Hospital Real Italiano" do "Great Northern Central" e do "Center Hospital" de Londres" Estabeleu-se em Porto Alegre em 1906 ou 1907 com consultorio na Pharmacia Popular na rua dos Andradas 263. Atendia das 9 as 11 hs. e residia na Pensão Schmidt. Não conseguimos dados maiores dos motivos de sua vinda para o RGS. Mas supomos ter sido a propaganda feita em Londres pelo capitalista americano Percyval Farqhar dono das Estradas de Ferro do RGS e construtor da Barra do Porto de Rio Grande, ele levantava emprestimos em Londres e Paris para suas obras no Brasil. Seus protetores e entusiastas eram o Ministro de Obras Lauro Muller e Ramiro Barcellos gerente das pedreiras em Pelotas onde levavam para Rio Grande as enormes pedras que la estão estreitando o canal da Barra e portanto afundando o canal, foi a maior obra hidraulica das Americas, antes da construçao do Canal do Panamá. Vicente Pereira deve ter trabalhado 10 ou 11 anos em Porto Alegre e acumulou consideravel fortuna. Em 1917 anunciava no "Correio do Povo" ter reencetado a clinica na rua Independenccia numero 15. Nesta época eram medicos da especialidade o Dr. Victor de Britto e seu genro o Dr.Julio de Sousa Velho, com consultorio no numero 5o. da mesma rua. À noite era companheiro do grande pianista e compositor Radamés Gnatalli, mas tocava piano animando o cinema mudo. E frequentavam o "Clube dos Caçadores"
na Rua Nova (hoje Andrade Neves), famoso cabaré-concerto, fundado por Luiz Alves de Castro
o "Lulu dos Caçadores" e dirigido pelo cabaretier Raul Noriac, que havia apresentado a Vicente Pereira uma linda francesa. seu amor do momento. A revista "Mascara" de 1919 em um de seu primeiros numeros estampa a foto de Vicente Pereira, embecado, recebendo publicamente agradecimentos pela sua atuação durante a epidemia da gripe espanhola, e dizendo ser o diretor da Escola Medico-cirurgica. A rivalidade entre a Escola Medico-cirurgica foi a grande luta da Faculdade de Medicina e Pharmacia pois era particular e ensinava durante seis anos e tinha o Hospital de Ensino a Santa Casa. O Dr. Vicente Pereira ao ser diretor da Medico-cirurgica, que foi agraciada por Borges de Medeiros com um predio ainda existente na Praça no Alto da Bronze, onde funcionou por muitos anos uma Auditoria Militar. A Medico-Cirurgica foi fechada em 1932, no mesmo decreto de Vargas, que regulamentava a profissão medica. Vicente Pereira em 1920 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde havia comprado extensa area de terra no Leme, onde foi construido o primeiro tunel de acesso a Copacabana (Tunel Novo). e tornou-se milionario. Apos 1925 não tivemos mais fontes da vida de Vicente Pereira. Nicanor Letti, site nicanor.letti@terra.com.br

A Traqueotomia do Dr. Julio de Castilhos

Ao perceber o estalido do trinco da porta, Julio de Castilhos fixou o olhar na entrada e divisou a figura grisalha e de cavanhaque do Dr. Protasio Alves que entrava no gabinete. O médico colocou seu astrakan no cabide e mal conseguiu ouvir a voz rouquenha do desafio: De um jeito na minha garganta, estou afonico desde a visita ontem do Gen. Lima. Na casa da frente Dona Josefa viu pelo desvão da cortina o cavalo da charrete do médico, atado na argola do moirão e gritou para sua mana: Ih.. o doutor Julio esta rouco e o Protasio vai meter nitrato na garganta do pobre e ele vomitará tudo na janela dos fundos! O médico, calmamente sentou-se numa marquesa e disse filosoficamente: Julio a voz é o prego onde penduras todos os teus problemas. Enganas-te, respondeu, o prego que falas são minhas mãos atraves da pena e elas estão boas, o que tenho na garganta é doença, não é excesso, acrescentou aborrecido. Referia-se a capacidade incrivel de escrever cartas, bilhetes, editoriais ou artigos politicos e a dificuldade que tinha com a voz. Relata o Gen. Fernando Setembrino de Carvalho ter conhecido Castilhos, rouco, durante a Primeira Constituinte da Republica em 1891, e não suportava a fala em demasia ou de maneira prolongada. Na Santa Casa, dias apos, Protasio visitou as parturientes das salas do Curso de Partos, que fundara naquele ano de 1896 e foi ate a Enfermaria do Dr. Carlos Wallau solicitando um particular. No gabinete contou-lhe que atendera Castilhos em sua residencia. Alem de rouco, como de habito, estava agora dispneico. Álguma tiragem? perguntou Wallau. Só costal, acescentou Protasio. Estou preocupado com os sintomas do Presidente, uma rouquidão esta cheirando a alguma neoplasia. Será uma tragédia para a politica do Estado, arrematou Wallau de sobrecenho carregado. Protasio estremeceu e sacudindo a cabeça despediu-se desolado. Castilhos, entretanto, surpreendeu-os. Alguns dias depois estava melhorado e agradeceu num bilhete aos "preclaros esculapios". Passava longos fins de semana em sua chacara, cavalgando e cuidando da voz. Inclusive em 1897 recusou a candidatura a Presidencia da Republica como lhe propusera Floriano Peixoto. Ainda neste ano, visitou Caxias onde a denominou, em discurso famoso: "Perola das Colonias" codinome ate´hoje repetido. Traçou no discurso os grandes principios que os historiadores chamariam de castilhismo. Disse: "que o Partido Republicano Riograndense tinha um chefe, um programa e uma disciplina" que era "rigorosamente um partido e não um aglomerado de facções" e que os republicanos sempre deveriam ser "intransigentes com os principios e tolerantes com os homens" e que "nunca fariam oposisção sistemática nem lhes dariam apoio incondicional". Mas no final ficou afônico e permaneceu muitos dias acamado.Em julho de 1898, coordenou o acerto pessoal entre Alfredo Leal e Protasio Alves, Ambos diretores da Escola Livre de Farmacia e do Curso de Partos, resultando na fundação da Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre, a terceira a ser criada no Brasil. No mesmo ano entregou o governo ao seu sucessosr eleito o Dr. Antonio Augusto Borges de Medeiros, dedicando-se ao jornal " A Federação" e a Presidencia do Partido Republicano RioGrandense (PRR). Em 1902 Castilhos tornara-se arredio, não acreditava mais em solução do seu problema da voz, queixava-se aos amigos nos seus bilhetes dos inumeros colutorios, cauterizações, lavagens que os médicos o submetiam. Alude inclusive a um tratamento de massagens elétricas recem descoberto na Europa que fora tentado. Todas as tardes ao se dirigir para casa na rua da Igreja, evitava subir a Ladeira pela canseira e ofegação que sentia, o que era surpreendente para um homem de apenas 42 anos. Nunca foi comentado de Castilhos ser fumante. Apenas num bilhete ele agradece ao remetente de um fumo muito bom do interior do Estado. Durante o inverno gripara-se varias vezes, a voz piorou, a dispneia era mais intensa e apresentava dificuldade para deglutir alguns alimentos, como confessou em carta ao Dr. Aurelio Verissimo de Bittencourt, seu secretario e comissario politico. Protasio algum tempo depois foi avisado que Julio de Castilhos queria ve-lo pois não se sentia disposto. Encontrou-o recostado, ofegante e com grande tiragem supra-external e costal e ao movimentá-lo para o exame notou-o cianótico. Horas após, Dona Josefa avisava sua irmã: o Dr. Julio deve estar mal, estão la na casa o Dr. Serapião Mariante, Carlos Wallau e o Dioclecio Pereira. Ih. Maria será que ele esta peleando em retirada e sem munição! Pobre Dr. Julio! Os medicos preparavam tudo para realizar a traqueotomia. Wallau trouxera os instrumentos e era perito em realizar a intervenção que consistia em colocar uma canula metalica na traqueia incisando na base do pescoço. Protasio incumbira-se de convence-lo a permitir a operação e explicava tudo aos familiares presentes. A noticia espalhava-se como penas na ventania e a casa começou a ficar repleta de politicos e conhecidos. Na sala dos fundos do primeiro andar prepararam a improvisada mesa cirurgica e Castilhos foi conduzido ate lá. Ao ver que Dioclecio manejava a mascara de Ombredanne perguntou: quem me cloroformisa? O Dioclecio, respondeu Protasio. Então estou tranquilo. Ao ser conduzido para a mesa. Wallau que estava arrumando os instrumentos, com as mãos lavadas disse-lhe: Coragem Presidente! Castilhos após fixar os olhos no médico e arquejante respondeu: "coragem eu tenho o que falta é o ar"! O cheiro do cloroformio instilado na mascara por Dioclecio espalhara-se pela sala e Castilhos contido pelos cirurgiões debatia-se sufocado. Rapidamente Wallau, auxiliado por Protasio, incisou verticalmente a base do pescoço, mantendo o dedo sobre a cartilagem cricoide para se orientar. Encontrou a traqueia e abriu-a, mas o estertor tussigeno caracteristico não aconteceu. Dioclecio apavorado tomou-lhe o pulso e não o sentiu Protasio ainda comprimiu o torax mas não obteve resultado. O cloroformio e a dificuldade respiratoria haviam matado o mais famoso politico gaucho. Morria ingloriamente aquele que os historiadores denominaram de Patriarca do republicanismo rio-grandense, junto com Venancio Ayres o apostolo, Ernesto Alves o puro, Pinheiro Machado o homem de ação e Borges de Medeiros o incorruptivel, plasmaram um numero enorme de politicos que influenciaram decisivamente na politica gaucha e nacional até a decada de 1950. A disfonia, o cancer laringico e a traqueotomia, tres problemas importantes da otorrinolaringologia de todos os tempos estiveram ligados, nos albores do seculo em Porto Alegre, centralizados na figura notavel de Julio de Castilhos. Aquele que com apenas 31 anos havia escrito em 1891 um dos mais famosos documentos do nosso seculo: a unica constituição republicana positivista, baseada no ideario sociologico de Augusto Comte, que esteve em vigor no RGS ate 1930.

O Incrivel Dr. Julio Hecker

O vento do deserto fustigava as ameias do Forte da Legião Estrangeira, do Exercito Frances na area central do Territorio Argelino, no distante ano de 1876. O soldado Carlos Hecker percorria as seteiras observando movimentos de forças árabes. Tinha 30 anos, semi-calvo, esguio e alto, era um membro que se destacava na Legião por ser farmaceutico e conhecer a arte da relojoaria. Nascera em 1846 na Alsacia-Lorena de Sara Brunschwig e Abraham Hecker. Ao toque de recolher da corneta a tropa formou em poucos minutos no patio central da Fortaleza. O coronel Mac-Mahon, que anos apos seria general e presidente da França, surgiu de uma porta lateral com pinguelin na mão e subiu no estrado à frente da tropa que o saudou no estilo militar. O ajudante leu a ordem do dia com elogios ao soldado Carlos Hecker e anunciou que seu pedido de baixa havia sido autorizado. À voz de comando apresentou-se recebendo os documentos e a correspondencia, sendo cumprimentado e condecorado com a medalha de combate pelo coronel Mac-Maon. Ao ler as cartas ficou surpreso com a do tio materno Brunschwig, ele morava em Bagé no Rio Grando do Sul e o convidava a emigrar. Impulsivo como era, apos passar pela Alsacia, chegou a Bagé no fim do mesmo ano de 1876. Trabalhou algum tempo com os tios e casou-se com uma bageense de origem basca chamada Catarina Bidart que era uma moça afortunada. Tiveram muitos filhos e viajaram regularmente para a Europa, onde mantinham a casa dos seus pais na Alsacia -Lorena. Na ultima década do seculo xx com os filhos adolescentes instalou-se em Porto Alegre com a "Pharmacia Hecker" na esquina da rua da Praia com a Dr. Flores e uma relojoaria na rua Voluntarios da Patria chamada "Casa da Uva". Tiveram tres filhos homens: Julio, Jose e Paulo. Julio Hecker, o mais velho, nasceu na Alsacia, durante uma viagem, na mesma casa onde nascera o pai e com a mesma parteira. Foi registrado como cidadão alemão, pois a região estava sob dominio prussiano. Os demais nasceram em Porto Alegre. Todos os filhos cursaram Farmacia em Porto Alegre cuja faculdade fora fundada em 1896, mais tarde medicina. Paulo Hecker cursou tambem Direito. Julio e Jose Hecker formaram-se em Medicina em 1906. Sua turma tinha apenas cinco medicos: Antonio Castro Pinto, Catarino Rafael Azambuja, Jose Hecker, Julio Hecker e Ulisses Pereira de Nonohay. Paulo Hecker foi grande advogado em Porto Alegre sendo pai das esposas dos Drs. Nilo Luz, Paulo Pereira Lima e Ney Ferreira e do poeta e e escritor Paulo Hecker Filho. Julio Hecker logo apos a formatura começou a trabalhar no Hospital da Brigada Militar e dedicava-se ao tratamento das doenças do ouvido, nariz e garganta. Com o apoio do pai foi estagiar em Viena com Adam Politzer, com Fucks na Alemanha e tambem esteve em Barcelona., onde apos ter apresentado um trabalho numa reunião médica ganhou um premio. Dispomos de uma nota fiscal emitida pelo editor A.Maloine de Paris, em nome de Julio Hecker para seu endereço em Viena datada de 16.09.1910, especificando a compra de livros de otorrino e oftalmo. Voltou da Europa em 1913 entusiasmado e trazendo aparelhagem médica moderna da especialidade. O que o destacava era ter aprendido a manejar o endoscópio de Brünnig. Em 1908, Brünnig construiu seu famoso aparelho, usou pela primeira vez a eletricidade, iluminando o interior da via respiratoria, atraves de um lampada que se acoplava ao empunhador do aparelho. Este método foi um avanço extraordinario para a especialidade, pois ela sempre progrediu na cauda dos descobertas de métodos de iluminação de cavidades e sua ampliação. Em 1920 Chevalier-Jackson com seu endoscópico,e em 1950 com o microscopio otologico e Kleinsasser com o sistema de endoscopia de suspensão em 1960. Chegou Julio Hecker em Porto Alegre em 1913, trazendo todas as novidades e avanços técnicos da especialidade e começou a trabalhar. Fazia sucesso com a endoscopia extraindo corpos extranhos e de rotina usava-o na Santa Casa. Viajava muito para o interior onde atendia e operava. Dispunha de uma carruagem com uma parelha de magnificos cavalos, fazendo figuração em todos os ligares por onde passava, instalando-se nas melhores hospedarias e anunciando sua especialidade 'a moda da 'epoca. Com um paciente que facilmente aceitava a passagem do endoscópio fez uma demonstração publica num cine na praça da Alfandega. Em uma viagem a Bagé, conheceu uma moça da familia Martins e casou em seguida. Este casamento trouxe-lhe muitos problemas, pois ela sofreu de um problema hormonal e engordou ate pesar 140 quilos. Separou-se desta senhora e ficou cuidando de uma menina adotada, esta casou-se mais tarde com Belmir Terra, filho do agropecuarista Dr. Marcial Terra e pouco tempo depois faleceu de parto. Desde o falecimento de sua filha, Julio Hecker perdeu o controle emocional e como ja abusava do alcool, tornou-se um alcoolatra. Foi um bebedor famoso, não só no mercado Publico, onde patrocinava grandes noitadas, tornando-se farrista popular, pois todos o conheciam e sabiam que era médico. Mas muitas coisas fez e realizou antes do descontrole de comportamento e do uso abusivo do alcool. Organizou o serviço de atendimento de olhos, ouvidos, nariz e garanta do Hospital da Brigada Militar, onde chegou a capitão-medico. Foi o primeiro professor de Otorrino da Faculdade de Medicina de 1915 a 1918, organizando seu primeiro curriculo, substituindo o Prof. Diogo Martins Ferraz que cumulava com o cargo de professor de Propedeutica Cirurgica. (não confundir com seu filho o Dioguinho Ferraz). No Arquivo da Faculdade de Medicina encontramos o unico documento que confirma estes fatos, é um requerimento manuscrito onde Julio Hecker comunica ao Diretor Sarmento Leite que reassumiu a cadeira de Otorrino. Pelos arquivos da Faculdade de Medicina o professor da especialidade a partir de 1920 foi Julio de Souza Velho. É provavel que Julio Hecker foi o professsor de 1914 a 1919. Na decada de 1920, contou-nos o Dr. João Valentim, foi o expoente maximo da especialidade. Graças aos doutores Pereira Lima e Raul Vargas que guardaram por muitos anos os instrumentos de Julio Hecker e apos ,a meu pedido doaram os instrumentos para a Faculdade de Medicina. Foram tambem preciosas as informações e fotografias, ineditas que nos foram dadas pelo Dr. Almir Porto da Rocha, parente do Dr. julio Hecker. Nicanor Letti - site:

O suiço Dr. Francis Valentim

Em Berna, no mes de outubro de 1912, qundo começava nevar esporadicamente, o Dr. Adolfo Valentim recebeu uma carta vinda do Chile, remetida pelo seu paciente, Sr. Carlos Quejada, rico comerciante e proprietario de terras, que fora operado de um carcinoma na boca, ha um ano, e agora, desesperadamente, pedia que seu médico fosse ao Chile pois seu mal recidivara. Junto cheques para a viagem e outras despesas. Ainda com a carta na mão, entrou na sala seu filho, Dr. Francis Valentim, tambem otorrino e estudara e se aperfeiçoara com o famoso Adam Politzer de Viena. Quando mostrou a carta de Quejada ao seu filho disse-lhe: tens vontade de ir ao Chile ver e tratar o Sr. Quejada? Em meados de dezembro Francis embarcava em Genova no "Regina Margheritta" para Buenos Aires. encontraria o emissário do Sr. Quejada para leva-lo ao Chile. Depois das paradas em Marselha e Lisboa, chegaram ao Rio de Janeiro. Haveria troca de navio e os passageiros foram para o Hotel dos Estrangeiros. O Dr. Valentim recebeu a correspondencia e um telegrama comunicando que o Sr Quejada falecera. No hotel Francis encontrou o Dr. Edmond Berchon des Essars, clinico e cirurgião famoso de Pelotas. A historia foi contada e comentada entre os dois médicos. Berchon convidou-o para clinicar em Pelotas no RGS. Disse-lhe que era amigo do provedor o Barão de Arroio Grande, Francisco Antunes Gomes da Costa. A Santa Casa de Pelotas fndada em 19 de março de 1848, somente em 1890, por iniciativa de Miguel Rodrigues Barcellos (Barão de Itapitocay),que era seu provedor, criou o serviço de olhos, ouvidos e nariz. O dr. Ribeiro Tacques foi o primeiro medico, e anunciava seus serviços nos jornais da cidade. Dois anos depois o Dr. Victor de Britto criava o mesmo serviço na Santa Casa de Porto Alegre. Foi nesta época, chegou a Pelotas o Dr. Francis Valentim, desembarcando da corveta "Pernambuco". Os primeiros meses foram de grande sucesso para o medico suiço, fez as primeiras amigdalectomias e adenoides, operava polipos nasais, e realizava sinusotomias. Conhecia e tratava adequadamente as otites agudas e cronicas. Sua fama espalhou-se rapidamente e em maio e junho excursionou a Bagé e Rio Grande , em diligencia, onde operou e tratou pacientes que esperavam ha muito tempo um especialista. Esteve em Porto Alegre, na Casa de Correção visitando o trabalho relalizado pelo Dr. Sebastião Leão, que ja falecera, mas
o estudo realizado por aquele médico foi apreciado e estava acompanhado pelo Dr. Protasio Alves, este estudo do "facies" do criminose foi tese de uma historiadora mostrando que Sebastião Leão não concordava com as teses dos criminologistas Ferri e outros. Tempos depois conheceu no Clube Comercial de Bagé uma linda moça, Lia Sá e confraternizou com os pais e sua familia. E dançaram e casaram em outubro de 1913. Mas em 1914 -1915 voltou para suiça chamado pelo Serviço Militar. Na sua volta nasceu sua única filha . Trouxe da Europa uma grande qnatidade de material cirugico e continou trabalhando em consultorio e na Santa Casa. Em plena atividade no ano de 1918, foi afetado pela gripe espanhola e faleceu, em plena idade e vigor ao trabalho. Mas sem duvida foi o primeiro otorrino do RGS com formação completa executando seu trabalho com as adiantamentos completos daquela época. Nos anos setenta, quando colhi estes dados, sua filha morava no Rio e trocamos correspondencia e forneceu-nos os dados do relato e nos remeteu sua fotografia. Nicanor Letti Site: nicanor.letti@terra.com.br

O Professor Victor de Britto

Quando um vulto de grandes méritos se eleva ao fastigio do saber, curva-se em respeitosa homenagem a historia para lhe traçar um esboço biografico. É ele Victor de Britto, famoso oftalmologista, esplendoroso espirito, cheio de erudição não somente médica mas também literária e politico-social. O que segue bem dira da sua estatura intelectual e moral. Nasceu em Valença, pequena cidade da Bahia, a 15 de outubro de 1856. Seu pai, Victor Marcolino da Silva Britto, era farmaceutico da Armada, e sua mãe chamava-se Maria Angélica da Silva Britto. Teve dois irmãos e duas irmãs. Destas, a mais moça, de nome Ursula, casou-se com Joaquim da Costa Lage, que foi, durante quarenta anos, funcionário da Cia Sul América. A outra Maria, casou-se com o médico Dr. Domingos de Azevedo, por longos anos em Campinas, estado de São Paulo. Os irmãos faleceram na infancia, deixando-lhe grande saudade, pois os estimava imensamente. Muito afetuoso e precocemente austero, tomou na mocidade, a si, os encargos da familia, visto que seu pai viajava com frequencia, permanecendo pouco tempo na Bahia. No estudo de humanidades, particularmente do Latim, e do Portugues, materias a que dedicava maior atenção, e no estudo da Medicina, na Faculdade da Bahia, onde se doutorou em 1878, adquiriu foros de eximio estudante, conseguindo facilmente, um dos primeirtos lugares, entre os mais distintos condiscipulos. Naquela Faculdade, conquistou amizade dos mestres, especialmente do Dr. Domingos Carlos da Silva, professor de Patoloiga Externa, e do Dr. Almeida Couto, lente substituto da Secção Medica. Defendeu a tese sobre "Pustula Maligna", assunto inspirado em caso dessa molestia que acometera o seu, então, futuro sogro. Logo apos a formatura, casou-se com Maria Eufrosina da Cunha, irmã do Almirante Antonio Alves Camara, que residia no Rio de Janeiro e aí faleceu. Começoou Victor de Britto o exercicio da profissão em seu estado natal, onde clinicou por espaço de dois anos. Mudou-se então, para o Rio Grande do Sul, fixando residencia em Pelotas, aí exercendo a clinica geral até o começo de 1884, época que embarcou para a Europa, para estudar oftalmologia em Paris. Nesse centro da especialidade com os célebres professores Wecker e Panas, cuja simpatia grangeou rapidamente pela dedicação ao curso e pelas manifestações de grande inteligencia. Alem da amizade desses dois mestres, adquiriu intimas relações com os Drs. Lapersonne e Terrien, posteriormente lentes da Faculdade de Paris, na catedra de Oftalmologia. Em tão elevada conta tinha o Prof. Wecker a Victor de Britto, que o convidou a ficar em Paris, como seu assistente, lamentando, profundamente, ao sabe-lo casado. Alem desse impedimento, outro obstava a que aceitasse o convite: o grande desejo de trabalhar para os seus conterraneos. Voltando ao Rio Grande permaneceu alguns meses em Pelotas, seguindo depois para Porto Alegre, onde fixou residencia definitiva, aqui encontrando campo vasto para o exercicio da especialidade, ate então atendida por um clinico geral o Dr. Joaquim Pedro Soares. Logo apos sua radicação em Porto Alegre, criou um serviço de molestias dos olhos e mais tarde na Santa Casa de Misericordia, onde trabalhou com dedicação ate antes de morrer, dirigindo, assim, por cerca de quarenta anos, o ambulatório e a enfermaria de doença dos olhos. Foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, ocupando a catedra de Oftalmologia que tanto ilustrou. Era membro da Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, na qual teve ingresso com excelente memoria sobre o Tracoma. Foi, tambem membro Societé Française d"Oftalmologie e de outras corporações cientificas estrangeiras. Por tres vezes, interrompeu sua estada em Porto Alegre. Primeiramente de 1893 a 1895, durante a Revolução de 1893, quando de injusta perseguição politica de que foi vitima, não se consumando a tragedia do seu fuzilamento, graças à intervenção de nosso parente o oficial da marinha Alves Camara, comandante da flotilha do Rio Grande do Sul, o qual exigiu sua libertação, sob pena de bombardeio de Porto Alegre. Livre, então, seguiu até o Rio de Janeiro, onde permaneceu ate a pacificação. Em 1904, ausentou-se do Rio Grande, em nova viagem a Europa, a fim de estudar Otorrinolaringologia em Viena e doenças nervosas em Paris. Nesta cidade frequentou o serviço do professor Raymond e, na capital da Austria os serviços dos Professores Politzer, Landsteiner, Wintersteiner, Obersteiner, Wiesel e Gohn. Enfim, afastou-se., pela terceira vez. quando deputado federal pelo Rio Grande do Sul na oitava legislatura. Desde a juventude, manifestou tendencias para as lutas politicas, Em Pelotas, ao tempo da monarquia, conseguiu triunfar na chapa de vereadores. Foi propagandista da Republica, ao lado de Julio de Castilhos, Homero Batista, Ernesto Alves, Demetrio Ribeiro, Antão de Faria e outros. Fez parte do corpo de redatores da "A Federação" de Porto Alegre, dirigida , então, por Gonçalves de Almeida. Como deputado federal, foi uma das figuras de maior relevo, pronunciando muitos e brilhantes discursos sobre questões economicas e financeiras, publicando, alem disso, importante trabalho sobre o sufragio universal. Deu, ainda, atenção a reforma do ensino, a proposito, erudita conferencia na Biblioteca Nacional. Entretanto, dedicou o melhor de sua atividade ao hospital de caridade, onde permanecia diariamente das 8 as 12 horas. Foi tres anos provedor da Santa Casa de Misericordia. Cargo que prestou assinaldos serviços, introduzindo reformas dignas de nota. Foi a grande primeira reforma da area medica, no trienio 1919 a 1921 criou apos de um grande estudo a situação ds enfermarias, numerando-as e nomeando chefias e colocou em mais de vinte enfermarias sob a tutela medica da Faculdade de Medicina, criando o Primeiro "Regulamento do Serviço Sanitario da Santa Casa" nele disciplinou as funções e obrigações do Diretor Geral do Serviço Sanitario, dos medicos internos, e das diretorias das Enfermarias, regulamentou a admissão dos enfermos, e seu comportamento no Hospital. Foi o grande regimento que ate hoje funciona com aqueles principios. Na catedra, em que seu zelo apostolico pela ciencia foi tão manifesto pronunciou brilhantes e profundas lições , recordaddas sempre pelos seus alunos. Era orador fluente e magnifico expositor, revelando, em todos os postos ocupados, dons invulgares de pensamento e cultura geral. O interesse que tinha pela formação dos discipulos Assim que muitas vezes realizou na propria residencia. Espirito Altivo, não perdoava os atentados a dignidade de sua profissão, que sempre defendeu galhardamente Foi polemista de vigor, quer no terreno medico, quer no politico, Na Ata 96 (24.07.1911) relata que Victos de Britto relatou os novos estatutos da Faculdade de Medicina que foram aprovados e na Ata 98 foi mandado imprimir. No ano que deixou de existir, havia sido escolhido para paraninfar a turma dos doutorandos de Medicina, e terminara o texto do discurso que faria na solenidade. Faleceu em 24 de outubro de 1924. Deixou um acervo enorme de trabalhos cientificos, médicos, politicos e monografias a principal e famosa foi seu livro sobre"Gaspar Martins e Julio de Castilhos" que teve critica brilhante do literato Osorio Duque Estrada. NicanorLetti. site: nicanor.letti@terra.com.br






Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1919

A Faculdade de Medicina de Porto Alegre esta de parabens, pois vai ter em breve um auxilio expressivo para finalizar seu prédio junto ao Campo da Redenção. Iniciado em 1913, logo apos a doação do terreno pelo Presidente do Estado Dr. Carlos Barbosa. Mas as obras estavam paradas desde 1913. Na ultima sessão da Congregação o Prof. Sarmento Leite comunicou, ter visitado o Dr.Borges de Medeiros, recebeu a comunicação de verba expressiva para concluir o prédio. O primeiro e mais antigo instituto livre do Brasil. fundado em 25 de julho de 1898, equiparada as congeneres oficiais pelo decreto numero 3758 de 1 de setembro de 1900, assinado por Campos Sales e Epitacio Pessoa então ministro do Inteior e Justiça, sendo nomeado delegado fiscal federal o Dr. Balduino Nascimento. Ao Dr. Protasio Alves. seguiram-se na diretoria os drs. Dioclecio Pereira como vice-diretor, Serapião Mariante, Olinto de Oliveira, Carlos Wallau, Octavio de Sousa, e Sarmento Leite. Ocupando o cargo de delegado fiscal, sucessivamente os Drs. Dias de Castro e Candido Reis, este ate 1911, ano em que, a 5 de abril foi promulgada a chamada Lei Rivadavia em substituição ao Codigo de Ensino Epitacio, ficando extinto o cargo de Delegado Fiscal da União. E assim pautando sempre todos os seus atos pela mais rigorosa austeridade, este Instituto impoz-se a consideração publica, captando confiança dos poderes publicos. Para tornar mais eficiente a instrução ministrada a seus alunos fez construir na Varzea, em terrreno cedido pela Santa Casa seu Instituto Anatomico, um dos melhores do Brasil e em casa alugada na rua General Vitorino esquina Floriano Peixoto instalou seu Laboratorio Clinico (Osvaldo Cruz) e onde se fazem todas as pesquisas clinicas , serologia, microscropia histologia e se preparam vacinas autogenas. Com a nova reforma do ensino superior e fundamental de 18 de março de 1915 (Lei Maximiliano). Na sessão extraodinaria do Conselho de Ensino Superior de Ensino a 20 de maio de 1915, sendo nomeado Inspetor Federal o Sr. Dr. Eduardo Emiliano Pereira dos Santos. Apos a mais rigorosa e minuciosa inspeção, alcançando aulas, laboratorios, exames, toda a escrituração e todos os atos da Faculdade, desde sua Fundação, foi o relatorio do referido Inspetor unanimente aprovado pelo Conselho Superior de Ensino, em sessão de 5 de fevereiro de 1916, com o parecer elogioso da respectiva comissão composta pelos Profs. Aloisio de Castro, Reynaldo Porchat e Paulo Frontin, referencias que muito lisongearam a Faculdade. A primeiro de março do mesmo ano em portaria do Ministerio do Interior e Justiça, era de novo a Faculdade equiparada as congeneres oficiais e esta vez coube-lhe a gloria de ser o primeiro Instituto de Ensino Superior considerado idoneo e a primeira faculdade livre de Medicina do Brasil e gozar das regalias da equiparação. Em 1917, não querendo ser reconduzido ao cargo foi o Dr. Eduardo Emiliano susbuido pelo Dr Jacintho L. Gomes, o qual pelo mesmo motivo foi substituido em 1918 pelo Dr. Ricardo Machado que ainda esta no cargo. Tem assim a Faculdade se desenvolvido, lentamente é verdade, mas de um modo firme e bem orientado, sempre fiel ao lema - conservar melhorando- e o progresso se observou em todos os seus departamentos. O numero de alunos de 60 subiu a 250, seus laboratorios, de 30 contos elevaram-se a 111 contos, sua receita de 45 contos alcançou no ano findo 104 contos, seu patrimonio de 54 contos passou a 556 contos. No dia 15 de dezembro realisou-se a eleição para Diretor e vice-diretor. Foram reeleitos os Prof. Sarmento Leite e Serapião Mariante. Podemos noticiar que o inicio dos trabalhos do predio da Faculdade no campo da Redenção será reiniciado brevemente. O corpo docente da Faculdade compõe-se atualmente dos seguintes professores: Phisica Medica: Ney Cabral, Chimica medica; Christiano Fischer Historia natural medica: Sarmento Barata, Histologia e Embriologia: João Marques Pereira, Anatomia Descritiva 1) Moyses Menezes, Fisiologia: Fabio de Barros., Anatomia Descritiva 2) Samento Leite. Microbiolobia: Pereira Filho, Clinica Propedeutica Medica: Plinio Gama, Clinica Propedeutica Cirurgica: Guerra Blessmann, Patologia Geral: Mario Totta, Anatomia e Patologia Fisiologicas: Gonçalves Vianna, Farmacologia e arte de formular : Paula Esteves. Patologia cirurgica Diogo Ferraz. Clinica Dermatologica e sifiligrafica: Ulysses Nonohay, Clinica oftalmologica: Victor de Britto, Clinica Cirurgica: Frederico Falk Clinica Cirurgica: Arthur Franco, Anatomia medico-cirurgica e operações: Froes da Fonseca, Terapeutica: Dias Campos, Clinica Medica: Thomaz Mariante, Clinica Medica: Aurelio Py, Clinica Medica: Octavio de Souza, Clinica pediatrica e higiene infantil: Gonçalves Carneiro, Clinica pediatrica cirurgica e ortopedica: Nogueira Flores, Clinica otorrinolaringologica: Julio Velho (interino), Patologia Medica: Alberto de Sousa. Higiene: Velho Py. Medicina Legal: Annes Dias, Clinica Obstetrica: Freire Figueiredo, Clinica ginecologica: Serapião Mariante, Clinica neurologica: Raul Moreira(substituto), Clinica psiquiatrica: Luiz Guedes, Clinica analitica: Waldemar Castro, Farmacologia 1}parte -Ivo Corseuil (interino), Farmacologia 2: Argemiro Galvão (interino), Clinica de protese: Fontoura Trindade, Clinica Estomalogica:Jose Paranhos, Patologia, terapeutica e higiene Dental: Cirne Lima, Substituto da Secção quinta: Octacilio Rosa, Substituto da 7 secção: Freitas e Castro, Substituto da decima secção: Martim Gomes, Substituto da 12 secçao: Guerra Blessmann, Substituto da 16 secção: Raul Moreira. Prof. Jubilado: Carvalho Freitas, Professores honorarios: Carlso Barbosa e Olinto de Oliveira./ Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra.com.br

Dr. Reynaldo Frederico Geyer

Reynaldo Frederico Geyer, filho mais velho de Inacio Guilherme Geyer, estudava medicina, e tinha quatro irmãos: Leopoldo Geyer, Carlos Geyer, Giorgina Geyer Costa e Olga Geyer Mundt. O pai dos Geyer unira-se com Leopoldo Masson (1845-1927) e fundaram a Casa Masson.Durante muitas décadas foi a grande Ourivesaria. Leopoldo Masson teve dois filhos, Ricardo e Luiz Masson, médicos, formados no Rio de Janeiro e foram professores da Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre. A historia de Reynaldo liga-se intimamente a estas duas familias. Reynaldo Frederico Geyer ingressara na Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre em 1901 e logo tornou-se grande amigo do jovem professsor de Anatomia, um dos fundadores da Faculdade, Eduardo Sarmento Leite Fonseca. O ano de 1901 foi dramático para a nova faculdade, necessitava a carta de aprovação do Ministerio da Justiça e Educação e a Equiparação as da Bahia e do Rio, fundadas por Dom João VI em 1808.Eram faculdades oficiais. Mas a Faculdade de Medicina e Farmacia de Porto Alegre era particular. A primeira do Brasil neste regime mas a terceira em funcionamento. Dois politicos famosos gauchos eram os coringas para agir junto ao Governo Federal. Nesta época, até 1924, ela funcionou na rua da Alegria (Gen.Vitorino) numero 55. O principal politico era o Dr. Jose Gomes Pinheiro Machado, e deputado Alberto Correa, finalmente chegou o telegrama e os estudantes desfilaram pela rua da Praia, dando vivas a Pinheiro Machado e ao Deputado . Entrevistei o Sr. Leopoldo Geyer, irmão de Reynaldo no dia 17.11.1979, na sua residencia da rua Padre Reus em Porto Alegre, estava com 90 anos. Mas lúcido e tudo sabia sobre o irmão. Revelou que ainda moço Reynaldo trabalhava em uma loja de ferragens e era estudioso e inteligente. Aprendera facilmente o esperanto e falava frances. Disse ao seu pai que estudaria medicina. Apresentou-se ao liceu e passou facilmente nos preparatorios. Afirmou tambem que gostava muito dos necessitados e para se manter dava aulas particulares. Ele foi lider estudantil e tomou parte ativa no movimento na Faculdade em 1906, necessitando terminar seus estudos de medicina no Rio de Janeiro. Este fato foi o da reprovação da tese de doutoramento do aluno Eduardo Soares Barcellos em 1906, este estudante era sobrinho da famoso e perpetuo provedor da Santa Casa Antonio Barcellos e morava com ele. O doutorando criticou os professores que não operavam as hernias cerebrais e deixavam as crianças falecerem sem qualquer auxilio. Os estudantes revoltaram-se contra a reprovação e tiveram o apoio do Prof. Sarmento Leite que desfilou abraçado com Reynaldo Geyer numa passeata de desagravo até na frente da Santa Casa. Mas a Congregação da Faculdade no dia seguinte reuniu-se e resolveu suspender 101 alunos e uma aluna da Escola de Enfermagem por um ano. Sarmento Leite discutiu intensamente e votou contra a suspensão, desde este fato Sarmento apoiado nos alunos iniciou sua liderança terminando em 1915 como diretor. Onde permaneceria até o ano de 1934. A maioria dos estudantes, e que tinham recursos foram para o Rio de Janeiro e terminaran o curso de medicina. Sarmento Leite acompanhou ate o porto a partida dos alunos para o Rio e principalmente de Reynaldo Geyer. No Rio cursou o ultimo ano e defendeu uma tese polemica "A medicina e os pobres", que foi aprovada. E foi trabalhar, por um tempo como médico, no fim da linha do trem, era onde moravam os pobres. Tinha o seguinte pensamento "é necessário terminar a miseria para terminar as doenças" disse-me Leopoldo Geyer na sua entrevista. Aproveitou tambem para aprender no Rio o trabalho em laboratorio, principalmente a reação de Wassermann para diagnosticar a sifilis e outras novidades. Quando voltou para Porto Alegre, em 1911, a Faculdade, isto é, Sarmento Leite soube que Reynaldo Geyer sabia realizar o teste de Wassermann conseguiu criar o Instituto Oswaldo Cruz, da Faculdade de Medicina. Foi o primeiro laboratorio de analises de Porto Alegre, fundado em 6 de maio de 1911, instalado em 25 de julho de 1911. "para pesquisas quimicas, serologicas e bacteriologicas etc. Os exames eram gratuitos para os doentes da Santa Casa, da "Casa de Correção" e para o pessoal da Faculdade. Reynaldo continuava estudioso e desejava fazer concurso para a Faculdade na cadeira de Patologia. Ao mesmo tempo militava no movimento anarquista, e esperantista, foi um dos fundadores da Escola "Elyseu Reclus" nome de um grande geografo anarquista frances. A escola funcionava a noite e nos feriados para os filhos dos operarios. Ensinava-se: esperanto, frances, portugues, aritmetica,, historia universal, desenho, ginastica sueca, mecanica, fisica e quimica. E palestras de Anatomia. Tambem fundaram o jornal "A Luta", e Reynaldo escrevia com os pseudonimos de "refrega", "alcaime' "FR" e outros. Mas nunca foi um anarquista violento era pacifico e acreditava no convencimento politico. Dois anos depois de trabalhar no Laboratorio de analises, a Faculdade abriu concurso para Patologia, um dos defensores do concurso era Sarmento Leite prevendo o canditado indicado seria Reynaldo Geyer. Mas nas vesperas da data de inscrição, surgiu um médico de Santa Maria, vindo do Rio de Janeiro para servir no exercito, um homem alto, jovem e charmoso. E casou com a filha do homem mais poderoso de Santa Maria O Eng. Gustave Vauthier, diretor das estradas de ferro pertencentes ao capitalista americano Percival Farqhuar. Este medico era o Dr. Alberto de Sousa, mais tarde conhecido como "cavalão". No dia do concurso estavam presentes todas as autoridades, e o concurso foi roubado escandolosamente pelo Dr. Alberto. Nas declarações do irmão e dos jornais todos achavam que o concurso deveria ser aprovado o Dr. Reynaldo, inclusive Ricardo Masson cortara relações com seu irmão Luiz, examinador do concurso que dera notas mais elevadas ao Dr. Alberto de Sousa. Este foi o inicio da carreira do Alberto, anos depois professor de Otorrinolarigologia. O concurso destruiu psicologicamente Reynaldo Geyer, com crises de esquizofrenia, tentou suicidio, e seu pai salvou-o arrombando a porta do quarto, no andar de cima da Casa Masson. Desde então começou passar as noites no famoso "Clube dos Caçadores",mas como piorou, Leopoldo levou-o para o Rio e internou-o no Hospital durante 10 anos. Como estava calmo voltou para Porto Alegre e ficou mais alguns anos na Chacara da Familia,na Cavalhada. Mais tarde vendida ao Dr. Alberto Pasqualini. E levaram-no para o Sanatorio Kempf em Santa Cruz onde permaneceu por muitos anos até sua morte. Foi enterrado por Carlos Geyer e seu filho Helio, e seus ossos trazidos para o jazigo da familia na entrada do Cemiterio São Miguel e Almas . Uma das ideias do Reynaldo Frederico Geyer é lembrar que ele convenceu seu irmão Leopoldo a vender joias a prazo, pois os pobres, quando podem compram joias, esta fato foi tão positivo que a Casa Masson alugou na Gen.Floriano salas para este tipo de vendas. As vendas em prestações rendiam mais que os do balcão da loja. Portanto, Reynaldo Geyer foi o inspirador do crediario no Brasil. E provocou a demissão de um dos seus gerentes o Sr Scarpini, que fundou sua loja. Nicanor Letti - site: nicanor.letti@terra.com.br.

A Formatura de 1936

Sarmento Leite falecera em 1935. O Prof. Frederico Falk o substituira como interino. O Gen. Flores da Cunha, presidia o Estado. O Professsor Blessmann eleito deputado estadual, presidia Assembléia. Vários médicos e professores eram deputados, inclusive o Dr. Oswaldo Hampe, clinicando em Antonio Prado, formado em 1915, era membro da assembléia. Flores em 1936 preparava algo, comprava armamento, e Vargas ja tinha na retina o Estado Novo. Os formandos de 1936 da Faculdade de Medicina, Odontologia e Pharmacia e a solenidade da formatura, onde muitos falavam, tanto representantes dos formandos, como os paraninfos. Flores era o convidado especial. Mas os formandos sofreram uma dissidencia, dividiram-se em dois grupos: não conseguimos saber exatamente o que aconteceu pela ruptura, os dissidentes alegaram não ter dinheiro para o smoking oficial, e se formariam pela manhã com um traje branco. Os outros a noite. Mas os paraninfos e os homenageados seriam os mesmos para os dois atos.A formatura pela manhã foi reservada aos parentes. O Prof.Frederico Falk aceitou a situação e presidiu as duas solenidades. Sabia-se que um dos dissidentes o doutorando Adolpho Pfeir Krebs, fora preso e torturado pelo governo estadual por motivos politicos. Os dissidentes eram: Alvarino Fontoura Marques, Arthur Ignacio do Prado, Adolpho Pfeir Krebs, Aristoteles Waltrick, Aparicio Almeida Maciel, Carlos Candal dos Santos, Carlos Osorio Lopes, Clovis Bopp, Darcy Farias Lima, Darcilio Garcia, Ernani Carvalho da Costa, Edmndo Olzewesky, Eugenio Adams, Flavio Pinheiro de Freitas, João da Silva Silveira Neto, Jose de Barros Falcão, Josue Pereira de Souza, Lesy Caravantes, Lauro Muller, Luiz Magalhães Vieira, Miguel Riet Correa, Mauricio Seligmann, Newton Azevedo, Pedro Falci, Romeu Mucillo, Saul Saldanha, Salvador Petrucci, Telmo Snell, Thomas Pereira, Ulrico Ambros, Vicente Martins Real, Victorio Velloso e Milton Costa (pharmacolando). Na cerimonia à noite, revestiu-se de toda a imponencia, o salão nobre da Faculdade de Medicina tornou-se pequeno pelo publico, parentes dos formandos, autoridades e os alunos que fizeram uma entrada vestidos com smokings. A mesa foi ocupada pelo Gen. Flores da Cunha, pelo diretor, pelo gen. Emilio Lucio Esteves cmt.da Região Militar e de varios professores, inclusive os tres paraninfos: Os professores Paula Esteves pelos doutorandos, Adalberto Pereira da Camara pelos odontolandos e Henrique de Oliveira pelos pharmacolandos. Tambem presentes os prof. Thomaz Mariante, Raymundo Vianna, Adayr Eiras de Araujo e Sarmento Barata. Tomou logo a palavra o Dr. Frederico Falk, diretor interino, explicando a solenidade daquele ato da formatura de jovens medicos, odondolandos e um pharmacolando. Foi chamado em seguida o Luiz Assumpção Osorio que havia defendido tese, embora não fosse mais obrigatoria como alguns anos se fazia. doutorando leu o "Juramento de Hipocrates" e os demais chamados repetiam "eu prometo" e recebiam anel do diretor e o diploma: Abrahão Carpilowsky, Aldo Silveiro Chaves, Alvaro B. Sant'Anna, Antonio F.S. Acioli, Antonio H.S.Luderitz, Apollo Correa Gomes, Antonio F. Casagrande, Armando Abreu Pinto, Caio Fontoura Escobar, Carlos Nunes Tiebohl, Ceciliano R. Teixeira, Cyro Soares Leães, Carson Teixeira Netto, Darcy G. Nogueira, Decio Pinto de Oliveira, Dinarte Ribeiro Netto, Edgardo Pereira Velho, Eurico S.P. Pinheiro, Floriano P. Machado, Francisco D. Ferreira Filho, Gabriel Tabbal, Gabriel M.T. de Moraes, Gaston Festugato, Gilberto Mangeon, Guilherme A.S. Soares, Helio B. Ferreira, Hermes Rodrigues, Homero de Macedo, Jairo Leandro, João Carlos Boeira, João Vargas Amaral, Jose Caldas Rodrigues, Jose F.P. de Moraes, Jose Moacyr Rib de Martins, Jose S. Antunes Filho, Lindolpho J. Dornelles, Luiz F. Assumpção Osorio, Luiz Matins Bastos, Luiz Muller Piracelli, Manoel Luiz Soares Pitrez, Mario Garrastazu Medici, Mario Jacinto Salis, Newton C,P. Degrazia, Nicolau F. Celiberto, Olavo Meira, Olecio Cavedini, Osmar Pilla, Oscar Vasconcellos Borges, Paulo Carvalho Ribeiro, Ruy Fortini, Rui dos Santos Lisboa, Saturnino J. Reis Velho, Syrio Martins Trois, Theodomiro A. Ferreira, Umberto Torelly Lubisco, Vanius Genio Lubisco, Viginio M. da Silveira, Walter Fernandes, Zeferino Bittencourt. Pharmacolandos: Erna M. Doehe, Ildefonso Trois Motta, Ruy Marques, Ruben Green R. Dantas. Odontolandos: Ney Rosa Brasil, Francisco Molinaro, Evandro Cintra Vidal. Apos foram entregues os premios Raul Leite e Carlos Chagas para o doutorando Gabriel Taball. Em seguida discursaram o doutorando Cicero Leães , e os paraninfos das tres categorias.
Nicanor \Letti - site: nicanor.letti@terra.com.br

Alfredo Leal

Corina Pessoa, no livro "Um Brasileiro Esquecido"é autora da única biografia de Alfredo Leal. Conheceu-o em Livramento, com uma grande farmácia, havia deixado o exército, pois viera da Bahia, como farmaceutico militar. Montou um laboratorio, estudava quimica, fazia experiencias e reunia um grupo de amigos onde discutiam politica, literatura e problemas nacionais. Tudo isto acontecia no ano de 1891. O grupo da farmacia foi crescendo recem declarada a Republica e começavam a viver numa democracia. A autora lembra-se dos amigos de Leal na Farmacia: Alcides Mendonça Lima, grande jurista, escrevia no jormal local "O Cidadão". Manoel Pacheco Prates e o Dr. Moyses Viana, cunhado de Alcides Lima. Mas a figura principal do "cenaculo" era Alfredo Leal, de estatura mediana,, clara, olhos castanhos, fronte alta e audaciosa, Leal era um apaixonado, um impulsivo, um temperamento sempre em ebulição. O Dr. Gouvea deixou o grupo e foi transferido para o Rio. E Alcides Lima foi eleito deputado federal e tinha tres filhos pequenos: Virginia, Jõao e Alcides. Lembro-me das casas de comercio de Garragoni, Ceballos e de Vivaldino Maciel. Foi nessa epoca que Alfredo Leal casou-se com uma linda santanense da familia Falcão, chamada Etelvina. Meu pai foi testemunha, relata Corina Pessoa. E Angelita Giudice a encantadora vizinha, casada com Olimpio Giudice, penteou meus cabelos para a festa do casamento de Alfredo Leal e Etelvina. Logo apos seu casamento Alfredo Leal transferiu-se para Porto Alegre. Alem do trabalho em sua farmacia, estudou o saneamento dos esgotos na cidade, mas não teve sucesso. Como tambem foi o primeiro a descobrir os elementos quimicos de grande quantidade na area de Candiota para produzir cimento. Mas não teve exito, para qualquer empreendimento, de qualquer maneira foi o descobridor da área com calcareos que muitos anos depois tornou-se uma riqueza mineral do estado. Mas com o problema da banha foi interessante: Leal estudou o problema, nos seus laboratorios na rua da Olaria onde fabricava os medicamentos, verificou que a banha remetida para São Paulo e Rio de Janeiro, chegava derretida devido ao calor. E o preço descrescia. E se tornava não rentavel. Leal estudando a banha americana que permanecia solida nos climas quentes, descobriu: era o tipo de estearina que elevava o ponto de fusão. E verificou que o sebo purificado do gado e fresco não provocava o cheiro do ranço da estearina. Isto deveria ser imediatamente colocado o sebo nas maquinas de preparo da banha. E a firma faliu. A faculdade de Pharmacia foi fundada logo em seguida, em 1896. Mas as aulas começaram em 1897. E imediatamente o Dr. Protasio do Alves, Alfredo Leal, Valença Appel e João Daudt Filho, juntaram forças e fundaram a Faculdade de Medicina e Pharmacia. Aconteceu em 25 de julho de 1898. As aulas iniciaram em 1899. Tendo como Diretor Protasio Alves e vice Alfredo Leal. E assim permaneceu por muitos anos o diretor era medico e o vice era farmaceutico. Funcionou bastante bem. Apesar da tragedia que aconteceu no inicio. Os professores e alunos aguardavam no ano de 1901 a remessa do Rio o decreto do Presidente reconhendo a nova Faculdade e equiparado-a a da Bahia e do Rio, criadas por D.João VI ao chegar no Brasil em 1808. Era a terceira do Brasil. Pinheiro Machado tinha sido acionado por professores e politicos e os alunos torciam pela influencia do deputado federal Dr. Rivadavia Correa. Os animos se exaltaram entre alunos e o diretor. Até que Alfredo Leal no exercicio de diretor escreveu no quadro que quem vai agradecer as autoridades federais o reconhecimento sera a Faculdade e os alunos presididos pelo diretor. Mas os alunos liderados por Mario Totta, Armando Severo e Fabio de Barros colocaram em votação as propostas. A maioria apoiou o deputado Rivadavia Correa, e sairam as ruas proclamando vitoria, e ofendendo o diretor e outros que queriam mandar agradecimentos ate ao Julio de Castilhos e Borges de Medeiros. Um dos mais exaltados pelo resultado da votação era o aluno Antonio Correa e Mello. E a Congregação proibiu a entrada do aluno Correa e Mello na Faculdade. Horas apos estes acontecimentos dentro da Faculdade na rua da Alegria 55 (hoje Gen . Vitorino). Os alunos desfilavam pela rua da Praia, e visualizaram na altura, onde hoje esta estabelecida as Americanas, caminhando o diretor Alfredo Leal. O aluno Correa e Mello atravessou a rua rapidamente e afrontou o diretor e lhe deu um tapa na face derrubando-o. Enquanto se levantava com o revolver na mão, Alfredo Leal foi novamente esbofeteado e aí disparou o revolver duas vezes no peito do rapaz. Foi um escandalo a maioria fugiu mas muitos mais afoitos que queriam agarrar o vice-diretor, aí chegaram pessoas conhecidas inclusive apareceu no fundo de um loja onde o vice se escondia o seu socio João Daudt Filho. Levou-o para o Palacio. Castilhos ao saber de tudo o que aconteceu, recolheu-o ao quartel da Brigada Militar na Praia de Belas. As exéquias do Correa e Mello foram solenes, compareceu o alunato e falaram os intelectuais: Alcides Maya, Alvaro Porto Alegre e Augusto Porto Alegre. Sarmento Leite e Olinto de Oliveira mandaram cartas explicando os fatos. Nunca consegui ler estas cartas. Leal foi submetido ao Tribunal do Juri em 7 de fevereiro de 1901. Foram seus advogados: Plinio Casado, Timotheo da Rosa, James Darcy e Germano Hasslocher. O presidente do Juri foi Andre da Rocha, e os jurados: Marcinio Jose de Mattos, Dyonisio Jonas de Magalhães, João Rist, Guilherme Jung, Manoel Moreira da Silva. O advogado de acusação foi o Dr. Andrade Neves, acusou o famoso Cel. Marcos de Andrade, de ter cabalado todos os jurados. Mas o reu foi absolvido. Os estudantes tentaram invadir o recinto do Jury mas foram afastados pela Brigada Militar. Relata João Daudt Filho que depois destes acontecimentos com Alfredo Leal, ele foi para Santos onde encontrou um medico amigo que o amparou. Ele comprou a Farmacia Colombo. E teve 11 farmacias e meteu-se num negocio de destilação de madeira para obter acido acetico e novamente faliu. Mas um dos seus empregados era o Candido Foutoura, que o levou para São Paulo, e Leal assoprou para o Fontourinha chamar o Monteiro Lobato para escrever os almanaques propagando os vermífugos, elaborados por Leal, Lobato ficou famoso com o Jeca-tatu. Foi diretor do Laboratorio Medicamenta e organizou outros laboratorios e faleceu em fevereiro de 1930. NicanorLetti http://antoniovalsalva.blogspot.com/

Armando Camara e Annes Dias

A dor limita a curiosidade; o nascer da interrogação preludia a morte da emoção. Não convivem, harmonicamente, dentro de um mesmo campo de conciencia, a atitude analitica do espirito e a vivencia emocional. Siderados os que aqui estamos, por uma grande dor, não a profanaremos, talvez, ensaiando a analise e a compreensão de um aspecto da personalidade do amigo que despareceu nas sombras da morte? Não sera a nossa, una curiosidade irreverente e frivola, delatora da carencia de um amor real, de uma emoção autentica? Não! Inteligencia que prescruta e interroga, memoria que evoca, imaginação que cria e associa, atenção que discerne e analisa, todas essas forças do espirito, em busca de compreensão, emergem de uma exigencia emocional, para imergir outra vez, no mundo calido do sentimento e da piedade. Toda essa evocação do amigo é uma parafrase, impotente porque humana, daquele apelo ao Senhor da Vida e da Morte, diante do tumulo do discipulo que amava: Lazaro -- vem para fora. Ensaiamos o gesto liturgico da ressureição, de uma ressureição em nos, no nosso mundo interior, daquele com quem desejariamos, agora, dialogar, sentir junto de nos a realidade total de sua presença luminosa e humana. Essa emoção traduz nossa melancolia, é um gemido de nossa saudade. Tememos que o tempo - unico e autentico coveiro - com a aluvião das experiencias que em nos deposita, enterre em nossa alma, a imagem viva de alguem que, ate ontem, marchava ao nosso lado, enchendo nosso caminho de luz e beleza. Sobre Annes Dias médico e amigo, ouvistes ja sujestivos depoimentos. Coube-me a evocação da humanidade de Annes Dias. Contempla-la é registrar, numa existencia humana, a solução integral cheia de acentos triunfais, de um problema que, erroneamente solvido, gera muito drama humano, individual e social, cria crises nas almas e nos povos: o da atualização harmonica e integral das virtualidades da nossa natureza, da efetivação plena da unidade humana. A vida de Annes Dias encerra uma esplendida sugestão a todas as almas que buscam a realização dessa unidade humana, que tentam, numa atmosfera de tragedia, esculpir em si mesmas uma forma ideal, que procuram a coonsonancia das vozes diversas, dos apelos em conflito, que se afirmam no seu mundo interior. E essas vozes. falando, muita vez, linguagem dissonante, esses apelos atraindo frequentemente, em direções opostas, geram muito angustia existencial, fazem o tecido de muita crise do mundo interior e do mundo social. Senhores! A historia é, sob determinado prisma, uma serie de ensaios, uma sucessão de tentativas de definição pelo homem de sua estranha situação, de sua misteriosa realidade. Dessa definição estão pendentes as soluções que damos aos graves problemas da vida. Microcosmos - o homem, en sua natureza complexa. sente em si a ebulição de multiplas tendencias que clamam satisfação. Perturbado por esses apelos, sentindo-se palco e arena de um estranho conflito de forças vitais, que tiranicamente, reclamam satisfação exclusiva ou predominante, ele compreende que todo seu drama radia na opção que deve realizar, entre essas solicitações que se combatem. E busca uma formula de conjugação entre essas polarizações em conflito. O segredo dessa formula se esconde na exata definição do homem - de ssua origem, de sua natureza e de sua suprema destinação. Ha dois mil anos, ecoam aos seus ouvidos as palavras dessa definição. Ele guarda , porem, o privilegio, como ser livre, de não ouvir essas palavras reveladoras do Verbo. Fora da ordem de graça e da caridade, das perspectivas cristãs do ser, fora dessa imagem eterna, conge do clima vitalizante do cristianismo, o homem continua sendo, ainda hoje, esse "ser desconhecido' como observou Alexis Carrel, ou esse "ser impotente", retratado, melancolicamente , por Charles Richet. E, no entanto, nelas estão o segredo da formula de realização da unidade humana, os criterios e as forças de efetivação harmonica do nosso ser, da satisfação hierarquica das exigencias totais da nossa natureza. A lucidez critica do espirito de Annes Dias, seu cristalino bom senso, sua argucia, sua vigorosa aptidão instrutiva e, ainda, a retidão natural de sua conciencia, a pureza moral de sua vida - levaram-no a ver na imagem cristã do homem, sua imagem eterna, a descobrir, na visão catolica da vida, a visão do proprio Criador, o ponto de vista de Deus sobre sua obra. E ele repetiu a opção dso seus grandes mestres - Miguel Couto, entre nos, de Pasteur, de Claude Bernard, em França. E se fez cristão. Essa opção decisiva e vital ofertou ao grande espirito de Annes Dias todos os elementos e recursos de realização plena da unidade de sua existencia, de efetivação integral de sua realidade humana. E foi radiosa, soberba essa realidade. Annes Dias foi um dos mais sugestivos exemplares de humanidade que conhecemos. Em sua vida impar, ele realizou o que o espirito generoso de um filosofo - historiador contemporraneo visiona para o homem uma Idade Nova: o humanismo integral. Annes Dias tratou o fato das exigencias totais da vida, com respeito e docilidade, com a escrupulosa consciencia cientifica, com que tratava os fenomenos, que observava como clinico, que registrava como cieentista e pesquisados. Esteve docil e atento diante de todos os dados e aspectos do problema humano,como acolhedor e compreensivo, diante dos fenomenos emotivos dos seus enfermos, afim de formular o verdadeiro diagnostico e aplicar a terapeutica adequada e eficaz. Sua alma abriu-se, abandonou-se à sedução dos mais puros apelos da vida. Ele viveu forte e profundamente o poema do lar, as belezas seenas e fecundas da vida familiar. Ele experimentou, e fez mutas almas esperimentarem, a pura e rara ssedução da amizade. Esteve nobremente atento as exigencias do Bem Comum da Nação. A fome da beleza que trabalha todo homem autentico afirmou-se fortemente na vida do ilustre cientista. Os que com ele privaram guardam impressões indeleveis das multiformes expressões do seu senso estetico, de ssuas aptidões literarias e de sua extrema informação artistica, da finura de sua sensibilidade, do refinamento de sua estesia. Os apelos da concienca, as exigencias da realização do Bem Moral atendeu-os Annes Dias,com uma austeridade cristã exemplar, que desconheceu farisaismos e que ignorou afetações catonianas. Ao valor "verdade", de modo particular, prestou um culto enternecido, total e continuo como homem e como cientista.Sua ciencia era autentica e total; ele soube humaniza-la. Desconheceu a especialização embobrecedora, o unilateralismo artificial e conprometedor da inteligencia esterelizante do coração."O sabio não investiga, apenas, pelo prazer de pesquizar; ele procura a verdade para possui-pa" disse Claude Bernard, no ultimo capitulo de sua "Introdução a Medicina Experimental". E, acrescentou:"o sabio não deve se deter no caminho, ele deve se elevar, sempre mais, e tender a perfeição.. É necessario impedir que o espirito, absorvido pelo conhecimento de sua ciencia especial, tenda ao repouso e a satisfação, e se arraste no terra-terra, perdendo a visão dos problemas que esperam solução".Negar esses problemas, não seria suprimi-los, seria, apenas, fechar os olhos, e crer que a luz não existe. Annes Dias, como Claude Bernard, não procurou, apenas verdades; aspirou com todas as forças de sua vigorosa inteligencia, a posse da verdade, buscou a perfeição. Ele ignorou ou melhor desprezou, como o grande Grasset, a quem tanto admirava, as mutilações da vida intelectual. os jejuns metafisicos e as posições anti-humanas do cientifismo. Tentou, continuamene, guardar os salutares contatos das verdades parciais da ciencia positiva e experimental, com as grandes verdades conquistadas pelo genio dos filosofos e purificadas pelas luzes da revelação. Ele havia lido em Pascal que o coração tem razões que a razão não conhece. Ele admirava o asserto magnifico de Ruy Barbosa:"o ideal é a mais concreta e positiva das realidades?"Para Annes Dias, o universo não era, apenas, uma retorta onde se realizam, eternamente, reações quimicas e fenomenos de mecanica; era, tambem, poesia e caridade. Ele sabia que a ciencia ilumina, mas que só o amor dilata, fecunda e imortaliza o ser. Para ele o Cosmos não era ,apenas, maquina que se examina e utiliza; era, tambem, paisagem que se contempla, espetaculo que se admira! O mundo não era, só, um laboratorio em que se investiga e estuda; era templo em que se adora, era lar, onde se ama. Ele pensava, como um eminente membro da Academia de Ciencias de França, que - "o sabio, que tenta remontar a cadeia das causas, se detem, quando sua ignorancia lhe adverte que atingiu a região serena, onde a oração se apresenta aos espiritos profundos, como a forma mais pura do pensamento humano". Essa foi a grande, talvez a maior lição que nos legou o luminoso espirito de Annes Dias, sobre um problema, que , erroneamente solvido, engendrou e cria, ainda, ara individuos e coletividades, para as almas e para as civilizações tantos sofrimentos e crises. Não radicará a razão de vivermos, tão unilateralmente, a nossa natureza total?. Os totalitarismos, que ameaçam o mundo, nao serão na realidade pseudo-totalitarismos? não serão eles, antes de tudo, expressão de unilateralismos? Nazistas, que só contam a realidade da raça e do sangue, e veem no mundo, apenas um quartel onde se prepara o saque; comunistas que postulam a realidade unica da matéria e das exigencias biologicas, e transformam a Terra numa fabrica - não serão essas duas expressões patologicas da cultura moderna manisfestação tragica de anti-humanismo mutilador das exigencias totais do ser humano? Sob esse aspecto, a vida de Annes Dias, tem valor deuma solução experimental de um transcedente problema psicologico e moral. E de uma experiencia positiva, plena de exito, das verdades do humanismo cristão. Senhores! Um reporter qualquer diria, traçando o necrologio de Annes Dias: a morte roubou ao Brasil um grande cientista. Retifiquemos essa filosofia de sala de redação: a Providencia enviou a cultura nacional, atraves da vida luminosa de Annes Dias, uma esplendida mensagem. Diante de determinadas correntes do pensamento nacional, correntes destituidas de sentido historico, extraviadas do leito das tradições ocidentais, latinas e cristãs, correntes de um pensamento negativista, esteril, destruidor, a existencia, esplendida de humanidade e de força criadora de Annes Dias, aí esta como uma confirmação sugestiva das verdades e valores que devem modelar todo homem, verdades e valores que o instinto de morte, de negação, do primarismo moderno agride e ameaça.A existencia plena de exito humano, desse invulgar homem de ciencia constitue um modelo cristalino de itinerario ideal para a evolução da inteligencia brasileira. Senhores! Agora o pesquisador de verdades contempla a Verdade....Agora o grande clinico, que tanto lutou contra a morte, pela conservação da vida de seus doentes, esta na posse da vida imortal....Narra Piere Termier, em sua biografia de Leon Bloy, que, visitando este inquieto e vigoroso pensador, na hora de sua agonia, encontrou-o todo absorvido numa contemplação, com sò seus grandes olhos cartesianos cheios de interrogações e expectativas.... Perguntou Termier: "Temor da morte,Leon? Não, --disse genialmente o grande critico e polemista, - curiosidade! O espirito de Annes Dias , que possuia tão viva percepção do misterio do ser, tão aguda conciencia do milagre permanente da vida, experimentou certamente, na hora extrema, como Leon Bloy, uma grave curiosidade diante do misterio, na iminencia do ser desvendado. Como Goethe, ao morrer, o amigo e mestre suplicou a Luz, quando as trevas da morte baixaram sobre seu espirito. E a Lux do Mundo, o Cristo que é Deus, que é "luz intelectual cheia de amor", revelou-se a esse espirito, nostalgico de Deus, a essa inteligencia sedenta de Verdade Absoluta, e, apos lhe ter doado uma vida esplendida de humanidade integral, eternizou-se em sua forma divina e imortal" Nicanor Letti - http://antoniovalsalva.blogsot.com/